Veja comentário de ZédeJesusBarrêto
ZédeJesusBarrêto , Salvador |
30/07/2021 às 08:31
A heroina do jogo goleira do Canadá Stephaine Labbé
Foto: REP
Em jogo de mais de 120 minutos, com acréscimos e prorrogação, a despeito de toda intensidade empenho das equipes em campo, o gol não saiu – atuação destacada da goleira canadense Labbé - e a decisão só saiu na cobrança de tiros livres da marca do pênalti. Então, Labbé pegou duas cobranças e garantiu a classificação do Canadá para a semifinal.
O choro das brasileiras, que foram guerreiras e jogaram muita bola, desclassificadas. O choro das canadenses, que seguem em busca da medalha, gratificadas por uma atuação brilhante de sua goleira. Emoções intensas, imensas. Isso é o futebol.
Parabéns, mulheres ! Todo o carinho e aplausos, merecidos.
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Estádio de Miyagi
Gente espalhada nas arquibancadas. O Canadá, de vermelho, tem uma equipe taluda, veloz, acostumada a decisões. O Brasil da capitã Marta de camiseta amarela.
- A primeira boa chance brasileira foi construída aos 14 minutos, em boa trama pela esquerda; Marta rolou para Tamires que chutou de frente, por cima, assustando a boa goleira Labbé. As canadenses chegaram com perigo aos 20’, em jogada de fundo pela direita dá ágil Laurence; Bárbara ficou com a bola. Aos 24’, chute de Fleming da entrada da área passou rente ao rodapé do poste direito de Bárbara.
Ritmo intenso, disputa acirrada, sem presepadas (cai-cai, simulações). Equilíbrio. Melhor dotadas fisicamente, as canadenses aos poucos foram ocupando mais o campo adversário. As brasileiras, trabalhando no chão, perigavam em contragolpes.
- As brasileiras reclamaram de um pênalti em Duda, em jogada de fundo, velocidade, pela direita. O VAR foi acionado, a árbitra checou e nada marcou. Aos 39’, após uma roubada de bola perto da área inimiga, Debinha ficou de cara mas parou na goleira Labbé, precisa e rápida no abafa.
Os minutos finais da primeira etapa foram de pressão da equipe canarinha. Bom de ver. Empate justo.
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Nenhuma das treinadoras mexeu na equipe no intervalo, e a partida recomeçou com a mesma intensidade. Aos 5’, a criticada goleira Bárbara mostrou agilidade e elasticidade cortando cruzamento, na marca do pênalti.
- Nalguns lances, nossa rainha Marta se mostra já distante de seus bons tempos, sem condições físicas, já não acompanha o ritmo, tem ainda lampejos e visão de campo.
- Por volta dos 10’, Andressinha tenta de longe, Labbé cata pelo alto, segura. Aos 13’, em bola alçada, Giller testa forte da linha da pequena área e acerta o travessão de Bárbara. Aberto, ofensivo. Debinha bateu firme e colocado, no canto, aos 25’, Labbé foi buscar no chão, espalmando. Aos 40’ Érica salvou, travando chute na linha da pequena área de Rose.
Aos 45’, Ludmilla chegou com velocidade na área inimiga mas parou na defesa arrojada de Labbé, saindo bem e dividindo no chão. Na sequência, Bárbara abafou do outro lado. Emoção até o apito final, mas o gol não saiu e a decisão foi para os 30 minutos de prorrogação. Jogão!
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Numa prorrogação não se pode errar, atenção total, e vence quem estiver mais inteiro fisicamente e mais centrado mentalmente. Assim... hajam pernas e nervos.
Ludmilla, lançada em velocidade por Tamires, ganhou da zagueira já dentro da área mas novamente parou na arrojada e corajosa Labbé, atirando-se nos pés da atacante, salvando. As canadenses já pareciam querer a disputa de pênaltis. 0 x 0 nos primeiros 15 minutos e exaustão geral.
Sangue novo: a robusta Leon no Canadá; Andressa no lugar de Duda, no Brasil. Ao tudo ou nada. Aos 114 minutos, Debinha bateu consciente da entrada da área buscando o canto, rasteiro, mas a bola passou beliscando o poste de Labbé. Aos 116’, pressão brasileira na área inimiga. Aos 118’, defesa milagrosa de Labbé, mergulhando no canto, tirando a boa cabeçada de Érica, após cobrança de escanteio. Aos 120’, novamente ela, no alto, absoluta. Nada de gols
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Então, pênaltis. Sorte, precisão, eficiência, o cansaço batendo e o emocional prevalecendo.
A incrível Labbé defendeu duas cobranças (de Andressa e Rafaella) e deu a classificação ao Canadá. Bárbara pegou uma.
Lágrimas brasileiras, as meninas mereciam mais. Futebol é isso.
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A baiana Rafaella joga muito. Tamires e Debinha estão voando; Andressinha e Duda incansáveis. A goleira Bárbara mostrou suas qualidades - boas saídas e passa bem com os pés -, merece respeito.
E que goleiraça essa canadense Labbé ! Fechou, garantiu atrás. Segurança, impressionante.
Sem dúvida a grande estrela em campo, responsável pela classificação canadense.
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A treinadora brasileira Pia Sundhage escalou: Bárbara, Bruna, Érica, Rafaelle e Tamires; Formiga (Angelina), Duda (Andressa), Andressinha e Marta; Bia (Ludmilla) e Debinha.
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Com sete medalhas conquistadas até agora, os grandes momentos do Brasil nesses Jogos Olímpicos de Tóquio foram:
- O ouro do potiguar Ítalo, no surf; a prata da menina maranhense Rayssa, no skate, e a prata da paulista Rebeca na ginástica. Brilhantes.
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- Na manhã deste sábado acontecem os quatro jogos das quartas-de-final do futebol masculino. Às 5h, Espanha x Costa do Marfim; Japão x Nova Zelândia (6h); às 7h o Brasil enfrenta o Egito, e México x Coreia do Sul à 8h.
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Que neste sábado o time masculino tenha mais sorte contra o Egito, pois.