Nesta tarde de quarta-feira (10) professores e estudantes da Uneb ocupam o prédio da Reitoria da Uneb, no campus I, em Salvador. A atividade será feita por 24 horas e é uma ação de protesto contra o descaso do Reitor José Bites, que desde o início da greve, há um mês, tenta dificultar as atividades do Comande de Greve, blinda o governo do estado e se distancia dos interesses e dificuldades da comunidade acadêmica da Uneb.
Como tem sido amplamente divulgado pela Associação dos Docentes da Uneb (ADUNEB) e imprensa em geral, a greve dos docentes e estudantes, com o apoio dos técnico-administrativos, tem como pauta central o aumento de recursos às estaduais da Bahia. A reivindicação é por mais orçamento para que seja garantida a qualidade de ensino, pesquisa e extensão nas quatro universidades estaduais. Recursos esses que auxiliarão também a administração do reitor José Bites.
Segundo o Comando de Greve da ADUNEB, desde o dia 13 de maio, início da radicalização, o reitor não publicou nenhum documento reconhecendo o movimento paredista na Uneb, mesmo sabendo que a radicalização tenha sido deflagrada em assembleia geral docente, de maneira democrática e por ampla maioria de votos. Ação oposta a realizada recentemente pelo reitor da Ufba, João Salles, que já no dia seguinte à deflagração da greve naquela universidade, divulgou carta reconhecendo a legitimidade da ação das/os docentes.
Para os professores, mesmo no âmbito das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba) o reitor Bites destoa dos demais reitores ao mostrar sua submissão ao governador. Enquanto na Uneb o gestor tenta maquiar a realidade e não informa, nem ao menos do site da instituição, sobre a existência da greve, na Uesb, o Conselho Universitário, presidido pelo reitor Paulo Santos, em 25 de maio, deliberou, por unanimidade, uma moção de apoio à greve da categoria docente. Já o reitor da Uefs, Evandro Nascimento, na última terça-feira (09), em ação conjunta com o Movimento Docente daquela instituição, fez uma aula pública para discutir a situação orçamentária da Uefs.
A insatisfação dos professores da ADUNEB com o reitor acontece também devido à falta de discussão sobre a pauta interna da universidade. Desde o dia da deflagração da greve, 07.05, o administrador central tem em mãos um documento com as reivindicações da pauta interna da Uneb. Até o momento nenhuma reunião foi realizada sobre o assunto. A extensa pauta, que representa a difícil realidade da universidade, contêm 18 itens. Entre eles estão a construção de creches e restaurantes universitários, combate ao assédio moral e nepotismo, regionalização de serviços médicos, agilidade nos processos internos dos professores e discussão sobre a elaboração de um novo estatuto para a Uneb.
As atitudes de José Bites evidenciam que suas intenções buscam apenas blindar seu chefe, o governador do estado, se distanciando assim dos interesses, das necessidades e dificuldades de que o elegeu: a comunidade acadêmica da Uneb. Outra ação do reitor que tentou claramente prejudicar o trabalho do Comando de Greve foi a criação de um grupo que se auto intitulou “Comissão de Mediação Interna”. O objetivo da reitoria foi dificultar as decisões da Comissão de Ética do CG, mesmo ciente que a Comissão dos professores foi deliberada e legitimada na assembleia que deflagrou a greve. A atitude do reitor evidencia desrespeito com o movimento docente e com o conjunto dos professores da universidade.
As ações do reitor da Uneb contra a greve legítima, que busca defender a Universidade do Estado da Bahia enquanto patrimônio público, têm como consequência o aumento da indignação e da força de mobilização do movimento paredista. Em defesa da educação pública superior o MD não irá retroceder. A greve que já começou forte aumenta a cada semana.