Política

CRISE DE CONFIANÇA NO EXÉRCITO: CEL CID DESISTE DE COMANDAR BATALHÃO

Com Veja e Globo.com. informações
Tasso Franco , Salvador | 24/01/2023 às 18:50
Ten Cel Mauro Cid foi ajudante de ordens de Bolsonaro
Foto: Alan Santos PR
   A crise de confiança que atinge a relação entre o Palácio do Planalto e as Forças Armadas ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira, depois que o tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, ter desistido de comandar o 1º Batalhão de Ações e Comandos em Goiânia. 

Ele havia sido indicado ainda na gestão passada, mas tornou-se alvo de denúncias sobre transações suspeitas realizadas quando atuava no gabinete presidencial, supostamente em favor da família Bolsonaro. O caso é tido como o estopim da demissão, no último fim de semana, do agora ex-comandante do Exército Júlio César de Arruda. 

Formalmente, Cid apresentou um requerimento para adiar o assumir o comando do batalhão para se defender nas ações do qual é alvo de investigação. O pedido já foi deferido pelo Comando do Exército.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro assumiria o 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais, em fevereiro. Cid foi designado para o posto em maio do ano passado, após passar por um processo de seleção iniciado em setembro de 2021.

O Palácio do Planalto já havia indicado ao então comandante do Exército que esperava que a nomeação do ex-assessor de Bolsonaro fosse anulada, uma vez que Cid é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). General Arruda, porém, não fez a mudança, alegando que decisões administrativas do Exército cabia ao comandante.

Arruda acabou demitido no último sábado. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, justificou a troca no comando alegando que houve "fratura de confiança" na relação com o Exército.

O presidente Lula nunca digeriu o fato de Arruda ter sido contra a prisão imediata de golpistas que invadiram as sedes dos Poderes em 8 de janeiro e estavam alojados em um acampamento em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. O general alegava que havia mulheres e crianças no local que poderiam ser vítimas de um eventual confronto com a Polícia Militar. Essa postura irritou o presidente e ministros do governo, que passaram a pressionar o ministro da Defesa.

Além de Cid, outros dois militares ainda são vistos com reservas por interlocutores do Planalto. Um deles é o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, atual chefe do Comando Militar do Planalto (CMP). Aliados de Lula acreditam que ele pode ter sido leniente com os golpistas. Outro que gera desconfianças junto ao governo é o tenente-coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora, chefe do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), gravado discutindo com policias militares enquanto vândalos destruíam o Palácio do Planalto.