Salvador sediará o primeiro encontro nacional de trançadeiras e turbanteiras, neste sábado (28), a partir das 8h, na Escola Municipal do Calafate, na Fazenda Grande do Retiro. O evento conta com cem participantes das áreas de moda, políticas sociais, blogueiras, empresárias, além de representantes das secretarias municipais que discutem gênero e raça. O encontro faz parte das atrações do Festival da Cidade 2015, promovido pela Prefeitura com patrocínio do Shopping da Bahia. A programação inclui café da manhã, mesa de abertura, mesa temática sobre Turbantes e Trançados: estética com identidade, diálogo, oficinas de tranças, turbantes, cuidados e tratamento dos cabelos crespos e cacheados. A atração contará ainda com sorteios, brindes e exposição de artesanato.
Entre os palestrantes convidados estarão Rose Rozendo, representante do Coletivo de Mulheres do Calafate; a blogueira e estudante do curso de Moda Luma Nascimento; Michele Fernandes, proprietária da loja de São Paulo Butique da Criola” que vai falar sobre autoestima e identidade feminina e como transformar os turbantes em um negócio rentável; e grupo de jovens empreendedores que estão envolvidos com a questão da estética, dando um recorte maior sobre empreendedorismo.
A organizadora do evento, Lúcia Leiro, professora e design de turbantes, afirmou que a ideia surgiu a partir da procura pela área. “Esse evento surgiu de uma vontade minha, já que fazia turbantes e participava de oficinas. Com o crescimento da demanda, tive a necessidade de fazer um encontro maior, com turbanteiras de vários estados”, disse. Os estados de São Paulo e Pará foram os que mais se inscreveram para o encontro.
Para Leiro, o trançado e turbante sempre foram usados, mas agora ganharam uma dimensão mais estética e com isso as pessoas começam a achar bonito e valorizar. “Vivemos um momento propício a trabalhar essa estética vinculada à cultura africana”, pontuou. Ela explicou que “do ponto de vista de gênero, todos podem usar os turbantes e trançados, inclusive os homens, mas esses acessórios representam a origem de cada um, as pessoas ficam sabendo o porquê estão usando". "Tudo isso é debatido nas oficinas. O turbante não faz referência apenas a uma religião é a memória viva de nossa história”, ressaltou.
A design destacou ainda a sensação de integrar a programação de aniversário da cidade, que completa 466 anos próximo domingo (29). “Discutir isso em salvador que tem uma cultura negra é fundamental para que a gente reveja a até que ponto a cidade contempla esses grupos sociais. Todo aniversário pede um momento de reflexão, e esse não será diferente, é uma reflexão sobre o corpo, sobre o que usamos, pois o corpo fala, a roupa fala, diz sobre sua personalidade, então cada acessório diz algo sobre a gente e não podemos ignorar isso, nesse momento de celebração temos que pensar nisso tudo”, afirmou Lúcia Leiro.