Faltam recursos para uma atuação mais vigorosa do IPHAN e os governos sempre olham a cultura em terceiro plano
Tasso Franco , Salvador |
06/02/2025 às 17:53
A igreja da Misericórdia pertence a Santa Casa e está restaurada
Foto: BJÁ
O desabamento do teto da igreja de São Francisco no centro histórico de Salvador acendeu novamente o alerta para o descaso em que se encontra o patrimônio cultural e artístico dos monumentos existentes em Salvador. Várias igrejas inclusive estão fechadas porque não há segurança. No centro histórico, a de Senhor Bom Jesus dos Aflitos e de Nossa Senhora das Mercês são exemplos do que falamos e no Mosteiro de São Bento a biblioteca está fechada desde a pandemia da Covid e o Museu de Arte Sacra e igreja fechados recentemente.
Dois desses templos foram recentementes restaurados: a Catedral Basílica da Sé e a Igreja de NS da Conceição da Misericórdia (vida) cujo museu foi reaberto no mês passado com investimentos de R$11 milhões do Ministério da Justiça e da Prefeitura de Salvador. O Museu da Misericórdia pertence a Santa Casa que é uma instituição privada dirigida pelo provedor José Antonio Rodrigues e que tem mais de 50 mil colaboradores e administra, entre outros, o Hospital Santa Izabel (o maior da Bahia), a Pupileira (Cerimonial Rainha Leonor), o Campo Santo, faculdades e outros.
A preciosidade do barroco que se vê na foto começou sua construção em 1654, no mesmo local do antigo templo erguido por Thomé de Souza, uma vez que a Santa Casa da Misericórdia é a mais antiga instituição da Bahia e data de 1549. Suas obras foram custeadas pelo provedor Francisco Mendes do Sim e duraram muitos anos. A partir de 1722, foram realizadas obras de complementação e embelezamento.
Na Igreja da Misericórdia há presença de vários estilos: Barroco, rococó e neoclássico, que pode ser encontrados nos bens patrimoniais móveis e integrados. A Igreja foi palco dos sermões do padre Antônio Vieira e esteve fechada para restauração de 2001 a 2008 e recentemente. Considerada um marco da arte portuguesa na Bahia, a igreja foi tombada pelo IPHAN como parte integrante do conjunto arquitetônico Paço da Misericórdia.
Entre os elementos artísticos presentes na Igreja, podemos citar: Altar mor em estilo rococó; Imaginária barroca, com as imagens de Nossa Senhora da Conceição, Santa Luzia, Santana Mestra, Santo Antônio, Santos Cosme e Damião e anjos tocheiros; Painéis de azulejos portugueses, retratando a Procissão do Fogaréu e a Procissão dos Ossos, além de figuras de convite ou de guarda, datados do século XVIII;
Pinturas em óleo sobre tela de autoria de José Joaquim da Rocha, retratando passagens da vida de Nossa Senhora: o casamento de Maria e José, a Anunciação, a Apresentação de Jesus e a Assunção de Maria, datadas do século XVIII.
Crucificados em marfim e prata, século XIX; Altares laterais que refletem a reforma neoclássica, assim como, cadeiral.
Para visitar o Museu incluindo a igreja e outras partes do prédio paga-se R$30,00 adulto e meia R$15,00.
Lá é possivel compar o livro Santa Casa de Misericórdia da Bahia, Quando Palavra é Ação - 475 Anos de Memórias”. Com textos de Antonio Risério e fotografias incríveis de Fábio Knoll.