O babalorixá Sivanilton Encarnação da Mata, mais conhecido como Babá Pecê, da Casa de Oxumarê celebra no próximo sábado, dia 19, o seu jubileu de ouro
Tainara Carvalho , da redação em Salvador |
09/12/2015 às 09:39
O babalorixá Sivanilton Encarnação da Mata, mais conhecido como Babá Pecê
Foto: DIV
O babalorixá Sivanilton Encarnação da Mata, mais conhecido como Babá Pecê, da Casa de Oxumarê celebra no próximo sábado, dia 19, o seu jubileu de ouro, em comemoração aos 50 anos de iniciação no candomblé. A celebração de caráter histórico acontece no terreiro localizado na Federação, a partir das 20h e será marcada pelo lançamento da moeda comemorativa do jubileu de ouro e uma cerimônia religiosa em louvor ao Orixá Oxumarê.
A Casa de Oxumarê é um dos mais antigos terreiros de candomblé da Bahia e também um dos mais tradicionais centros de culto afro-brasileiro do Brasil, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônio nacional e pelo Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (IPAC) como patrimônio estadual.
Esta comemoração é também um reconhecimento público da luta nacional e internacional que o sacerdote realiza contra a intolerância religiosa e pelo desenvolvimento social e cultural da comunidade negra. Além disso, o babalorixá é ativo defensor do diálogo interreligioso e da união de todos os povos. “Apesar de haver liberdade de culto e o Estado ser laico, ainda existe uma perseguição ao candomblé por alguns segmentos religiosos conservadores, o que provoca uma intolerância religiosa que tem chegado a níveis de violência alarmantes”, declara Pecê. Com isso, essas ações o tornaram referência na reivindicação do respeito religioso e que projetaram a Casa de Oxumarê como ícone na luta pelos direitos humanos e cidadania.
Celebrar o Jubileu de Ouro de Babá Pecê é a forma que a comunidade de Oxumarê encontrou para homenagear e agradecer aquele que dedica a vida para transmitir os valores da fé, do amor ao próximo e à natureza, semeando compaixão, dignidade, respeito e benevolência. “O dia será de muita alegria e festa. É uma oportunidade para encontrar velhos amigos e representantes do candomblé de todo o Brasil”, afirma o supremo sacerdote.
Durante a solenidade, a comunidade da Casa de Oxumarê irá presentear todos os convidados com a distribuição de aproximadamente duas mil moedas de cobre polidas, que de forma simbólica remetem às práticas libertárias que estão na origem da Casa de Oxumarê, fundada em meados de 1830. Um lado da moeda contará com gravura do brasão do Axé Oxumarê e do outro terá a imagem de Bàbá Pecê. Todas essas moedas passarão por processos ritualísticos de axé aos ‘pés’ do Orixá Oxumarê antes de serem brindadas aos convidados. Ou seja, além de serem agraciados com uma lembrança desta solenidade, os convidados levarão parte do axé do nobre orixá.
Sobre a Casa de Oxumarê
Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó, conhecido como Casa de Òsùmàrè, é um dos mais antigos e tradicionais terreiros de candomblé da Bahia e foi fundado há 180 anos, sendo que há 112 está localizado na Federação. Ao longo de sua história, contribuiu de modo significativo para preservar e difundir a cultura africana no Brasil.
Guardiã e detentora de tradição milenar, a casa perpetua o legado ancestral do culto aos Òrìsà, lançando as sementes do que hoje representa o candomblé para o país e o mundo. Faz parte do panteão das casas matrizes responsáveis pela construção da religiosidade afro-brasileira.
A história da Casa de Òsùmàrè remete à formação do candomblé no Brasil. Sua origem remonta ao início do século XIX e foi marcada pela luta e resistência de africanos escravizados que, obrigados a abandonarem suas terras e laços familiares, não renunciaram a sua cultura e fé.