Política
Tasso Franco
18/07/2007 às  20:54

O VÔO DA MORTE E A CONFIANÇA NO PRESIDENTE

Sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor - grito da torcida no PAN/Rio


   O governo adotou a estratégia de só se pronunciar à Nação, políticamente, depois que os ânimos estejam acalmados em relação a tragédia com o avião da TAM e indicadores apontem que houve um acidente, independente da crise aérea que se instalou nos aeroportos do país há 10 meses, logo após o acidente com o avião da Gol.

   Mas, obviamente, que qualquer fala do presidente Lula da Silva aos brasileiros, a opinião pública não dissociará o último acidente da crise do apagão num novelo interminável de sensações envolvendo impunidade, inépcia, fracasso da gestão governamental e perda da esperança.

   Aliás, no dia do acidente, esse foi o clima que se disseminou em Porto Alegre, cidade donde partiu o avião da TAM. A companhia em vez que prestar informações aos desesperados familiares das vítimas, dar apoio a essas pessoas, se omitiu, se mostrou despreparada tal como aconteceu durante o caos do apagão e chamou a Polícia.

   Filme já visto e revisto por milhares de brasileiros nas filas dos check-ins, pessoas dormindo no chão, ministros debochando dos passageiros reclamando de salários e pedindo para gozar e relaxar, total desodem, rebeliões de controladores de vôos e pouca ação efetiva do governo.

   A velha palavra de ordem após essa tragédia anunciada com o avião da TAM é apuração. Ou para se usar uma expressão bem ao gosto das autoridades brasileiras: investigação rigorosa para punir os culpados. 

   Acontece que, nenhum brasileiro com a mínima consciência, acredita nessas afirmativas.

   O tempo vai passar, os advogados da empresa e da Infraero entrarão em cena, o governo contemporizará mais uma vez daqui e dacolá em relação a gestão pública nos aeroportos, protestos serão feitos pelos familiares das vítimas e a esperança de que o Brasil, um dia, adote a postura de respeito aos seus cidadãos vai para as calendas.

   Evidente que, de caju em caju, de indignação e indignação, de vaia em vaia, a blindagem do presidente Lula vai trincando e ainda que se mantenha popular como se encontra nos dias atuais (64% de aprovação) poderá se tornar prisioneiro da redoma de vidro do Palácio do Planalto, longe das multidões, distante da classe média, tal como aconteceu na abertura do PAN Rio e também na sua última visita à Salvador, optando pela porta alternativa do TCA.

   Seria, assim, um presidente dos pobres e oprimidos, do bolsa família, da economia em ascensão, dos feitos gloriosos, sem considerar que a esperança que tanto defendeu na última campanha, a esperança da dignidade, da valorização do ser humano, do brasileiro, seja levada em consideração.

   No PAN, as platéias têm cantado o refrão que marca o sentimento nacional, de "ser brasileiro com muito orgulho e com muito amor". 

   Então, senhor presidente, está na hora de afirmação da República, do povo como Nação.


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