Em encontro com o time olímpico russo, prestes a decolar (desfalcada) para o Rio-2016, o presidente Vladimir Putin ressaltou que os Jogos Olimpícos deste ano serão “menos espetaculares” e que as vitórias dos esportistas terão “menos brilho” com a ausência de rivais russos desclassificados pelas federações do esporte depois da revelação de um esquema de doping patrocinado pelo Estado russo. A exclusão desvalorizaria os triunfos ao reduzir a intensidade da competição, na visão do chefe de Estado.
No começo da semana, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu não banir toda a delegação russa — mas ordenou que atletas com antecedentes de uso de substâncias proibidas fossem cortados da edição. Até agora, dos 387 russos classificados para os Jogos, 107 foram impedidos de competir no Rio-2016.
“Eu acho que nossos colegas de outros países que detém o poder do esporte entendem que a qualidade das medalhas será diferente, porque uma coisa é derrotar um igual, oponente forte, e outra coisa é competir com adversários obviamente mais fracos. Essa vitória tem um gosto diferente, talvez até um gosto ruim”, disse Putin, no Kremlin, antes de uma missa solene com o patriarca ortodoxo.
Para o presidente, a resposta institucional ao escândalo ultrapassou “os limites da legalidade e do bom senso” ao “implicar critérios diferentes” para determinar a suspensão dos esportistas do país. (Uma regra do COI que previa a proibição de todos os atletas pegos no doping na Olimpíada subsequente foi considerada inválida pela Corte Arbitral do Esporte.)
Putin promete apelar às instâncias legais em busca de justiça contra o que chamou de “discriminação aberta”. Segundo o chefe de Estado, a Rússia não tolerar a exclusão de competidores com histórico limpo. Entre os atletas presentes na reunião estava Yelena Isinbayeva, bicampeã olímpica de salto com vara, que cogita recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos por considerar a suspensão — avalizada pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF) — “imprópria para ela e para toda a equipe”.
O presidente russo ressalvou que a Rússia vai responsabilizar quem for culpado pelo abuso “independentemente da posição do ranking ou do posto que ocupa”. A intenção, diz, é lutar mais fortemente pelo esporte livre do doping.
“Nós pretendemos não apenas analisar todos os passíveis de irregularidade, mas também estabelecer um sistema efetivo de prevenção de doping nos esportes”, acrescentou.