Sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor - grito da torcida no PAN/Rio
O governo adotou a estratégia de só se pronunciar à Nação, políticamente, depois que os ânimos estejam acalmados em relação a tragédia com o avião da TAM e indicadores apontem que houve um acidente, independente da crise aérea que se instalou nos aeroportos do país há 10 meses, logo após o acidente com o avião da Gol.
Mas, obviamente, que qualquer fala do presidente Lula da Silva aos brasileiros, a opinião pública não dissociará o último acidente da crise do apagão num novelo interminável de sensações envolvendo impunidade, inépcia, fracasso da gestão governamental e perda da esperança.
Aliás, no dia do acidente, esse foi o clima que se disseminou em Porto Alegre, cidade donde partiu o avião da TAM. A companhia em vez que prestar informações aos desesperados familiares das vítimas, dar apoio a essas pessoas, se omitiu, se mostrou despreparada tal como aconteceu durante o caos do apagão e chamou a Polícia.
Filme já visto e revisto por milhares de brasileiros nas filas dos check-ins, pessoas dormindo no chão, ministros debochando dos passageiros reclamando de salários e pedindo para gozar e relaxar, total desodem, rebeliões de controladores de vôos e pouca ação efetiva do governo.
A velha palavra de ordem após essa tragédia anunciada com o avião da TAM é apuração. Ou para se usar uma expressão bem ao gosto das autoridades brasileiras: investigação rigorosa para punir os culpados.
Acontece que, nenhum brasileiro com a mínima consciência, acredita nessas afirmativas.
O tempo vai passar, os advogados da empresa e da Infraero entrarão em cena, o governo contemporizará mais uma vez daqui e dacolá em relação a gestão pública nos aeroportos, protestos serão feitos pelos familiares das vítimas e a esperança de que o Brasil, um dia, adote a postura de respeito aos seus cidadãos vai para as calendas.
Evidente que, de caju em caju, de indignação e indignação, de vaia em vaia, a blindagem do presidente Lula vai trincando e ainda que se mantenha popular como se encontra nos dias atuais (64% de aprovação) poderá se tornar prisioneiro da redoma de vidro do Palácio do Planalto, longe das multidões, distante da classe média, tal como aconteceu na abertura do PAN Rio e também na sua última visita à Salvador, optando pela porta alternativa do TCA.
Seria, assim, um presidente dos pobres e oprimidos, do bolsa família, da economia em ascensão, dos feitos gloriosos, sem considerar que a esperança que tanto defendeu na última campanha, a esperança da dignidade, da valorização do ser humano, do brasileiro, seja levada em consideração.
No PAN, as platéias têm cantado o refrão que marca o sentimento nacional, de "ser brasileiro com muito orgulho e com muito amor".
Então, senhor presidente, está na hora de afirmação da República, do povo como Nação.