Salvador

Aulas de capoeira estimulam 150 alunos em escola de Paripe

Um bom projeto que beneficiam os pré-adolescenes com informações da Secom
Da Redação , Salvador | 27/07/2016 às 08:03
Caporeia como atividadecomplementar
Foto: Tiago Barros
O ensino da capoeira nas escolas municipais de Salvador ganhou mais um incentivo e agora pode ser reconhecido efetivamente como atividade complementar. A atividade foi regulamentada na semana anterior, quando o prefeito ACM Neto sancionou a Lei 9.072/2016, que reconhece a arte-luta como expressão cultural e esportiva, de caráter educacional e formativo, e permite que as instituições possam estabelecer parcerias para o ensino da capoeira em escolas nas instâncias do ensino municipal, público e privado.
 
Em Salvador, atualmente existem cerca de 78 escolas da rede municipal de ensino que desenvolvem, além da grade curricular, atividades para o ensino da capoeira com os alunos. Embora o número de instituições na rede que trabalham com a capoeira ainda seja pequeno, comparado com as 430 escolas disponíveis através do município, o dado já é considerado um grande avanço no fomento da arte-luta e da cultura de matriz africana na cidade.
 
Um exemplo de sucesso no trabalho com a capoeira nas unidades da rede municipal é a Escola Municipal Fernando Presídio, localizada na 2ª Travessa Bela Vista de Tubarão, em Paripe. Na unidade mais de 150 alunos  praticam, no turno oposto ao período de aulas formais, atividades de capoeira. As aulas acontecem às segundas e quartas-feiras, durante todo o dia, e atendem crianças com idade a partir de 4 anos. O trabalho é realizado em parceria com a Associação Beneficente Educação Arte e Cidadania (Abeac), que possui sede na Ribeira, e acontece na escola desde 2015.
 
Aproximando a comunidade - “Quando iniciamos nossa gestão na escola percebemos que a comunidade andava muito afastada daqui. Trouxemos a capoeira como forma de aproximar a comunidade e isso vem dando certo. Além dos alunos, idosos do Abrigo Coração de Jesus, que é mantido pela comunidade, também vem participar das aulas de capoeira. Essa interação é maravilhosa”, relatou a chefe da secretaria da escola, Rejane Ribeiro.
 
Sobre a regulamentação do ensino da arte-luta nas escolas, a titular da Gerência de Currículos da Secretaria da Educação (Smed), Gilmária Cunha, explica que através da capoeira é possível aprender aspectos como o conhecimento do próprio corpo, musicalidade e ritualidade. “Esse reconhecimento eu considero bastante valioso, pois a capoeira já foi reconhecida como expressão cultural e patrimônio imaterial, ela faz parte da nossa história e identidade e agora é reconhecida como instrumento de caráter educativo e formacional. Reconhecemos que o resgate da nossa ancestralidade pode estar dentro da escola e que isso é um condutor educacional. Isso vai facilitar bastante porque vai possibilitar que mais escolas possam realizar o conveniamento”, completou Gilmária.
 
A gestora também destaca que como o ofício dos mestres de capoeira é algo tradicional e tem seus ensinamentos transmitidos dentro das comunidades, não é necessário que o mestre possua uma formação acadêmica para dar aula nas escolas, embora existam professores na rede que também trabalham a arte-luta dentro das aulas de educação física.
 
Transformação social - Professor de capoeira na Escola Fernando Presídio, Gilson Evangelista, conhecido por Mestre Breack, destacou os benefícios da prática da capoeira com as crianças. “A capoeira contribui de forma ampla para a formação das crianças. Tudo que acontece aqui nas aulas nós utilizamos como um recurso para ensinar a eles sobre a vida. Quando um aluno cai, por exemplo, eu mostro que dar risada não é legal, que o correto é ajudar o colega. Esses ensinamentos se refletem na vida deles e também são uma forma de afastá-los da violência.
 
Além da formação na capoeira, Mestre Breack é estudante do sétimo período de Educação Física e já desenvolveu trabalhos com a capoeira em diversas comunidades da cidade. Apenas na Fundação Cidade-Mãe (FCM), órgão vinculado à Secretaria Municipal de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza (Semps), ele comandou turmas de capoeira por três anos.