Cultura

PROJETO MUSEALIZANDO PROMOVE RODAS DE CONVERSA SOBRE A FESTA DO LIXO

Programação reúne artistas, pesquisadores e líderes comunitários em bate-papo e interações artísticas sobre legado de manifestações culturais em comunidades de Salvador.
Gi Santana , Salvador | 04/02/2025 às 19:20
Casa do Museu Popular da Bahia
Foto: Divulgação

O Projeto Musealizando, iniciativa do Grupo de Arte Popular A Pombagem (@apombagem), dá início à terceira fase de suas ações culturais com um ciclo de rodas de conversa, que acontece de 9 de fevereiro a 2 de março, sempre às 14h. O projeto busca resgatar a memória da Festa do Lixo, manifestação cultural que ocorreu entre 1975 e 1985 na Fazenda Grande do Retiro, em Salvador, abordando seu impacto social, político e artístico. 


A programação acontece na Casa do Museu Popular da Bahia e tem como objetivo requalificar o acervo do espaço e promover um processo de musealização que valoriza não apenas objetos, mas também práticas, histórias e memórias do território. A Festa do Lixo, tema central das discussões, nasceu como um ato de resistência da comunidade, reivindicando melhores condições de vida por meio da arte e da mobilização social. De acordo com a idealizadora do projeto, a arte-educadora Janete Brito, o propósito é valorizar a memória dessa ação de resistência e suas conexões com as questões ecológicas e políticas da época.


As rodas de conversa reúnem convidados que vivenciaram essa e outras importantes manifestações culturais em comunidades de Salvador, como o Samba Junino e a Capoeira Angola. Entre os participantes estão artistas, pesquisadores e líderes comunitários, reunidos em um espaço de troca de experiências e aprendizados, trazendo reflexões sobre seu legado e influências na história da cultura popular baiana. 


Entre os convidados estão Laurinha Arantes, ex-cantora da Banda Cheiro de Amor, primeira mulher a comandar um bloco de trio no Carnaval de Salvador e primeira Rainha do Lixo; o advogado Waldemar Oliveira e o sociólogo Ailton Ferreira, ambos integrantes da Festa do Lixo; Sacramento Pereira, líder comunitário e fundador do Grupo Cultural Prego Duro, Mestre Virgílio, referência na Capoeira Angola da Tradição de Espinho Remoso; da historiadora Ana Paula Santos e do Grupo Experimental de Arte da Fazenda Grande


Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar no 195, de 8 de julho de 2022.


Sobre a Festa do Lixo


A Festa do Lixo é uma manifestação cultural que ocorreu entre 1975 e 1985 no bairro de Fazenda Grande do Retiro, em Salvador. Uma importante tradição popular, que lutava pelos direitos à saúde, saneamento básico e um ambiente saudável, por meio de expressões artísticas como teatro de rua, cordel e samba junino.


A Festa do Lixo nasceu como um protesto que reunia moradores da Fazenda Grande do Retiro para recolher lixo das ruas e, em um gesto simbólico de resistência, abandoná-lo diante da Imprensa Oficial do Estado da Bahia, sempre no dia 2 de julho, data da Independência da Bahia. Além da pauta ambiental, a festa também era um espaço de protesto político, com poesias e manifestações contra a ditadura civil militar.


Serviço


De 9 de fevereiro a 2 de março, a partir das 14h

Casa do Museu Popular da Bahia

Acompanhe em: @apombagem

Programação:

  •         9 de fevereiro: A primeira Rainha do Lixo e ex-cantora da Banda Cheiro de Amor, Laurinha Arantes, compartilha suas memórias ao lado do advogado Waldemar Oliveira e do sociólogo Ailton Ferreira, ambos integrantes da Festa do Lixo e participação da historiadora Ana Paula Santos.

 

  •         16 de fevereiro: O Grupo Experimental de Arte da Fazenda Grande (GEAFAGRA) realiza uma leitura dramática de uma peça originalmente encenada durante a Festa do Lixo, reavivando a força do teatro de rua na comunidade.

 

  •         23 de fevereiro: Sacramento Pereira, líder comunitário e fundador do Grupo Cultural Prego Duro, discute a tradição dos arrastões musicais do Samba Junino, resgatando a musicalidade e o espírito festivo da época.

 

  •         2 de março: O encerramento do ciclo será com Mestre Virgílio, referência na Capoeira Angola da Tradição de Espinho Remoso, abordando as influências da capoeira na resistência cultural da comunidade.