Técnico Mancini enxergou melhor o jogo do que Doriva
ZédeJesusBarrêto , Salvador |
13/03/2016 às 19:19
O técnico Mancini venceu o jogo no segundo tempo
Foto: ECV
Já virou freguesia, mais uma festa rubro-negra na Fonte Nova. O Vitória fez um segundo tempo superior e venceu o clássico por 2 x 0, quebrando a invencibilidade do Bahia em competições oficiais neste ano.
Mais uma vez prevaleceu em campo a ‘manha’ do treinador Mancini, que leu bem o jogo, trabalhou com sabedoria nos vestiários e mudou o andamento da partida na segunda etapa. E foram também decisivas as atuações de três atletas rubro-negros que já atuaram no tricolor: o jovem goleiro Caíque, alto, braços longos, fechou o gol; o meia Tiago Real, autor de belo gol por cobertura, o segundo; e o atacante Vander, que abriu o placar em jogada sua, manjada e eficiente, logo na saída da segunda etapa.
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Clima do clássico
Tarde de domingo ensolarado, dia 13, data de manifestações políticas nas grandes cidades do país inteiro e um público de 26 mil pessoas nas arquibancadas da Fonte Nova, mando de campo tricolor. Mas a alegria foi rubro-negra.
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Antes de a bola rolar em campo, a resenha, as novidades:
No vitória, o alto Caíque, jovem goleiro estreante, Ze Wélison improvisado na lateral direita, a volta de Amaral e Willian Farias na meiúca e Marinho na frente. O Bahia entrou com Zé Roberto centralizado no ataque, substituindo Hernane e tendo mais uma chance de se firmar; além da volta de João Paulo na lateral esquerda.
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O raio x do jogo
Rivalidade histórica, o clássico começou nervoso, pegado, intimidações de lado a lado, muito corpo a corpo e pouco futebol. Mas, aos poucos, a partida foi ficando boa de se apreciar, com as duas equipes buscando o ataque. O tricolor tentando mais trocar bola, tramar pelo meio campo, enquanto o rubro-negro espichava mais a bola pelas laterais, buscando as jogadas em velocidade. Muita correria num primeiro tempo equilibrado, com chances lá e cá.
Logo no começo, a 1’50, numa saída de bola errada, Zé Roberto roubou e rolou pra Luizinho que bateu de fora, longe. Aos 9’ Amaral experimentou Lomba, de longe. Aos 22’, uma boa arrancada de Paulo Roberto, que levou a zaga mas bateu pra fora. Dois minutos depois Marinho pedalou pela esquerda mas pegou mal, pelo alto. Aos 26’, Juninho bateu forte de fora e o estreante Caíque espalmou bem. Por volta dos 29’, o rubro-negro pressionou e assustou com um chute raspando o poste direito de lomba.
Aos 31’, após bom cruzamento de Edigar Jr, Caíque salvou a cabeçada a queima-roupa de Luizinho. Marinho respondeu cobrando falta na cabeça de Roger, livre, mas a testada foi pra fora. Aos 36’, após dois escanteios seguidos o tricolor ameaçou mas a finalização cobriu o travessão.
Um jogo equilibrado e intenso, bem disputado, e um empate justo na primeira etapa.
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Mas o rubro-negro voltou eletrizado dos vestiários, com os extremas trocados e buscando a linha de fundo, sempre, e marcando duro e forte no meio campo, matando as jogadas quando perdia o lance ofensivo. Surpreendeu a equipe de Doriva.
A segunda etapa mal começou e Vander recebeu livre pela esquerda nas costas do lateral Hayner que não teve a cobertura de Gustavo. O atacante ajeitou o corpo e meteu no canto, na sua melhor jogada. Lomba, pra variar, não chegou nela: 1 x 0. Logo depois, Marinho fez belíssima jogada de fundo pela direita, rolou e Roger perdeu gol feito. Aos 6’, após cobrança de falta, Zé Roberto testou no canto e Caíque fez ótima defesa.
O Vitória postou-se então para o contragolpe, como gosta. Aos 9’, numa puxada de Diego Renan, a defesa tricolor exposta, Roger finalizou mal. Aos 11’, bola alçada no escanteio, a defesa espiando e Vinícius errou a cabeçada, sem goleiro.
Viu-se um Bahia errando muito, nervoso, marcando mal e o Vitória jogando no erro do adversário. Aliás, o mesmo filme já visto pelo torcedor em clássicos anteriores, o rubro-negro sempre levando a melhor, na manha. São seis jogos, dois anos sem perder do Bahia.
Aos 14’, após uma saída atrapalhada do zagueiro Gustavo, Juninho perdeu no corpo e a bola sobrou na frente da área para Tiago Real; Lomba adiantado, golaço, pelo alto: 2 x 0. Na sequência, o pesadão Gustavo pediu e foi substituído por Robson.
O Bahia foi pra cima, mas abriu-se na defesa e pouco conseguiu na frente. Com um grupo mais vivido e mais malandro, o rubro-negro administrou, catimbou, ditou o ritmo.
Luizinho bateu forte, de fora, aos 20’, raspando a trave. Aos 30’, Caíque faz outra boa defesa. Foi só. O Bahia cercou, tentou, mas não chegou, não reagiu. Fez falta, de verdade, o artilheiro Hernane, e a defesa precisa de reparos, urgente.
Um placar justo pelo bom, superior segundo tempo do Vitória, uma equipe mais madura, mais jogada, mais afeita ao clássico, que brigou mais pela bola, ganhou mais as divididas.
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Destaques para o goleirão Caíque, da boa escola de arqueiros rubro-negros; Amaral e Willian Farias com boa pegada; Tiago Real, Vander e Marinho pela segunda etapa diferenciada.
No Bahia, lampejos de Luizinho e Juninho; o resto da equipe pouco inspirada. Verde.
Boa arbitragem de Gleidson Oliveira
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Resultados
Os outros jogos que fecharam a última rodada classificatória do Baianão, no domingo:
Vitória da Conquista 4 X 1 Colo Colo ; Jacuipense 0 X 2 Juazeirense; Jacobina 1 X 0 Flamengo, em Guanambi; Feirense 1 X 4 Galícia; e Fluminense 2 X 2 Bahia de Feira, num estádio de Pituaçu vazio.
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Confrontos
Adversários nas quartas de final, com jogos eliminatórios:
Bahia x Bahia de Feira; Vitória x Flamengo de Guanambi ; Jacobina x Juazeirense; Galícia e Fluminense de Feira da Santana.
A roda será no próximo fim de semana.
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Novidades
O Vitória deve anunciar durante a semana a contratação do atacante Kieza, mais um ex-tricolor. Também o veterano avante Dagoberto e, quem sabe, o zagueiro Vitor Ramos, que já está treinando com o grupo.
O Bahia pode anunciar o veloz e jovem avante Henrique, emprestado pelo Atlético Mineiro. O torcedor anseia pela estreia do zagueiro Lucas Fonseca, já que Gustavo comprovadamente não tem condições de ser titular. Quem sabe mais um atacante de área que possa substituir à altura o machucado artilheiro Hernane.
Na quarta, encerram-se as inscrições para o baianão, dia 16.
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Citando o craque Tostão:
“Uma das funções dos treinadores e dos sistemas táticos é reprimir os desejos individualistas e valorizar mais o coletivo. Por outro lado, o sentimento mais presente na busca do craque pelo sucesso é a ambição de ser o melhor”