Democratização cada vez maior da festa e vem de longa data
Agecom , Salvador |
05/02/2016 às 21:47
Paulo Miguez
Foto: Bruno Concha
Doutor em Cultura Contemporânea, especialista em Carnaval e vice-reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Paulo Miguez elogiou as novidades da folia em Salvador. Para o pesquisador, as mudanças realizadas pela gestão municipal, a contar pela antecipação da abertura da folia momesca para a noite de quarta (03), e o maior apoio aos carnavais nos bairros são um claro exemplo de que a Prefeitura tem compreendido tanto o aspecto histórico quanto o papel econômico da festa na capital baiana.
Em uma avaliação da organização do Carnaval, Miguez considerou a gestão municipal vitoriosa, uma vez que compreende a vocação natural de Salvador, “que sempre foi uma cidade pós-industrial, onde as atividades ligadas ao campo do simbólico, das festas, das manifestações religiosas, da cultura, do turismo se destacam". "Ampliar o número de dias do Carnaval, aumentar o número de atrações sem corda (mais de 190) e, ao mesmo tempo, expandir a festa para outras regiões é, notadamente, um investimento oriundo da compreensão dessa vocação”, disse.
O pesquisador acredita ainda que a ampliação é bastante positiva por oferecer mais opções aos baianos e turistas, além de contribuir para a melhoria dos serviços oferecidos durante a festa. “Historicamente, o Carnaval exige essa ampliação. Obedecer a essa necessidade possibilita uma melhor organização da festa e a melhoria da estrutura e serviços oferecidos. Isso porque a oferta de outras possibilidades ao folião contribuiu para a redução do inchaço há algum tempo observado nos circuitos tradicionais”, considerou.
Futuro - Sobre o futuro do Carnaval, o tema escolhido pela Prefeitura para este ano, “Vem curtir a rua”, dá indícios do que se pretende daqui para frente, ressaltou o pesquisador. “Eu sinto que o artista tem uma satisfação muito maior em tocar sem as cordas. Acho que é muito positivo o esforço que a administração municipal tem feito para que isso aconteça, já que amplia o espaço para o folião pipoca, devolvendo áreas que o negócio carnavalesco havia privatizado. Além disso, atende a um deslocamento de mercado que, apesar da continuidade dos blocos, caminha para que os camarotes passem a ser o principal negócio na festa”, analisou.