Terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didè recebe solidariedade e apoio na Assembleia Legislativa da Bahia
Ascom HC , Salvador |
14/06/2020 às 11:42
Terreiro fica no município de Cachoeira
Foto: IPAC
Membro da Comissão Especial da Promoção da Igualdade e da de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), o deputado Hilton Coelho (PSOL) apresentou sua solidariedade à comunidade do Terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didè, na cidade de Cachoeira, vítima constante de atentados contra sua livre organização e manifestação religiosa.
“Em 10 de junho houve uma invasão do local. Quebraram locais sagrados, derrubaram cercas, ameaçaram a comunidade e contando com a impunidade se identificaram como funcionários da empresa de papel e celulose de Santo Amaro. Tudo precisa ser imediatamente investigado e os responsáveis punidos. Até quando ações criminosas desse tipo serão efetuadas e na prática toleradas pelas autoridades? Quando há omissão existe conivência com o crime”, afirma o legislador.
O Terreiro Icimimó (casa forte que só faz o bem), de Xangô Aganjú Didé, mantido pela Sociedade Seguidores de São Gerônimo, instituição sem fins lucrativos, está localizado em Terra Vermelha, zona rural do município de Cachoeira, no Recôncavo da Bahia.
É reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado da Bahia. Hilton Coelho destaca que “o Grupo Penha, que possui uma contenda antiga com o Terreiro, foi identificado por membros da comunidade na ação. O Terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didè teve vários elementos ritualísticos do Sagrado destruídos. O terreiro é desde 2014 registrado como patrimônio cultural pelo IPAC (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia) e mesmo assim a empresa não respeita o espaço sagrado”.
Há um vídeo sendo divulgado nas redes sociais em que Pai Duda de Candola expõe vários detalhes das agressões sofridas. Na quarta-feira, 10, houve um novo ataque. “Algo frequente sem que os culpados sejam punidos. Em 2018 denúncias foram feitas. No final de 2019 parte do bambuzal foi queimado em uma tentativa de intimidação. E agora a nova invasão. Há um evidente processo de intimidação com forte teor de racismo ambiental e religioso. Da maneira que a coisa está se encaminhando, tememos pela integridade de Pai Duda e demais membros da comunidade. Seguranças da empresa adentram o espaço da roça, do terreiro, com armas”, afirma o parlamentar.
Hilton Coelho conclui lembrando que “o Terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didè possui prova da propriedade do imóvel que ocupa, e que é frequente a grilagem de terras na região do município de Cachoeira, sendo que de forma recorrente empresas privadas utilizam-se deste artifício para invadir áreas de matriz africana pertencentes aos terreiros de candomblé. Externamos nossa indignação contra esta grave violação de direitos e prestamos nossa solidariedade ao Terreiro que há mais de 100 anos atua na preservação do patrimônio religioso de origem afro-brasileira”.