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Franciel Cruz , Salvador |
29/06/2015 às 13:41
Os moradores e representantes de movimentos populares do Centro Antigo de Salvador vão promover um grande protesto no Dia da Independência da Bahia, 2 de Julho, contra os governos municipal, estadual, federal e as empreiteiras. A concentração terá início a partir das 7h, no posto de gasolina do Largo da Lapinha. Eles decidiram ocupar as ruas para reclamar dos recorrentes e violentos atos de expulsão e racismo que têm atingido as populações que habitam e mantêm aquelas localidades históricas enquanto territórios vivos, garantindo sua diversidade social e cultural.
“O que vemos hoje no Centro Antigo é uma articulação perversa entre os poderes públicos e os interesses do setor imobiliário. Os atores chave deste processo são o Iphan, na esfera federal; Dircas/Conder e Ipac, na esfera estadual e Sucom e Sindec, na esfera municipal; empresas privadas como o grupo Odebrechet, Axxo Construções, Prima Empreendimentos, Construtora Massafera e Bahia Marina; e empreendimentos como o Cloc Marina Residence e Hotel Txai”, denunciam os organizadores da manifestação, que é liderada pelo MSTB – Movimento Sem Teto da Bahia; Associação Amigos de Gegê dos Moradores da Gamboa de Baixo; MNB2J – Movimento Nosso Bairro É 2 de Julho; Amacha – Associação de Amigos e Moradores da Chácara Santo Antônio e Artífices da Ladeira da Conceição.
Em uma Carta Aberta intitulada “O Centro Antigo Sangra!”, na qual listam 30 reivindicações, os manifestantes relembram ainda que em maio deste ano a Prefeitura e o IPHAN “agiram de maneira oportunista, aproveitando o período de chuvas em Salvador, para “limpar a área” e, assim, possibilitar a implantação de projetos imobiliários de alto padrão, após décadas de abandono e degradação do patrimônio histórico.
Os integrantes dos movimentos garantem que, além de mortes por desabamento, existiu intimidação e expulsão de pessoas que moram e trabalham há décadas em vários pontos do Centro Antigo. “Demoliram 31 imóveis sem a apresentação de laudos técnicos e sem qualquer discussão”, acusam, finalizando com a promessa de luta constante. “Não vamos deixar os nossos algozes passarem despercebidos. Não nos calaremos diante do ataque ao patrimônio coletivo construído a duras penas pela população de Salvador”.