Política

MITO BOLSONARO FOI DESTRUIDO NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS, p/ TASSO FRANCO

Eleitores deram recados a Lula e a Bolsonaro nas eleições municipais. Veja comentário de Tasso Franco.
Tasso Franco , da redação em Salvador | 30/11/2020 às 11:12
Jair Bolsonaro saiu miudo dessas eleições
Foto: DIV
   Cada eleição tem sua história. Isso é básico em política. Portanto, eleições municipais não têm comparativos com uma eleição nacional. Mas, há leituras que podem ser feitas em eleições municipais porque a base eleitoral - vereadores e prefeitos - se situa nessa posição da pirâmide.

  Pode-se conferir desde então, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) perdeu espaços políticos valiosos nas eleições que se findaram no domingo passado não elegendo nenhum dos seus candidatos. Pode até alegar que não teve candidatos para desculpar-se. Mas é público e notório que teve abertamente, em SP e Rio, ambos gongados.

  Onde mais se aproximou de uma vitória foi em Fortaleza, com o capitão Wagner (PROS) derrotado por uma frente ampla (Ciro, PDT; Tasso, PSDB; PT) com José Sarto (PDT). O PDT - entre os partidos considerados de esquerda foi quem mais cresceu. Ciro, no entanto, é turrão, bronco. E, cometeu mais um erro ao se aproximar de Lula.

   No Pará (Belém), o delegado Eguchi assustou Edmilson, do PSOL, mas perdeu. Nos dois maiores centros urbanos do país, São Paulo e Rio de Janeiro derrotas flagorosas com Russomano (que não chegou ao segundo turno) e Crivela derrotado com grande margem por Eduardo Paes. No segundo turno, Crivela procurou o apoio de Bolsonaro como agulha em palheiro.

  Nas duas principais capitais do Nordeste - Salvador e Recife - seu apito foi mudo. Em Salvador - capital onde o presidente tem a maior rejeição - seu candidato ficou em 4º lugar (Cesar Leite) com pequena margem de votos e vitória de Bruno Reis (DEM) no primeiro turno. Em Recife, em segundo turno, a disputa foi entre PSB x PT com vitória do PSB, com João Campos. Em Porto Alegre, vitória de Sebastião Melo x Manuela D'Ávila.

   O DEM cresceu mais 191; o PP mais 186; o PSD mais 114; o Podemos 72. O PT não conseguiu eleger menhum prefeito sequer nas capitais e perdeu 74; e o PSBD embora tenha mantido SP perdeu 285. 

  Dessa leitura, ainda que em quantidade de votos o PSDB é partido à frente de todos, individual, e o centrão é quem tem a maior força política a partir dessas eleições municipais. 

   Bolsonaro e Lula sairam miudos dessas eleições. O Novo, que parecia ser algo novo não significou nada, não saiu do lugar. O PSOL foi quem mais avançou porque ganhou em Belém e teve boa performance com Boulus em SP. PC do B fracassou em Manuela D'Ávila.

  O mito Bolsonaro das últimas eleições desapareceu. O recado está dado a Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes, Marina (o Rede sumiu do mapa) e ao PCdoB. O Brasil caminha em direção de algo novo.Quem conseguir organizar uma frente ampla nessa direção, leva a parada em 2022. Se pulverizar, Jair ainda pode ser competitivo.

  Detalhe importante: o combate ao coronavirus ditou a vitória de muitos candidatos nessas eleições e poderá (e deverá) ser uma das pautas para 2022.