Tombado como patrimônio cultural da Bahia e restaurado pelo Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), da secretaria estadual de Cultura (SecultBA), o Forte de Santo Antônio Além do Carmo sedia academias e se tornou referência da capoeira na Bahia, com visitantes periódicos de países distantes entre si como Japão, Turquia, Alemanha, Irã, Inglaterra, Estados Unidos e México, entre outros.
Hoje, 9, mais uma comemoração da capoeira será sediada no forte. Trata-se do 1º Seminário No Ventre a Capoeira, que é aberto ao público e começa a partir das 15h.
O evento começou em 19 de fevereiro deste ano, objetivou fortalecer a participação das mulheres na capoeira e contou com oficinas e encontros na programação. O Mestre Pastinha, considerado maior propagador da capoeira angola no Brasil, também foi homenageado, assim como, o seu discípulo, mestre João Pequeno de Pastinha. Serão lembradas mulheres de relevância no contexto político e sócio-cultural da Bahia, comenta Cristiane Nani, da organização do encontro.
Também administrado pelo IPAC o Forte de Santo Antônio reúne atividades sempre ligadas à capoeira. A edificação fica no mesmo lugar da trincheira Baluarte de Santiago, construída em 1627, após a expulsão dos holandeses que invadiram Salvador nessa época, diz o gerente de Patrimônio do IPAC, Raul Chagas. Na década de 1950 foi transformado em prisão desativada em 1976, e no regime militar abrigou presos políticos. Informações sobre o seminário através dos telefones (71) 9925-5830, 8312-5869, 9635-5433 e 8833-1469, ou [email protected] e[email protected]. Sobre o forte, no blog http://fortesantoantonio.blogspot.com/.
Mulheres homenageadas:
Programação:
HISTÓRICO opcional: MESTRE PASTINHA - Vicente Joaquim Ferreira (1889 1981) chamado de Pastinha foi um dos mais reconhecidos mestres de capoeira do Brasil. Em depoimento ao Museu da Imagem e do Som em 1967, o mestre contou que "um velho africano assistindo a briga de rua da qual eu participava e apanhava e me convidou para me ensinar a capoeira. Depois de anos de dedicação os conceitos de Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do método de ensino e a prática do jogo enquanto expressão artística formaram a escola que privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em criatividade. Em 1941, fundou a primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho. Em 1966, integrou a comitiva brasileira ao primeiro Festival Mundial de Arte Negra no Senegal e em 1965 publicou o livro Capoeira Angola, em que defendia a natureza desportista e não-violenta do jogo. Pastinha enfatizou o lado lúdico e artístico da capoeira, destacando os treinos de cantos e toques de instrumentos. Também buscou na tradição conceitos centrais, como a malícia e a ilusão do adversário sempre que possível, para evitar movimentos mecânicos e previsíveis. Para ele, a capoeira era um esporte, uma luta, mas também uma reza, lamento, brincadeira, dança, vadiagem e um momento de comunhão.