Economia

LOJA SAQUEADA NA CRACOLÂNCIA SP; DONO DIZ QUE VAI FECHAR E DEMITIR DEZ

COM G1
Da Redação , Salvador | 29/01/2024 às 17:34
Situação critica na Cracolância em SP
Foto: REP
   Dono da loja de eletrônicos que foi saqueada na manhã do último sábado (27), na região da Cracolândia, Centro de São Paulo, o comerciante José Carlos de Souza disse que não vai mais continuar com o negócio.

Revoltado com o que chama de “falta da ação do Poder Público” na região central para deter o avanço e violência dos usuários de drogas, Souza afirmou ao SP1, da TV Globo, que teve prejuízo de mais de R$ 300 mil com a ação dos dependentes químicos. Quase 100% dos produtos foram roubados, segundo o comerciante.

“A loja está sendo encerrada. A porta está fechada e não temos mais condições financeiras pra continuar. Me levaram mais de R$ 300 mil da loja. A gente já vem sofrendo, há vários anos, não é de agora... E o Poder Público promete e nada acontece. Estamos à mercê da nossa sorte”, declarou (veja vídeo acima).

José Carlos de Souza mostrou a loja saqueada para a equipe da TV Globo. O que se viu lá dentro, foram cenas de devastação: produtos quebrados no chão, prateleiras vazias destruídas e muita bagunça.

“Acabei de vir do hospital porque, imagina você, uma situação dessa. Já estávamos numa situação financeira complicada. Fechamos três lojas, agora mais uma. Acabei de vir do hospital porque a pressão[arterial] alterou. E talvez nossa maior revolta é com o Poder Público, que sabe o que está acontecendo, que é uma zona tomada pelos bandidos, mas não faz uma segurança, não faz o que deveria fazer”, declarou.

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“Fizeram isso em 5 minutos. [a polícia] Demorou uma hora ou mais [pra chegar]. E não tem uma viatura... Tivemos o caso de um vizinho que viu acontecer, chamou a guarda, a GCM. E disseram que é caso da PM, pra ligar pro 190. E nos deixaram sendo roubados, sendo saqueados. Levaram tudo da loja, não ficou um parafuso”, completou.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) informou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM), durante ação de patrulhamento na região na manhã deste domingo (28), encaminhou 4 pessoas portando objetos eletrônicos sem procedência, para o 2º Distrito Policial da região central.

Após 25 anos de trabalho na região da rua Santa Ifigênia, José Carlos de Souza afirmou que aos pontos tem visto a dilapidação do próprio patrimônio construído, em virtude da violência.

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“A primeira reação que a gente tem é de decepção, da impotência que estamos como comerciantes. Não é a primeira vez que acontece, tivemos outra loja já arrombada. Fechamos três lojas, estamos fechando mais uma. Nesse ritmo vamos acabar fechando as outras também. Não tem como continuar. Já demitimos mais de 30 funcionários e agora mais 10 vão ser demitidos quando fecharmos essa aqui também”, declarou.

Loja saqueada por usuários de drogas no último sábado (27) na região da Cracolândia, Centro de SP. — Foto: Abraão Cruz/Lucas Jozino/TV Globo
Loja saqueada por usuários de drogas no último sábado (27) na região da Cracolândia, Centro de SP. — Foto: Abraão Cruz/Lucas Jozino/TV Globo

Reação das autoridades

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse neste domingo (28) que vai colocar mais 500 guardas civis metropolitanos (GCMs) nas ruas do Centro da capital, após mais um episódio de saque à loja de eletrônicos na região conhecida como Cracolândia.

Segundo o prefeito de SP, a escalada da violência na região central preocupa as autoridades da cidade que, segundo ele, têm “trabalhado todos os dias para vencer esse problema gravíssimo”.

[É uma situação que] preocupa. Por isso que a gente ampliou bastante o número de GCM, eu ampliei a operação delegada, nós estamos da fazendo a instalação das câmeras, o Smart Sampa é um investimento de R$ 9 milhões e 600 mil por mês, com altíssima tecnologia. A gente tá fazendo a implementação do sistema. Nos próximos dias nós colocamos 500 GCMs na rua, mais 230 veículos normais, mas 280 veículos da Guarda Civil Metropolitana”, disse Ricardo Nunes.
“Todo esforço junto com o governo do estado, pra gente poder minimizar essa questão de segurança. A situação era bem pior, lá em 2015, 2016, depois do bolsa crack, foi para 4 mil usuários. Hoje tem entorno de mil e poucos, e a gente tem aberto pra vocês de forma transparente a contagem de todos os dias”, declarou.

O prefeito afirmou que está trabalhando com o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para diminuir a criminalidade na região e oferecer ajuda aos dependentes químicos da Cracolândia.

“A gente continua isso, ofertando tratamento para os dependentes, prendendo traficantes, reurbanizando, sem parar um dia. Todos os dias trabalhando pra vencer esse problema gravíssimo”, afirmou.