Política

DEPUTADO APRESENTA PL PARA ACARAJÉ COMO PATRIMÔNIO CULTURAL DA BAHIA

Presidente da ABAM defende um PL que crie regras para a produção do acarajé
Tasso Franco | 02/11/2023 às 13:33
Dia da Baiana Feliz
Foto: BJÁ
   O deputado estadual Antônio Henrique Júnior (PP) propôs, na última quarta-feira, 1º, um projeto de lei para instituir o acarajé como patrimônio cultural do estado da Bahia. A proposta foi publicada no Diário Oficial da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) desta quinta, 2, segundo informa o portal A Tarde.

A proposição do parlamentar baiano ocorre em meio a uma polêmica que se instalou nas redes sociais nos últimos dias, após a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovar o tradicional bolinho afro-brasileiro como patrimônio cultural fluminense. De acordo com Antônio Henrique, porém, “o acarajé é um prato típico da culinária baiana”.

“Seu consumo está diretamente relacionado ao dia a dia do baiano, que o consome após o trabalho, durante o percurso de volta para casa, ao final da tarde, nas praias, festas e largos. Configura-se também como ponto de encontro de redes, relações e grupos”, diz o parlamentar baiano, na sua justificativa para o projeto de lei.

Ainda segundo o deputado, aprovar o acarajé como patrimônio cultural da Bahia é uma forma da ALBA preservar o alimento, que é tão importante para a população do estado.

A presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similiares (ABAM), Rita Santos, diz que não basta apenas o acarajé ser patrimônio cultural. "É preciso que haja uma lei estadual aprovada pela Assembleia que estabeleça regras na produção do acarajé evitando, assim, as variantes de pizzajé, espetojé e outras". 

Em nível municipal, uma lei de 2002 do governo Antonio Imbassahia já coloca a iguaria nesse patamar e um decreto de 2005 estabeleceu que a baiana do acarajé, a baiana típica, é patrimônio nacional.

História (A Tarde)

A origem do acarajé está intimamente ligada à herança africana da Bahia. O prato é uma variação de um bolinho ainda hoje servido na Nigéria, chamado de “kosai” pelos hauçás e de “akará” pelos iorubás. A base é a mesma: feijão fradinho batido e frito.

Mas há variações. Enquanto na Bahia o feijão fradinho é temperado apenas com sal e cebola, na Nigéria o bolinho leva pimenta e outros temperos em sua massa, que fica com uma cor rosada mesmo antes de fritar. Além disso, em território nigeriano, nem sempre a comida é frita no azeite de dendê.

A historiografia conta que o acarajé se estabeleceu na Bahia exatamente a partir da chegada desses dois povos no estado, especialmente durante o século XIX.

Servido à orixá Oyá — popularmente, conhecida como Iansã — desde os primeiros terreiros de candomblé, instalados na primeira metade do século XIX em Salvador, o acarajé foi para as ruas a partir das mulheres que ficaram inicialmente conhecidas como “escravas de ganho”.