A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) conferiu, na tarde da última quinta-feira (31), numa concorrida e prestigiada sessão especial conduzida pelo presidente Adolfo Menezes, no Plenário Orlando Spínola, a Comenda 2 de Julho ao ex-deputado Marcelo Nilo, que também inaugurou seu retrato na nova Galeria dos Presidentes, no Saguão Nestor Duarte.
Foi um tributo à altura de quem presidiu o Parlamento baiano por cinco mandatos consecutivos, lotando os espaços da Casa com a presença de políticos e lideranças de vários municípios – como o atual e o ex-prefeito de Salvador, respectivamente Bruno Reis e ACM Neto, o ex-governador Paulo Souto e o ex-vice governador, deputado federal João Leão – além de outras autoridades, amigos, correligionários, familiares e funcionários da Casa, que também fizeram questão de se associar à homenagem, uma iniciativa do deputado Euclides Fernandes (PT).
O homenageado foi conduzido ao plenário pelos deputados José de Arimateia (Republicanos), Bobô (PC do B), Rosemberg Pinto (PT), Raimundinho da JR (PL), Dr. Diego Castro (PL), Marcinho Oliveira (UB). Sob o som de ‘Tocando em Frente’, dos compositores Almir Sater e Renato Teixeira, Marcelo Nilo adentrou o salão que comandou em outras épocas, sorrindo para o público como se dialogasse com os versos da canção: “Ando devagar porque já tive pressa / E levo esse sorriso porque já chorei demais / Cada um de nós compõe a sua história / Cada ser em si carrega o dom de ser capaz / De ser feliz”.
A cerimônia exibiu um breve vídeo sobre a vida do ex-deputado, antes da entrega da medalha por sua esposa Neyde; as filhas Marcela e Renata; seus netos; o irmão Sidônio, prefeito de sua terra natal Antas; seu genro, o deputado estadual Marcelinho Veiga (UB); e a irmã, desembargadora Ivana Mércia Nilo de Magaldi, que representou, no ato, a presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, desembargadora Débora Maria Lima Machado. O documentário contou com depoimento de amigos, familiares e personalidades do mundo político, alguns dos quais compunham a mesa do evento, que contou ainda com a banda da Guarda Civil Municipal de Salvador, sob a regência do maestro Hamilton Fernando, na execução dos hinos Nacional e ao 2 de Julho.
Para o presidente Adolfo Menezes, conceder a Comenda 2 de Julho a Marcelo Nilo era um compromisso da Casa, pela história marcante do ex-deputado no Legislativo baiano, o qual presidiu por uma década. Destacou a oralidade acalorada do homenageado, o conhecimento do Regimento Interno, a postura de magistrado como presidente “que jamais abriu mão da cordialidade com os seus pares”, e lembrou que, sob sua gestão, foi construído o prédio Jutahy Magalhães, que atualmente acolhe importantes setores da ALBA, a exemplo do Auditório Jornalista Jorge Calmon. Adolfo Menezes também registrou que Marcelo Nilo tem em seu rico currículo um mandato de deputado federal, “exercido sempre em prol dos interesses da Bahia”, além de ter assumido, em quatro ocasiões, no ano de 2008, o Governo do Estado, em substituição ao então governador Jaques Wagner.
Em seu discurso, Euclides Fernandes definiu a concessão da comenda a Nilo como um ato político de consenso entre deputados dessa e de outras legislaturas, que se fizeram presentes, como a “batizá-lo simbolicamente, neste instante, com um novo sobrenome: Marcelo ALBA Nilo”. O proponente destacou sua relevância para a Casa, onde cumpriu sete mandatos consecutivos, de 1991 até 2019, além de ser “o único homem público a presidir o Legislativo da Bahia por cinco mandatos seguidos, que lhe permitiram conduzir os destinos da Assembleia Legislativa por uma década inteira”. Para o petista, numa Casa de iguais, mas com pensamentos totalmente desiguais, ninguém resiste tanto, completando que “Marcelo Nilo resistiu. Resiliente, competente, convincente”.
O prefeito Bruno Reis fez um pronunciamento enaltecendo a qualidade de amigos que o ex-deputado fez na vida, destacando o plenário lotado de pessoas que o acompanham desde sempre, “independente de você ter poder ou não”. O gestor recordou o jeito direto e franco de Marcelo Nilo que, em um dos primeiros encontros na época em que era deputado, pediu seu voto para presidência da Casa. Por fim, o prefeito elogiou a ALBA pela “justa e merecida homenagem” e agradeceu os conselhos e a experiência de Marcelo Nilo na coordenação política da Prefeitura de Salvador.
AGRADECIMENTO
Já devidamente laureado, o ex-presidente Marcelo Nilo subiu à tribuna para agradecer a deferência do Parlamento baiano, lembrando que presenciou e dirigiu sessões de outorga a tantas personalidades, sem nunca imaginar que receberia um dia a mais alta honraria da Casa. “O homem é fruto das circunstâncias”, filosofou, contando sua origem humilde, na roça, os conselhos de sua mãe Ademar, professora primária no sertão de Antas, o esforço de seu pai Edvaldo para que estudasse na capital, onde formou-se engenheiro, sua chegada à Embasa como estagiário e sua carreira na política.
Em sua trajetória, relembrou os ensinamentos do seu então colega de pensão, o saudoso professor e compositor Jorge Portugal, e anotou que deve sua formação política ao senador Jutahy Magalhães. Nilo relatou o crescimento de votos a cada eleição – seis vitórias para deputado estadual e uma para deputado federal –, sua trajetória de 16 anos na oposição, destacando que sempre respeitou o contraditório e seus adversários políticos. Entre os feitos durante sua gestão na Presidência da ALBA, registrou o fim do 13º e 14º salário de deputados e a lei que proíbe o nepotismo nos três Poderes até o terceiro grau.