Cláudio Silva é administrador de empresas
Cláudio Silva , Salvador |
21/06/2017 às 11:44
Metrô de Salvador linha 2
Foto: Camila Souza
As ferrovias sempre foram um importante vetor de expansão econômica e geográfica. A colonização norte-americana é fortemente marcada por este meio de transporte e era comum assistirmos filmes “western” que sempre contavam com cenas nos trilhos. Já a Europa é um continente integrado através de uma malha ferroviária bastante abrangente e trens modernos.
Aqui no Brasil ocorreu a opção da chamada integração nacional através da construção de estradas e não por ferrovias. O rodoviarismo enquanto política de Estado teve origem com o ex-presidente Washington Luis, que ainda como governador de São Paulo em 1920 proferiu a célebre frase: “governar é povoar; mas, não se povoa sem se abrir estradas, e de todas as espécies; governar é, pois, fazer estradas".
Essa opção política se intensificou bastante com o governo de Juscelino Kubitscheck (1956-1961) e hoje o modal rodoviário corresponde a 58% do transporte de cargas do Brasil.
Já a rede ferroviária brasileira, excluindo a de transporte urbano, tem 29 mil quilômetros de extensão. Em 1,6 mil quilômetros, ou 6% do total, passageiros são transportados. Nos outros 94% da rede só se transporta carga.
Na Bahia, notamos a clara opção em promover alternativas ao modelo rodoviário nos transportes de cargas e passageiros. Em janeiro deste ano foi divulgado que, com o apoio do Ministério dos Transportes, o governo estadual prepara uma nova proposta para tentar tirar do papel a concessão da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol).
E, na capital do estado, a cada dia que passa o metrô se consolida como uma opção real de transporte de massa para a população. Por cerca de 13 anos as obras do metrô de Salvador viraram piada nacional e hoje o metrô já é uma realidade.
Com a recente inauguração de mais quatro novas estações do metrô, 180 mil passageiros devem circular diariamente por todos os pontos de parada. Com o processo de expansão, Salvador terá o terceiro maior metrô do país. E trata-se de um metrô cujo tronco central se caracteriza pela passagem por bairros populares.
Porém, sem contemplar áreas densamente povoadas da cidade o metrô deixará de promover a inclusão de cidadãos soteropolitanos que têm vivido praticamente isolados das áreas de lazer e serviços de Salvador. Assim, a expansão para Cajazeiras, por exemplo, já sinalizada, precisa ser uma prioridade. Quanto mais perto estiver o metrô dos bairros onde residem as populações de baixa renda; mais popular e consistente será a eficácia do sistema.
Ainda falando de trilhos, recentemente foi publicado o aviso de licitação para implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT); que substituirá os trens do Subúrbio. A previsão é de inauguração em 2019 e o VLT ligará a região do Comércio a Paripe. O modal terá que apresentar um sistema de integração, ainda não esclarecido, que permita a sua conexão com sistema metroviário da capital, sob pena de manutenção do confinamento da população do Subúrbio Ferroviário em termos de mobilidade urbana.
Enfim, os automóveis não serão mais “os donos da cidade” e essa iniciativa de colocar “Salvador nos trilhos” é uma clara opção pelo transporte de massas como uma solução eficaz para minimizar os inúmeros problemas que essa cidade enfrenta no quesito mobilidade urbana.
Os bons e velhos trilhos estão mais uma vez de volta e desta vez para transportar nossa principal riqueza: a população de nossa cidade.