Cultura

SEMIÓLOGA BAIANA CONDECORADA COM ORDRE DES FRANCÓFONOS, EM QUEBEC

Em 2025, Licia também foi o tema central de Signos em Transe, uma fortuna crítica sobre a semiótica de Licia Soares de Souza, curadoria, organização e apresentação de Taurino Araújo.
TA , Salvador | 21/06/2025 às 19:07
Professora Emérita da Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
Foto: REP
A semióloga Lícia Soares de Souza foi condecorada com a medalha da Ordre des francofones des Amériques (Ordem dos Francófonos das Américas) concedida pelo Ministério da Língua Francesa de Québec.

Em 2025, Licia também foi o tema central de Signos em Transe, uma fortuna crítica sobre a semiótica de Licia Soares de Souza, curadoria, organização e apresentação de Taurino Araújo. A obra é considerada pelos especialistas o maior levantamento etnográfico e semiológico realizado na Bahia nos últimos 50 anos.

A Ordem dos Francófonos das Américas é uma distinção que reconhece os méritos daqueles que se dedicaram à expansão da língua francesa nas Américas. Anualmente, são nomeados sete recipiendários, sendo dois pelo Québec e cinco distribuídos entre as seguintes regiões: Ontário; Oeste canadense (Manitoba, Saskatchewan, Alberta, Colúmbia Britânica, Nunavut, Territórios do Noroeste e Yukon); Acádia e províncias atlânticas; Américas; e demais continentes. Lícia foi escolhida por sua atuação nas Américas.

Professora Emérita da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), professora associada da UQAM e da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no Brasil, bem como vice-presidente da Associação Internacional de Estudos Quebequenses (ABECAN) para a América Latina, Lícia Soares de Souza desenvolveu ao longo dos anos diversos campos de pesquisa em literatura quebequense e organizou com seu pares grandes congressos internacionais na UFBA e na UNEB, que contribuíram decisivamente para a nacionalização e internacionalização da Universidade do Estado da Bahia (UNEB),
Grande defensora do francês, divulgou o Stage de perfectionnement pour les professeurs de français langue étrangère da Université Laval e incentivou professores de francês do Brasil a nele se inscreverem, chegando mesmo a estimular a continuação dos estudos em nível superior.

Lícia Soares de Souza ofereceu mais de cinco edições de cursos em estudos quebequenses na UNEB e na UFBA, contribuindo assim para o prestígio do francês e da cultura quebequense nos territórios brasileiros, no coração da América lusófona. No campo do ensino, merece destaque seu empenho na criação do projeto Français pour le tourisme à Salvador. Inicialmente voltado às(os) estudantes da UNEB, esse programa foi rapidamente adotado pelas Secretarias de Turismo de diversas cidades como método oficial de aprendizagem do francês.

Além disso, a homenageada elaborou uma metodologia de “francês instrumental” destinada a candidatas(eos) a programas de pós-graduação nas universidades da Bahia. Em 2016, também idealizou o projeto Ateliers de langue française, em parceria com a Associação de Professores de Francês e a Alliance Française (Brasil). Seus textos fazem parte de currículos de pós-graduação no Brasil e são utilizados em programas da UQAM. Em 2020, foi laureada com o Prêmio de Poesia da Associação de Professores da Bahia, sob o tema “Le français dans ma vie”.

A consagração de 30 anos de carreira universitária dedicados ao estudo da cultura québécoise e à sua difusão no Brasil testemunha o compromisso da professora Lícia Soares de Souza com a projeção dessa cultura e do francês na América Latina e além. Seu ativismo em prol da língua francesa é ainda mais relevante em um contexto de crescente anglicização na região e de declínio gradual do interesse pelo aprendizado do francês.

Sua trajetória é retratada em perspectiva etnográfica e biográfica no projeto editorial de Signos em Transe capitaneado por Taurino Araújo e que contou com o apoio institucional do CNPq e da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), propõe uma leitura transdisciplinar da obra de Lícia Soares de Souza, doutora em Semiótica pela Université du Québec à Montréal, onde atualmente atua como professora associada. É professora fundadora da UNEB (onde é professora emérita) e colaboradora no Pro grama de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Ufba. 

Tem vasta produção acadêmica e literária em temas como semiótica da cultura, narrativas televisivas, fílmicas e literárias. Dentre suas obras destacam-se Introdução àsTeorias Semióticas (Vozes), Représentation et Idéologie (Balzac, Montreal) e Figures spatiales de Montréal (2019). Publicou em antologias poéticas em português, francês e alemão, além de romances. Em 2025, venceu o Prêmio Clarice Lispector com o romance distópico Quando as traças criaram asas.

Mais do que uma homenagem pessoal, Signos em Transe é descrito por especialistas como o maior levantamento etnográfico e semiológico realizado na Bahia nas últimas cinco décadas. A coletânea articula elementos biográficos e etnográficos, destacando não apenas a trajetória da homenageada, mas também os impactos institucionais, culturais e epistemológicos de sua atuação acadêmica em universidades como Uneb, Ufba, Uefs, Uesb, e instituições internacionais como Université du Québec à Montréal (UQAM), Université Laval, Universidade de Kassel e Universidade de Saarlandes.