Boa chapa à vista para atender um eleitorado que ainda está órfão
Tasso Franco , da redação em Salvador |
09/11/2020 às 17:36
Sergio Moro e Luciano HUck
Foto: DIV
As eleições municipais no Brasil ainda não aconteceram - o primeiro turno dar-se-á dia 15 de novembro e o segundo dia 28 - mas a imprensa nacional não pára de especular sobre a sucessão presidencial, em 2022. A novidade - se é que podemos chamar assim - foi a articulação do juiz Sérgio Moro com Luciano Huck parar formar uma chapa o que causou o maior rebolio no meio político, ao se tornar pública.
E por que causou esse reboliço todo com declarações do ex-presidente Lula da Sulva, do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do candidato eterno a presidente Ciro Gomes (PDT), entre outros?
Ora, porque se concretizada essa chapa Moro/Huck, o vice-presidente Mourão candidato a senador e outras figuras da direita (Dória/Neto) integrando esse comboio a chapa é forte e tem tudo para atender o eleitorado de direita que votou em Bolsonaro e está insatisfeito com seu governo.
Quem se enrolou na Bandeira Nacional, em 2018, na campanha de Bolsonaro e gritou a plenos pulmões na defesa de Sérgio Moro e na exigência da prisão de Lula, condenado em segunda instância, que lutou para manter a Lava Jato de pé, e elegeu Bolsonaro temendo o retorno do PT com Fernando Haddad e de Lula, hoje, ainda vê na figura de Moro um representante que será capaz de fazer o que Bolsonaro não fez.
Retomar a Lava Jato, colocando os corruptos na cadeia, aprovando no Congresso a prisão para condenados em segunda instância e demais projetos que foram esquecidos por Bolsonaro/Guedes.
Há uma decepção enorme com Bolsonaro, seu governo patina (já escrevemos sobre isso noutro artigo diante da vitória de Biden, nos EUA), a Lava Jato foi sepultada, há um sentimento de que caminhamos na direção de uma Venezuela com controles no Judiciário, na Corte Suprema, já havendo um primeiro sinal, e a população não quer nada disso tanto que conferiu a Bolsonaro 53 milhões de votos depositando nele uma cofiança que se esfumaça.
Votos que ele não terá mais em 2022 porque não cumpriu sua palavra com esse eleitorado. Parte dele, como estamos vendo nas eleições municipais não quer conversa com Bolsonaro, em Salvador, tem a maior rejeição do país ao presidente e o candidato bolsonarista tem 2% dos votos (intenções em pesquisa) e perdem os nomes apoiados por ele em SP e Rio.
Esse é o temer da chapa Moro/Huck. Lula saiu dos seus cuidados e disse que se trata de mais um arranjo. Logo ele, especialista em arranjos. Ciro disse ao Antagonista que são nomes sem legitimidade como se ele fosse o único legitimo, ungido pelos deuses. E Rodrigo Maia disse que não apoia a chapa Moro/Huck porque é de extrema direita.
Ora, quem no Brasil vai votar numa chapa que seja apoiada por Rodrigo Maia? Que liderança nacional ele tem para falar uma coisas dessas? Nem no Rio, sua terra natal. Imagina se alguém na Paraíba ou em Minas vai votar num nome apoiado por Rodrigo Maia. Tá sonhando.
A chapa Moro/Huck se concretizada é boa, forte, firme e atende um desejo dos brasileiros que estão órfãos, novamente, a esparança de Lula só tem fumaças e processos judiciais e a esperança em Bolsonaro se apaga a cada dia.
Daí, o temor que nasce desde já com a chpa Moro/Huck. Se conseguir agregar Dória/Neto/Caiado nesse bolo, melhor ainda. Até lá, tem muitas discussões a caminho e o eleitorado, quando chegar em 2022, tem que ter uma alternativa viável que não seja a volta da roubalheira; nem Bolsonaro.