Cultura

PROFESSOR FELICIO LANÇA LIVRO SOBRE LINGUA PORTUGUESA, DIA 25, FACED

Acontece dia 25 de outubro na FACEB, Livraria da UFBA, Canela
Tasso Franco ,  Salvador | 13/10/2023 às 17:25
Lançamento de livro
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   O professor de Língua Portuguesa e de Literatura Brasileira em escolas públicas e privadas de Salvador e professor de Metodologia e Prática de Ensino de Língua Portuguesa I e II, na Faculdade de Educação da UFBA, José Felício de Oliveira  (também conhecido por Professor Felício) lançará este mês mais uma obra em que esmiúça com clareza a língua portuguesa, explicando sobre as relações estabelecidas entre duas ou mais palavras, seja no campo da coordenação ou da subordinação das orações, que permitem a expressão do pensamento através da linguagem. 

Em “O processo de coordenação e de subordinação da língua portuguesa: paralelismo de construção e hierarquização do pensamento”, o autor desperta o gosto pela gramática ao levar o leitor a uma fácil compreensão das relações semânticas e sintáticas criadas entre as diferentes classes de palavras, desprezando por conseguinte o recurso da memorização, que é bastante usual entre os alunos. O lançamento da obra acontece no dia 25 de outubro, na Biblioteca da Faculdade de Educação da UFBA, no Vale do Canela (Av. Reitor Miguel Calmon), em Salvador.

Baiano de Cícero Dantas, formado em Letras Clássicas: Português e Latim, o professor Felício tem 81 anos e é autor da “Gramática do conceito e da relação”, livro publicado pela EDUFBA, em 2019, além do “Curso prático de redação e gramática”, elaborado em 1997, em parceria com Lúcia Gáspari, Lúcia Cardoso, Virgínia Sampaio e Juvenal Serra. Ainda no domínio da língua portuguesa, prepara “Desafios da linguagem”, livro que está em fase final de produção, previsto para ser lançado em 2024. Também é de sua autoria “Contravento” (crônicas), publicado em 1978.

O professor Felício compôs também os cordéis “Ziza, a professorinha” (história de uma saudade), “Não mate a vaca p’ra dar fim ao carrapato” (sobre a educação brasileira), “Papai Noel nordestino” (sobre a desfiguração do velhinho ao chegar ao Brasil), “Brasil verso e reverso ou Brasil de popa a proa” (sátira sobre a vida do brasileiro), “Trocados e trocadilhos: filosofias do contraditório” (um jogo de palavras que mostra as contradições do brasileiro), “O rico e o pobre”, “Sorte fugiu de mim”, entre tantos outros. Nenhum deles ainda foi publicado, apesar de alguns deles terem sido escritos no final do século passado.
  
Leia abaixo uma breve apreciação sobre “O processo de coordenação e de subordinação da língua portuguesa: paralelismo de construção e hierarquização do pensamento”, escrita pelo autor:

“Trata-se de um livro que foge ao imediatismo do aprendizado por memorização, ou da apreensão do conhecimento através do que já está pronto (o prêt-à-porter), mas de como as relações se estabelecem dentro da linguagem. Essas relações independentes e paralelas são mostradas de forma muita clara, no campo da coordenação, em que as ideias se somam, se opõem, se alternam, se concluem e se explicam num sequencial ou num encadeamento de sucessão,

 enquanto as relações dependentes se hierarquizam a partir de um eixo condutor que vai estabelecer a função de cada uma delas como substantiva (e todas as funções que o substantivo ocupa dentro do processo estrutural de linguagem), como adjetiva (e as funções que o adjetivo ocupa, idem) e como adverbiais (e todas as funções circunstanciais que o advérbio ocupa no eixo de sua hierarquização). No caso da subordinação, não importa a forma com que apareçam: sejam elas desenvolvidas, reduzidas, sejam elas na voz ativa, passiva).

Como se vê, não é um trabalho para a memorização, mas de compreensão de um processo que se desdobra em outras possibilidades de construção, sempre premido pelo campo semântico que essas relações exercem dentro do contexto, daí as flutuações desses elementos passando de uma classe para outra.

O livro apresenta, após todo o aparato criado para essas distinções, um farto exercício de fixação de todo o processo, seguido de respostas explicativas para cada exemplo, sempre no encalço da compreensão ajustada a cada caso, para aproximar todo aquele que quer se assenhorear do processo e fazê-lo fugir do  simples “decorar”, que não leva ninguém a qualquer aprendizado que mereça ter esse nome. 

Toda a linha de trabalho deste livro toma como base a relação que se estabelece entre duas ou mais palavras. Com duas palavras já se estabelece uma relação sintática entre elas. Quando digo “casa de farinha”, entre casa e farinha estabeleci uma relação de subordinação entre elas, ou seja, uma relação de finalidade: a casa serve para fazer farinha. Se digo  “Juca promete e não cumpre”, estabeleci uma relação de soma oposta entre duas informações: promete +`não cumpre. É uma relação coordenativa adversativa, e não aditiva, porque elas se opõem. Mas se digo “Seus olhos estão vermelhos porque você chorou”, estabeleci uma relação de hierarquização, em que a causa se antecede à consequência (o choro gera as lágrimas, é uma relação subordinativa de causa). E assim segue:  em “Prometi que você aprenderia sintaxe facilmente” e “O velhinho que distribui presentes chegou”, vê-se que, no primeiro exemplo, a oração encabeçada por “que” é função complementar da anterior; no segundo exemplo, o ”que distribui” é uma função restritiva a velhinho, é como se dissesse “O velhinho distribuidor de presentes chegou”. E assim é trabalhado todo o processo de coordenação e de subordinação da nossa língua, mediante exemplos esclarecedores e firmados no domínio da sua construção. 

Entender acima de tudo, e nunca “decorar”. Isso é feito no campo da coordenação, que é um processo de sequenciar informações independentes, quer no campo em que o ordem de sequenciamento da estrutura é aleatório (catataxe), quer no campo em que a ordem é obrigatória (parataxe), como também no da subordinação, em que a hierarquização se estabelece num fluxo de dependência, em que uma oração assume a função de agregadora de outra ou de outras da qual depende ou dependem como função dela.

Não resta dúvida de que se trata de um livro para quem deseja mesmo aprender o processo e não quer se enganar apenas com a memorização.”

Sobre sua obra anterior, “Gramática do conceito e da relação”, José Felício de Oliveira comenta:
“Nesse trabalho, propôs-se juntar as 10 classes gramaticais em apenas duas: conceito e relação. Ninguém pode construir sintaxe sem relação e, por isso, a exemplo do jornalista-educador Gianni Rodari, criei um binômio lógico ou sintático para trabalhar as relações que se estabelecem na língua portuguesa, assim como criou Rodari o seu binômio fantástico para que as crianças pudessem criar eixos de ligarão entre termos de campos semânticos bem diferentes (que não revelassem, aparentemente, nenhuma relação de proximidade entre seus conceitos.  A partir dessa visão, construímos inúmeras possibilidades de relação no campo das conexões intervocabular e  interoracional de que se compõem a nossa língua.”

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Informações para Roteiro:
O quê:   Lançamento do livro “O processo de coordenação e de subordinação da língua portuguesa: paralelismo de construção e hierarquização do pensamento”, de José Felício de Oliveira.
Quando:    dia 25 de outubro de 2023, às 17 horas.
Onde:  Biblioteca da Faculdade de Educação da UFBA, na Avenida Reitor Miguel Calmon, Vale do Canela, Salvador.