Sua comunicação adotou o slogan "chegou chegando" para marcar os 100d
Tasso Franco , Salvador |
09/04/2023 às 19:51
Jerônimo, 100 dias de governo, e o enigmático "chegou chegando"
Foto: SECOM
MIUDINHAS GLOBAIS:
1. O governador Jerônimo completa 100 dias de governo nesta segunda-feira, 10, fazendo uma gestão de continuidade e sua comunicação espalhou pela Bahia centenas de "out-doors" com a frase enigmática de que "Jerônimo chegou chegando". Dificil até para um leigo entender o que isso significa de real, produtivo, entendendo-se nas entrelinhas de que "chegou arrepiando" e/ou "chegou com vontade de governar". Mas, isso é pouco ou nada diante do que realmente fez. A rigor, o governador Jerônimo participa de um governo da continuidade ou gestão da continuidade do projeto de poder do PT no Estado, desde Jaques Wagner (2007) e depois com Rui Costa a partir de 2015 até 2022.
2. Em sendo assim, justifica-se Jerônimo não ter apresentado nada de novo até agora, salvo o programa "Bahia Sem Fome", considerado eleitoreiro e que representa um tiro no pé na medida em que o programa se justifica - argumentos do próprio governador - de que na Bahia existem 1.800.000 pessoas passando fome ou na linguagem mais moderna em "vulnerabilidade alimentar". Ora, mas se isso existe, trata-se, pois, de uma herança deixada por Wagner e Rui que ficaram 16 anos no poder.
3. Essa, no entanto, é uma questão estrutural que vem de longas datas e só se agrava no país uma vez que os governos, sobretudo a partir de FHC, criaram várias bolsas de auxílio à população e veem dando cestas básicas há muitas décadas, por posto, nesta Páscoa perpetuou-se a entrega de peixes a população mais pobre, aqui na Bahia, só uma Prefeitura, de Eunápolis, doou 18 toneladas de pescados aos pobres. Todos esses programas são um saco sem fundos uma vez que, quanto mais se fornece alimentos e outros, cresce-se a demanda por mais programas. Mas, o Bahia sem fome tem seus méritos porque se trata de diminuir o sofrimento permanente de camadas da população.
4. Salvo esse programa, não produtivo, evidente, o governador Jerônimo não apresentou nada de novo em nenhuma das áreas, especialmente, as básicas - saúde, educação e infra - e mantém a pegada dos governos petistas anteriores ao seu, daí, provavelmente, o "chegar chegando" de entregar obras que estavam em andamento, os colégios em tempo integral lançados no último ano do governo Rui e que não deram tempo de serem concluidos; uma ou outra estrada recuperada e também uma ou outra reforma de hospital como já aconteceu em Jequié.
5. Em áreas não prioritárias porém relevantes para o estado por sua vocação - a cultura e o turismo - até agora zero. Até para fazer uma reforma no Teatro Castro Alves o secretário da Cultura bateu na porta da ministra Margareth Menezes. Até o momento não foi apresentado nada de projeto para a Cultura que é uma área forte na Bahia e vem sendo relegada a um plano secundário pelas gestões petistas, salvando-se o melhor projeto em andamento que é o Neojibá. No turismo o rés do chão. Vive de apoios: apoio ao Carnaval, apoio a Semana Santa, apoio ao São João. O governo acabou a Bahiatursa, de grandes serviços pestados ao estado, e criou uma secretaria de Cultura. E, logo em seguida, entronizou uma Superintendência de Turismo.
6. Há secretarias para todos os gostos incluindo uma de Desenvolvimento Rural e outra de Desenvolvimento Urbano; de Ciência e Tecnologia, de Promoção da Igualdade Racial, Justiça e Direitos Humanos e por aí vai. São secretarias políticas e que pouco produzem, de fato. E há, as básicas que sustentam a organização do governo - Fazenda, Administração, Planejamento, etc - que estão bem estruturadas desde Wagner com boas equipes técnicas. É o melhor que existe no estado.
7. O governador Jerônimo está na China em busca de um misto de projetos produtivos (estes, sim, fundamentais para o estado) e de suporte tecnológico para a educação e o serviço público e mais a sobrenatural ponte Salvador-Itaparica que já tem 14 anos de papel. O melhor da China, se Jerônimo conseguir, são as fábricas de automóveis elétricos e algo relacionado com a planta eólica, também o melhor projeto do PT no estado, ainda implantado pelo secretário James Correia na época do primeiro governo Wagner.
8. Na área da segurança pública (o calcanhar de Aquiles do governo) nada de novo. Trocou-se o seis por meia dúzia com a mudança do secretário. A PM continua com o mesmo comandante e seu entendimento com a Civil é rarefeito. A bandidagem e o crime organizado cresceram muito no estado. O que esteve durante muitos anos restrito a Salvador, RMS, Feira e Conquista, espalhou-se por todo estado. Há um medo generalizado na população e os crimes se sucedem com frequência. Agora, na Páscoa, o transporte público deixou de funcionar em dois bairros da capital - Arenoso e Tancredo Neves - por ordem dos bandidos e crimes que aconteceram por lá. A Polícia age, permanentemente, mas não consegue conter esse avanço do crime.
9. Importante, no entanto, destacar que a Bahia a despeito de ter os piores indices nacionais em educação básica e segurana pública, e ter perdido posições na economia para o Ceará e Pernambuco e caido no ranking nacional, o turismo há muito perdeu a sua força e a cultura nem de sombra lembra os velhos tempos recentes no país, tem aprovação da população tanto que Wagner foi eleito em 2006 e reeleito com facilidade, em 2010; elegeu Rui Costa, em 2014, e Rui deu um passeio em 2018; agora, elegendo Jerônimo, em 2022. Então não há sinais de mudanças. Segue-se o barco como está, isto é, "chegar chegando" e vai-se inaugurando colégios, oferencendo veiculos de Policia e ambulâncias pelo interior, inaugurando hospitais e policlinicas.
10. A filosofia do PT - salvo engano também uma frase criada por Wagner - é de "cuidar de gente". Isto é, dar todo tipo de bolsas - familia, presença, escola, etc, etc - ensino de média e baixa qualidade, atendimento à saúde e reforço nos programas da agricultura familiar e outros.
11. Não há um projeto para desenvolver o estado - propdutivo, tecnológico, etc - e vai-se atendendo o "cuidar de gente", fazendo obras de mobilidade para a classe média e mantendo-se uma base política bem estruturada com os partidos que todos conhecem e são alinhados com o PT na Bahia: PSD, PP, PCdoB, MDB, PSB e outros. Esses vivem com as sobras e se acham confortáveis assim. Então, paciência, Jerônimo tá certo em "chegar chegando" e fazendo a continuidade. (TF)