No plano original do comitê, todo o Parque Olímpico deveria ser entregue para a sua administração no dia 4 de junho,
Ag Globo , RJ |
24/05/2016 às 10:02
O velódromo não vai ficar como planejado. É com essa certeza que trabalha o Comitê Olímpico Internacional, que não conta mais com o acabamento prometido nem com a conclusão da fachada da arena do ciclismo. A preocupação é tanta que o Comitê Organizador Rio-2016 já pediu que os esforços da prefeitura e das empresas responsáveis sejam concentrados nas áreas de competição: vestiários, pista e arquibancadas. As duas últimas estão prontas. O prazo para receber a arena pronta era 4 de junho, e o prefeito Eduardo Paes já o prorrogou.
Fontes ligadas ao Comitê Rio-2016 confirmaram que existe uma grande preocupação com o acabamento das fachadas — processo em regra mais demorado de uma obra, por depender também de fatores externos. como chuvas. Ouvidos pelo GLOBO, engenheiros que trabalham na obra afirmam que apenas o essencial para a realização das competições de ciclismo estará pronto.
Oficialmente, o Rio-2016 diz que confia no velódromo 100%. Mas, em conversas reservadas, executivos do comitê disseram ao secretário de Obras da prefeitura, Alexandre Pinto, que não contavam com a conclusão total e pediram agilidade nas partes fundamentais. O ciclismo de pista começa no dia 11 de agosto, no Parque Olímpico.
Na sexta-feira, o prefeito Eduardo Paes confirmou que existe a preocupação do COI quanto à parte de competição e o pedido para que a estética fosse deixada de lado. Mas garantiu que o velódromo será entregue 100% pronto no final do junho:
— Chance zero de entregar obra inacabada. O que aconteceu foi que eles estavam preocupados com a pista e falaram não estar ligando para a estética. Mas não tem isso. Vamos entregar o velódromo pronto como prometido. Sempre dissemos que os testes com os atletas seriam no começo de julho. Acho que mais uns 30 dias ali de obra e o velódromo já vai estar praticamente pronto. Haverá detalhezinhos para acertar, comissionamento (processo que assegura que todas as partes da construção como canos, sistemas de iluminação funcionem como o projetado) e ajustes ainda para fazer até os Jogos.
No plano original do comitê, todo o Parque Olímpico deveria ser entregue para a sua administração no dia 4 de junho, já acionando esquemas de forte segurança e movimentando maior circulação de pessoas. Isso dificultaria a circulação de caminhões pesados e a entrada de pessoas estranhas à organização olímpica, como operários temporários.
Em sua primeira visita às instalações da Barra como ministro do Esporte, Leonardo Picciani demonstrou estar afinado com o prefeito. Ele esteve no velódromo e afirmou que a arena estará pronta:
— A maioria das obras do Parque Olímpico está pronta. O velódromo é a obra mais distante, está em 88%, e será entregue em junho. A pista está instalada, mas faltam alguns ajustes de instalação.
O ministro foi acompanhado pelo secretário-executivo de Coordenação de Governo da prefeitura, Pedro Paulo, que deu mais detalhes sobre o andamento da construção:
— A imagem de fora é pior do que a de dentro. Lá na pista está tudo pronto. O que precisa ser concluído é a parte externa: paisagismo, pavimento e instalação de placas metálicas pré-moldadas que envolvem a fachada. E, depois o overlay (estruturas provisórias) que cobre tudo. Está sob controle.
A obra do velódromo está custando R$ 147 milhões e já recebeu dois aditivos. A arena que deveria ter ficado pronta em dezembro de 2015 é a mais atrasada dos Jogos e não terá evento-teste. Atletas poderão, apenas, andar pela pista de forma informal no começo de julho. Desde de janeiro do ano passado, a prefeitura notifica a Tecnosolo por atrasos no cronograma. Porém, só em abril deste ano a empresa admitiu não ser capaz de concluir a obra e subcontratou a Engetecnica para fazer os 20% restantes.