Neste sábado,13 de fevereiro, todos os caminhos levam ao Curuzu, no coração da Liberdade. Lá acontece a tradicional saída do primeiro bloco afro da Bahia, o Ilê Aiyê, que está comemorando 36 anos neste Carnaval. Reconhecido como um dos principais agentes no resgate da auto-estima e elevação da consciência da população negra da Bahia, o "pérola negra" desfila este ano com o tema "Pernambuco, uma nação africana", resgatando a origem afro de algumas das principais manifestações culturais pernambucanas.
A saída do Ilê Aiyê é especial por diversos motivos. Um deles é porque inclui o ritual de celebração criado por Mãe Hilda dos Santos, que por anos comandou o Terreiro de Candomblé Ilê Axé Jitolu, onde o Ilê nasceu. Com a sua morte, ocorrida em setembro de 2009, o clima ainda é de pesar, mas o bloco, até por respeito à matriarca, manterá todos os tradicionais ritos da saída no Curuzu, baseados em fundamentos e princípios do Candomblé. Representantes da casa, entre eles os irmãos Vovô (presidente do Ilê Aiyê), Vivaldo e Dete, comandarão a cerimônia, que envolve a soltura de pombas brancas.
Para os associados, adeptos e turistas do Brasil e exterior, a saída do Ilê Aiyê é um momento de rara beleza no carnaval de Salvador. A concentração, sempre prestigiada por artistas e personalidades, está marcada para as 20h do sábado, na Ladeira do Curuzu. Em seguida, o Ilê desfila pelas ruas da Liberdade, bairro onde vive a maior população negra do país, com cerca de 600 mil habitantes. Depois, vai para o centro da cidade, saindo do Campo Grande até a Praça da Piedade.
Este ano, "o mais belo dos belos" traz como tema "Pernambuco, uma nação africana", reverenciando manifestações como o maracatu, o caboclinhos, a ciranda, entre outras, todas originárias do continente africano e trazidas ao Brasil pelos escravos. Para reforçar a temática, cerca de 50 integrantes do maracatu Nação Porto Rico, um dos mais tradicionais de Pernambuco, estarão nas ruas junto com o Ilê, promovendo a fusão entre as culturas baiana e pernambucana.
Além do tema, das músicas e de sua própria história no Carnaval baiano, um outro destaque do Ilê Aiyê é a sua Deusa do Ébano. Este ano, desfila como rainha do bloco a estudante Gisele Souza Santos, 22 anos, eleita durante a 31ª edição da Noite da Beleza Negra, realizada na Senzala do Barro Preto, no Curuzu (Liberdade). Para vencer, Gisele derrotou mais de 50 candidatas e, na segunda etapa do concurso, um total de 14 finalistas.
Ilê Aiyê na rua
Sábado - dia 13 de fevereiro, das 20h às 22h, concentração na Rua do Curuzu, com ritual de celebração. Em seguida, o bloco desfila pelas ruas da Liberdade até o largo do Plano Inclinado. Depois, o desfile é retomado no Campo Grande, a partir das 2h (madrugada de domingo), saindo pela Avenida Sete até a Piedade.
2ª feira - dia 15 de fevereiro, 18h, concentração na Rua Araújo Pinho (Canela) para o desfile previsto a partir das 19h no circuito Osmar (Campo Grande), descendo a Avenida Sete até a Praça Castro Alves, retornando pela Rua Carlos Gomes até os Aflitos.
3ª feira - dia 16 de fevereiro, às 18h, concentração na Rua Chile. O cortejo começa na Rua Chile, passando pela Praça Castro Alves, seguindo pela Rua Carlos Gomes e retornando para a Avenida Sete na altura da Casa de Itália.