O trabalho é o início de um projeto que terá continuidade com 14 oficinas de grafite, que serão realizadas em escolas estaduais, na capital baiana.
Da Redação , Salvador |
02/07/2017 às 13:24
Rildo Foge
Foto: Paula Fróes
Aos poucos, o cinza do concreto vai sendo tomado pela tinta branca. É a preparação do espaço onde vão brotar outras cores, linhas retas, curvas, sombras e luzes em forma de grafite. A obra de arte da equipe do artista plástico ilheense Rildo Foge está sendo pincelada em uma parede de 67 metros de comprimento por sete de altura, às margens da BR-324, próximo à Estação Pirajá do Metrô de Salvador.
A ilustração vai retratar para os milhares de motoristas e passageiros que passam diariamente pelo local a evolução dos meios de transporte. O trabalho é o início de um projeto que terá continuidade com 14 oficinas de grafite, que serão realizadas em escolas estaduais, na capital baiana.
Há 18 anos, Rildo Foge dá vida a superfícies onde as pessoas costumam ver apenas paredes. Com o projeto, ele junta o útil ao necessário. “Não é fácil sobreviver da arte de rua. Agora apareceu essa oportunidade do Governo do Estado de apoiar a gente. O trabalho vai mostrar a evolução dos transportes. As pessoas vão reconhecer como se descolocavam no passado, como era um burro puxando uma carroça, até chegar ao metrô, uma evolução tão grande e que agora vai ser ilustrada e embelezar essa parede”.
A pintura do mural foi iniciada na terça-feira (27) e deve durar um mês. No trabalho serão representados figuras como o Elevador Lacerda e os bondes que circularam por mais de 50 anos por diferentes pontos da cidade. Hoje, Salvador possui um sistema de metrô que aproxima áreas importantes. Atualmente, a Linha 1 faz a ligação da Estação da Lapa, no centro da cidade, ao bairro de Pirajá. Já a Linha 2 percorre o trecho entre a região conhecida como Acesso Norte até a área de Pituaçu, próximo à orla atlântica.
Projeto social
Segundo o coordenador de Políticas Públicas para a Juventude da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), Jabes Soares, as oficinas vão envolver os estudantes das escolas estaduais em um processo amplo de debate sobre a conservação do espaço público. “A gente precisa conscientizar esses jovens sobre o cuidado com a escola pública e também chamar a atenção para a possibilidade da geração de renda, que está muito atrelada ao desafio do protagonismo da juventude”.
O coordenador avalia que o grafite é uma linguagem que proporciona receptividade entre os jovens. “A partir daí, vamos discutir temas variados, como democracia, participação política, violência e sexualidade”, acrescenta.
Outro destaque, segundo o coordenador, é que a Bahia adota uma postura acolhedora do artista de rua. “Ao contrário do que tem acontecido em várias cidades do Brasil, como São Paulo, o Governo do Estado dá uma demonstração clara de que quer utilizar essa linguagem para prover a juventude no processo de debate político. Precisamos registrar a importância do grafite na expressão da cidade, na forma como os artistas urbanos expressam sua arte”.
Diálogos com a Juventude
As oficinas serão realizadas por meio do programa Pacto pela Vida, desenvolvido pelo Governo do Estado. Dentro do projeto ‘Diálogos com a Juventude’, as atividades começam no próximo dia 14, no Colégio Estadual Carlos Alberto Cerqueira, situado no bairro de São Caetano. As oficinas serão ministradas pelos grafiteiros Diogo Galvão e Bigode, das 8h às 17h.
A proposta do projeto ‘Diálogos com a Juventude’ é criar uma alternativa para o enfrentamento à violência, utilizando diversas linguagens, entre elas o grafite. Segundo os organizadores, a expectativa é que cerca de 80 jovens participem da primeira oficina.