Com informações do Portal Terra
Da Redação , Salvador |
29/01/2019 às 11:22
Prisões em SP e MG
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Três funcionários da Vale diretamente responsáveis pela barragem de mineração em Brumadinho (MG) que se rompeu na semana passada e dois engenheiros terceirizados que atestaram a estabilidade da unidade foram presos nesta terça-feira (29), em operação para apurar responsabilidade criminal pela tragédia, que deixou dezenas de mortos e centenas de desaparecidos, disseram autoridades.
As prisões incluem o gerente de Meio Ambiente, Saúde e Segurança e o gerente-executivo operacional do complexo minerário Paraopeba da Vale, de acordo com decisão da juíza Perla Saliba Brito, de Brumadinho. O terceiro funcionário da mineradora teria atestado a segurança da barragem junto com os engenheiros terceirizados, segundo o documento visto pela "Reuters".
O rompimento da Barragem, ocorrido na sexta-feira, deixou ao menos 65 mortos e 279 desaparecidos, segundo balanço das autoridades divulgado na noite de segunda-feira. O desastre lançou uma avalanche de lama destrutiva de rejeitos de mineração sobre comunidades próximas e também sobre a área administrativa da própria Vale e a cidade.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou que as prisões foram decretadas por 30 dias. Segundo o MPMG, há existência de indícios de autoria ou participação dos presos em crimes de falsidade ideológica, crimes ambientais e homicídio.
Após as prisões, a Vale afirmou que "permanecerá contribuindo com as investigações".
A decisão
Em sua decisão, a juíza disse que documentados apresentados pelo Ministério Público apontam que os dois engenheiros e um funcionário da Vale assinaram recentes declarações de estabilidade das barragens, informando que as estruturas se adequavam às normas de segurança, "o que a tragédia demonstrou não corresponder o teor desses documentos com a verdade, não sendo crível que barragens de tal monta, geridas por uma das maiores mineradoras mundiais, se rompam repentinamente, sem dar qualquer indício de vulnerabilidade".
"Aliás, convém salientar que especialistas afirmam que há sensores capazes de captar com antecedência, sinais do rompimento, através da umidade do solo, medindo de diferentes profundidades o conteúdo volumétrico de água no terreno e permitindo aos técnicos avaliar a pressão extra provocada pelo peso líquido, o que nos faz concluir que havia meios de se evitar a tragédia", afirmou.
A operação desta terça-feira, que envolve o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o Ministério Público de São Paulo (MPSP), o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF), cumpre no total 5 mandatos de prisão temporária e 7 de busca e apreensão, incluindo em uma unidade da Vale em Nova Lima (MG). O escritório em São Paulo da empresa alemã TUV SUD, especializada em inspeções de barragens, também foi alvo de busca e apreensão, segundo o jornal O Globo.
Os dois engenheiros terceirizados foram presos em São Paulo, enquanto os funcionários da Vale foram detidos em Minas Gerais.
"Os órgãos de investigação têm trabalhado de forma concatenada para apuração dos graves crimes relacionados com o rompimento da barragem, sendo que as investigações se encontram em andamento", disse o MPMG em comunicado.
Todos os presos serão ouvidos pelo Ministério Público em Belo Horizonte, acrescentou.
Na segunda-feira, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse que executivos da Vale podem ser penalizados pelo rompimento da barragem, e que a mineradora precisa ser responsabilizada severamente.