Mundo tem que a guerra se estenda e envolva diretamente outros países
Tasso Franco , Salvador |
05/03/2022 às 18:38
Maternidade em Mariupol
Foto: Egiven Malotreya
Em Mariupol, a principal cidade portuária de Donetsk Oblast, no leste da Ucrânia, o dia de sábado, 5 de março, começou com o anúncio de um acordo para um corredor humanitário. Uma nota de esperança, que rapidamente se dissipou.
“Encontramos três ônibus com motoristas dispostos a arriscar a vida para transportar civis. Quatro pontos de montagem para carros individuais cheios de civis. Mas por volta das 11 da manhã [os russos] começaram a bombardear os pontos de reunião”, relata Anna Romanenko, jornalista e ativista pró-Ucrânia. Habitualmente instalada com a sua redação no centro da cidade, encontra-se atualmente numa zona que lhe permite estar em contacto regular com vários interlocutores prisioneiros do cerco organizado pelas forças militares russas. Durante quatro dias, nenhum civil conseguiu deixar a cidade sitiada.
PUTIN ASSASSINO
“Putin assassino”, “apoio à Ucrânia”, “não à guerra”… É gota a gota, sábado 5 de março, que a Place de la République, em Paris, se enfeita de azul e amarelo. As cores da bandeira ucraniana são também as da fita que Mariana Podolets conscientemente prende no casaco da mãe Irma, no lado do coração. A jovem nasceu há trinta e quatro anos perto da fronteira polaca, a 60 quilómetros de Lviv – “para onde se deslocaram a embaixada francesa”. Quase 16 mil pessoas – segundo a prefeitura de Paris – vieram, como ela, para se manifestar contra a “guerra de Putin” na capital francesa. Longe das marés humanas de outras capitais europeias.
“Não importa se há muita gente ou não, o importante é que há pessoas que se atrevem a dizer não a esta guerra em todo o lado”, insiste Marianna Podolets. Sua mãe que amamenta concorda: “Precisamos ser ouvidos. No terreno, conseguimos lá, mas precisamos de ajuda, do lado do céu. Eles devem parar os bombardeios contra civis. “Sua mãe fala sobre seus parentes presos lá, e seu marido que está indo e voltando com sua van para trazer ajuda humanitária da França para a Ucrânia há vários dias. O que ela espera do evento? “Para simplesmente sentir apoio.
REFUGIADOS
A situação na Ucrânia continua grave e o total de refugiados que fugiram da invasão russa pode subir para 1,5 milhão até o encerramento do fim de semana, do atual número de 1,3 milhão, disse o diretor da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) neste sábado (5).
"Esta é a crise de refugiados que mais cresce na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial", disse o alto comissário das Nações Unidas para refugiados, Filippo Grandi, à Reuters em entrevista por telefone.
CHINA E RÚSSIA
A China pediu neste sábado (5) negociações "diretas" entre a Ucrânia e a Rússia, em uma conversa telefônica entre o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, no décimo dia do conflito no Leste Europeu.
Segundo a AFP, a conversa representa a primeira ligação entre os chefes da diplomacia das duas grandes potências mundiais desde que a Rússia iniciou sua ofensiva contra a Ucrânia.
Após o início da intervenção russa, que enfrenta forte resistência das tropas ucranianas, a China adotou uma posição intermediária diplomática, recusando-se a condenar o ataque russo depois de ter oferecido amizade "ilimitada" à Ucrânia e à Rússia um mês antes.