Prefeituras além dos shows em palco já estão usando trios elétricos nas ruas
Tasso Franco , Salvador |
24/06/2025 às 19:01
Em Serrinha, rua Bela Vista, 800 metros, com 3 fogueiras ontem
Foto: BJÁ
O São João na porta das casas com fogueiras à frente das residências, música com sanfoneiro e tocador de triângulo ainda existe, em Serrinha e outras cidades, mas está em extinção diante da profusão de shows gratuitos bancados pela Prefeitura e governos do estado e federal. E assim é em toda a Bahia junina um sepultamento das tradições dando lugar a shows, trios elétricos, eletrônicos, pagodões e musica de sofrência.
A tradição está abalada com os shows de sertanejos alienígenas ao forró e outros. O sanfoneiro está em baixa e o forró também. Pelo menos na Bahia onde predominam os sertanejos, os padres cantores românticos e os axezeiros. Há alguns protestos isolados como os de Del Feliz e do Leo Stakazero. E também do cantor Flávio José, o qual em entrevista ao Blog do Valente (Jacobina) disse que se sente usado por alguns prefeitos que contratam suas apresentações apenas para dizer que respeitam a tradição forrozeira.
Em Serrinha, ontem à noite, percorri algumas ruas que, em tempos idos, tinham 30/40 fogueiras acesas, soltavam-se fogos e balões, bebia-se licor e comia-se canjica e agora são apenas 3 a 5 fogueiras em cada rua (como se vê na foto na Rua da Bela Vista, 800 metros) e um sentimento de tristeza.
A porta de casa com fogueira e cachorro circulando no espaço é raro. O trio de forró contratado pela família é mais raro ainda. A cultura e a sociedade se movem sem freios e não tem como se conter essa avalanche de shows com cachês que atinge R$1.100.000,00 por apresentação de duas horas segundo dados do Portal de Transparência do MPBA.
Falam os prefeitos que os festejos movimentam as economias dos municípios. Anotamos aqui alguns exemplo: para cobrir um show de R$1 milhão pago a um artista são necessários 100 mil litros de amendoins cozidos vendidos; e para se pagar o show de um padre cantor que custa R$350 mil são necessários a venda de 14 mil litros de licores cada qual a R$25,00. O que, convenhamos, nenhuma cidade de médio porte na Bahia tem essa capacidade de produção e venda.