Com duas medalhas históricas para a ginástica brasileira – uma de prata e outra de ouro – a conquista da atleta Rebeca Andrade nas Olímpiadas de Tóquio tem inspirado ainda mais, no imaginário dos colegas de esporte, o sonho de representar o Brasil na mais importante competição esportiva do mundo. É o caso de duas atletas que têm aulas no Subúrbio 360, em Fazenda Coutos: Maria Fabiane Pereira e Mirela Santana, que foram convidadas para participar de uma seletiva para uma competição nacional em Sergipe, nos dias 27 e 28 de agosto.
Aos 16 anos e praticante de ginástica rítmica desde 2016, Maria Fabiane acumula prêmios como o 1º lugar por dois anos seguidos no CampeOnline Bahia de Ginástica. Ex-estudante da Escola Municipal Francisco Leite, em Águas Claras, ela confessou que não conhecia o esporte, mas via as meninas treinando e se interessou.
“Comecei a treinar e gostei, logo depois fui convidada para uma seletiva, mas não me classifiquei. Mas pela capacidade que a técnica viu em mim, ela observou que eu poderia alcançar outras coisas naquele que era meu primeiro ano competindo”, diz a jovem.
Maria Fabiane fala com alegria do esporte, e se diz grata por terem acreditado e incentivado a permanecer. “Eu me senti feliz porque o GR me deu a oportunidade de aprender coisas novas, fazer novos amigos. Os treinos são produtivos, divertidos e a gente continua aprendendo e desenvolvendo bem, mesmo não sendo presencial. Para mim, nós somos uma família, todo mundo respeita todo mundo, apoia nos sonhos e ajuda no que for necessário”.
A jovem está acompanhando as Olimpíadas de Tóquio e considera Rebeca uma excelente atleta. “A história dela é como a de muitas de nós. Ela me inspirou bastante pelo fato de ser quem é e de nunca ter desistido dos sonhos, embora ela tenha tido muita dificuldade, assim como eu e várias outras atletas também. Rebeca me motiva a prosseguir e não desistir. Lutarei pelos meus sonhos assim como ela”, conclui a ginasta.
Quem também considera Rebeca uma inspiração é a jovem Mirela Santana. Aos 18 anos, ela treina desde os quatro – quando era estudante da Escola Municipal Senhor do Bonfim, em Plataforma – e também acumula diversos prêmios na carreira. “Eu via as meninas treinando e fiquei encantada, aí pedi para minha mãe me matricular e até hoje continuo, é a minha vida”.
A jovem conta que as atividades são bem puxadas para que elas evoluam cada vez mais, e que as professoras sempre fazem de tudo para que ela participe das seletivas e campeonatos. Assim como Maria Fabiane, ela diz que a relação com os treinadores é a melhor possível. Mirela, que é a mais velha da equipe, fala que o grupo é muito unido. “Estamos juntas para tudo, é minha segunda família”.
Rotina na pandemia – Petruska Araújo, coordenadora de Equipamentos da Diretoria de Esporte e Lazer, da Secretaria Municipal de Promoção Social de Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre), lembra que, mesmo durante o distanciamento social provocado pela Covid-19, os treinos não cessaram. “A gente retomou as atividades presenciais, porém elas seguem no treinamento de casa através do GR Salvador Online, que criamos na pandemia”, disse.
Para Petruska, essa foi uma forma também de motivar não só os atletas de alta performance, mas todos os alunos. “Nós nos mobilizamos e organizamos tudo para que eles pudessem assistir ao treinamento e às séries de forma virtual, até porque o esporte mudou muito a vida desses atletas, e para melhor”.
Há dez anos no projeto, a treinadora Neidejane Rios acompanha as meninas três vezes na semana, no treino que dura de duas a três horas. Ela conta que, mesmo com a pandemia, ela procurou manter a rotina através de treinamento on-line, fazendo as adaptações necessárias, já que é um esporte que precisa de flexibilidade e, sem treino, essa parte fica prejudicada.
“O esporte para essas meninas de baixa renda e que têm dificuldade financeira é uma oportunidade de vida. Ao invés de fazer outras coisas, elas praticam o esporte e também têm a oportunidade de conhecer novos lugares, fazer novas parcerias e mostrar o próprio talento”, diz a treinadora. Neidejane afirma ainda que as meninas são talentos natos que estão em constante evolução, e que a atividade trabalha também o psicológico e a autoestima delas.
Vaquinha – Para participar da seletiva, Maria Fabiane e Mirela estão fazendo uma vaquinha virtual, para ajudar a custear as despesas. Quem puder ajudar com qualquer quantia pode fazer o depósito no Bradesco, agência 3673, conta corrente 10551-1, em nome da técnica Tatiana Brandão.