Aqui estão dois exemplos de consciência cultural.

   O Fred Dantas tem construido um trabalho magnífico ao longo de muitos anos, nem sempre com o devido reconhecimento, talvez por nao se dobrar as "leis do mercado".

   Suas metas estão a anos-luz acima da atual decadência musical da Bahia. Melhor não citar nomes, a lista seria interminavel.

   Outro exemplo digno de respeito e carinho é o bloco de psicóticos que sai do Sanatório São Paulo, na Ladeira do Aquidabã, e percorre as ruas do bairro de Santo Antônio.

   Nunca deixo de assistir e sempre me emociono.

   Estes são nossos verdadeiros herois.

Dimitri Ganzelevitch
Presidente da Associaçao Cultural Viva Salvador


Fred Dantas - Programação para o Carnaval 2009

Meus Caros Amigos

Vejo no Carnaval 2009 uma excelente oportunidade para os que acompanham os trabalhos por mim realizados teren um encontro ao vivo em situação de folia.
A programação da Oficina de Frevos e Dobrados, como já vem fazendo há alguns anos, contempla inicialmente um certo trecho do bairro que nos hospeda. Antes de mergulharmos definitivamente na diversidade do Carnaval do Pelourinho, vamos desfilar um pouco para os nossos amigos e hóspedes das diversas pousadas e hotéis do Santo Antônio além do Carmo.

Em seguida percorreremos as ruas do Pelô com um repertório que além das tradicionais marchinhas inclui ainda o afro reggae, o ijexá, ritmos andinos e frevos compostos pelos jovens participantes do Curso para Mestres de Filarmônicas.

É sempre bom lembrar que a Oficina, embora cumprindo o serviço de uma banda carnavalesca, vai às ruas há 27 anos com instrumentos e arranjos próprios de uma filarmônica, ou seja, nossa música inclui o canto, contracanto, centro e harmonia. E entre os instrumentos, além dos trompetes, sax e trombones, fazemos questão de usar as flautas, clarinetas, trompas, bombardino e tuba, os instrumentos que caracterizam a filarmônica e sua tradição.

O que a filarmônica acrescenta ao Carnaval do Pelourinho? Diversidade, ajudando a fazer a riqueza de diferença e tranqüilidade em relação ao carnaval dos circuitos de trios.

Nossas saídas serão:
Oficina de Frevos e Dobrados
Sexta feira 21 hs da Rua do Passo, no Carmo
Terça feira 21 hs da Rua do Passo, no Carmo
Também informo aos caros amigos que a Orquestra Fred Dantas terá quatro shows no Carnaval, para os quais também convido:
Orquestra
Sexta feira 20 hs na Praça Municipal
Domingo 20 hs na Praça Municipal
Segunda 00 hs às 2:00 na Praça Pedro Archanjo
Terça 18 hs na Praça Municipal

Atenciosamente
Fred Dantas

Anexo: texto de Giancarlo sobre o desfile da Oficina com os pacientes do Sanatório S. Paulo:

DANÇANDO COM LOUCOS

Literalmente.
Numa manhã de quinta...  12/2/09.
Se eu tenho um professor que me recebeu, me acolheu e me orienta, sinto-me na obrigação de acompanhá-lo em tudo que eu puder. Assim, fui parar na porta do Sanatório São Paulo.
"Imagine só, o que é isso agora? Desfile de carnaval com os malucos?", pensava eu, "e isso acrescenta algo à situação deles?!?"
Sim, acrescenta ,e muito!

Às 10 horas, sol escaldante, sai o bloco, cheio de placas e cartazes contra o preconceito. Mas não eram cartazes daqueles indignados, de militância furiosa. Eram cartazes de um apelo gentil e pungente, que diziam "somos gente!"

Dentro da corda, os loucos. Dentro da mesma corda, a banda, heróica banda. Ainda dentro da corda,  eu. Estava lá para observar a regência. Sem tocar nada, coube a mim dançar com os loucos, Deus quis assim, e eu não resisti.

Sim, somos todos gente, dançando como dançam os vaishnavas ("Hare Krishnas"), celebrando o Nome de Deus e o milagre da Vida. Porque Deus é a própria Vida. Dentro daquele pequeno universo dentro da corda, todos iguais... O milagre da Vida é o milagre do Amor. Amar ao próximo como a ti mesmo, isso é Amor. Por um momento,  saímos todos de nossas dores e momentos amargos, com muito picolé e geladinho sob o sol implacável;  no meu caso,  tudo muito melecado com protetor solar fator 50.

Que loucura é essa que chamamos de "razão"? Qual o limite entre a doença e a sanidade? E o que, nessa vida, não é apenas uma condição transitória? Porque precisamos de cordas? Sim, as nossas cordas, não a dos loucos, pelo menos a deles a gente pensa saber o porquê. Um dia acordaremos do pesadelo e estaremos então dentro da mesma corda, cantando e dançando o milagre da Vida.

A impermanência da vida deveria nos ensinar a amarmo-nos um pouco mais.
Gratificante experiência que me levou a emoções verdadeiras e reflexões profundas.
O momento pitoresco foi o carnaval dos loucos ao som de "Papai Noel"!
Dançando com loucos.
Sou louco? "Mais louco é quem me diz e não é feliz"!