A mais autêntica festa popular de Salvador
Tasso Franco , Salvador |
04/12/2016 às 13:30
Imagem de Santa Bárbara deixa o Quartel do Corpo de Bombeiros, na Baixa
Foto: BJÁ
Parte da população de Salvador se vestiu de vermelho, a cor predileta de Santa Bárbara, a Iansã do candomblé, para louvar essa rainha dos raios e dos trovões, na festa mais autêntica do calendário popular da cidade. Nem o prefeito; nem o governador compareceram. Nem autoridades, nem politicos. A festa do povo até agradeceu e cantou e orou por sua santa querida.
Assim, começou neste domingo, o ciclo de festas populares de Salvador, com alvorada, missa e procissão para Santa Bárbara, a padroeira do Corpo de Beombeiros, e que no sincretismo religoso é a orixá Iansã, senhora dos raios e dos trovões. Durante o evento de hoje que começou às 5 horas e segue com a festa de largo até à noite, apenas uns pingos de chuvas no final da procissão, por volta das 12h, e nada de raios e trovões.
A festa mais uma vez foi belíssima com o pároco da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos puxando as orações e os cânticos e um carro de som com cantores louvando a santa e o povo de santo: "Povo negro vem cá/ Vem saudar Santa Bárbara de Salvador/ Já vou te atender/ O chamado de Nosso senhor; ou a interpretação: Mulher guerreira vem cá/ Vem saudar Santa Bárbara que está no andor".
A missa aconteceu no Largo do Pelourinho e o cortejo seguiu pelo Terreiro de Jesus, Praça da Sé, Rua da Misericórdia, Ladeira da Praça, Av. José Joaquim Seabra (Baixa dos Sapateiros), Rua Padre Agostinho (antiga Rua Baixa dos Sapateiros / Museu Casa do Benin) e no Largo do Pelourinho.
O momento alto do cortejo foi quando os andores dos santos - São Jorge, São Miguel, São Jerônimo, São Lázaro - entram no quartel do Corpo de Bombeiros, na Baixa dos Sapateiros, as sirenes foram ligadas e adentrou a imagem de Santa Bárbara sob aplausos quando muitas filhas e mães de santo deram santo. Depois, a "Bomba" lançou jatos de água nos presentes para louvar e saudar a todos. E refresar. O calor era intenso.
O cortejo seguiu pela Baixa dos Sapateriso cvom os cantores entoando a canção 'Abraço Negro' cujo refrão traz a felicidade e a raiz do povo negro, o bairro da Liberdade. A imagem foi saudada no Mercado de São Miguel, o andor do santo português, a esperando-a na sua porta; na passagem pela ladeira de Santana; e em frente ao Mercado de Santa Bárbara. Daí retornou para a igreja do pelourinho.
Clarindo Silva, como faz há decênios, carregou o andor e louvu a santa. "É a nossa rainha", diz ele cheio de orgiulho. Beto Macacão, comerciante da Baixa, rubronegro de coração, entoava cânticos à santa. Vicente Domingos, artesão, chorava com a passagem dos andores.
Assim foi a procissão para Santa Bárbara neste domigo. (TF)