O comércio varejista baiano registrou redução de 9,3% nas vendas no mês de outubro, comparado a igual mês do ano anterior. Apesar de ser a décima variação negativa registrada pela série em 2015, essa queda do setor foi menos intensa se comparado aos dois meses imediatamente anteriores. Na análise sazonal, a taxa foi nula, indicando uma estabilidade no quadro de desaquecimento, apesar do setor continuar sofrendo os efeitos da retração da atividade econômica. Na mesma base de comparação, o varejo nacional registrou queda de 5,6% frente a outubro de 2014. Esses dados foram apurados pela Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em âmbito nacional, e analisados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria do Planejamento.
Em outubro, a queda das vendas na Bahia continua refletindo à frágil confiança dos empresários e dos consumidores, dado o momento de retração econômica. O enfraquecimento da atividade econômica, com reflexo no mercado de trabalho, leva ao comprometimento da renda familiar. Diante da desaceleração do crescimento real da massa de salários, aceleração da inflação, escassez de crédito, elevação da taxa de juros e aumento da incerteza a demanda se retrai, pois os agentes econômicos estão cada vez mais temerosos em realizar gastos, comprometendo, assim, as vendas do setor. Em razão desse quadro, nem mês a comemoração do Dia das Crianças em que as vendas costumam ser aquecidas foi capaz de mudar a trajetória de queda registrada pelo setor. Na falta de uma sinalização positiva de mudança no cenário econômico, as pessoas estão mais cautelosas em comprometerem a sua renda. Segundo os dados da Serasa, o Indicador do Serasa Experian de Atividade do Comércio registrou queda nas vendas do comércio de todo o país na semana de comemoração ao dia das crianças, sendo o pior resultado desde o início da pesquisa em 2006.
Por atividade, os dados do comércio varejista do estado da Bahia, quando comparados a outubro de 2014, revelam que seis dos oito segmentos que compõem o Indicador do Volume de Vendas registraram comportamento negativo. Listados pelo grau de magnitude das taxas em ordem decrescente, têm-se: Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-32,6%); Combustíveis e lubrificantes (-17,6%); Tecidos, vestuário e calçados(-15,8%); Móveis e eletrodomésticos (-14,0%); Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-6,4%); e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-3,1%). Por outro lado, registraram comportamento positivo os segmentos Livros, jornais, revistas e papelaria (23,5%); e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,9%). No que diz respeito aos subgrupos, verifica-se que o de móveis e eletrodomésticosapresentou variações negativas de 16,9% e 12,6%, respectivamente, e Hipermercados e supermercados queda de 1,3%.
Quanto aos segmentos que mais influenciaram o comportamento negativo das vendas na Bahia, têm-se: Combustíveis e lubrificante; Móveis e eletrodomésticos; Tecidos, vestuário e calçados; e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo.
Em outubro, o segmento de Combustíveis e lubrificantes exerceu, na Bahia, o maior peso para a queda verificada nas vendas. Esse comportamento pode ser atribuído a alguns fatores como a elevação dos preços dos combustíveis (17,7%) no acumulado dos últimos 12 meses acima da inflação média (9,9%), e ao menor ritmo da atividade econômica. Apesar de o segmento comercializar um produto em que o consumidor é pouco sensível a variação dos preços, esse comportamento revela que o consumidor está buscando utilizar o veículo de forma mais consciente. Ao evitar o uso excessivo desse bem, há consequentemente uma redução na intensidade dos abastecimentos.
O segmento de Móveis e eletrodomésticos foi o segundo maior impulsionador da queda registrada nesse mês para o setor. Esse comportamento reflete não somente a queda na renda disponível, a seletividade do crédito, mas também ao aumento das taxas de juros. Segundo informações do IBGE, a taxa de juros no crédito às pessoas físicas de 28,1% a.a em outubro de 2014 passaram para 38,7% a. a. no mesmo mês de 2015. Além da retirada dos incentivos através da redução do IPI para diversos itens do segmento, especialmente, a “linha branca” e móveis. Quando observado o comportamento do segmento nos meses anteriores, constata-se que desde dezembro de 2014, o volume de vendas para a atividade vem sendo negativo.
O terceiro a contribuir negativamente para o comportamento das vendas na Bahia foi Tecidos, vestuário e calçados com variação negativa de 15,8%. Esse resultado é reflexo da contração econômica vivenciada pelo país. A influência da redução da massa real dos rendimentos, levando as pessoas a reduzirem o seu ímpeto de consumo é a principal justificativa. A partir de então, elas passam a ponderar mais sobre suas reais necessidades de adquirir produtos comercializados pelo setor, como roupas, tecidos e calçados. O comportamento negativo da atividade se mantém pelo décimo primeiro mês consecutivo.
O segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo segmento de maior peso para o Indicador de Volume de Vendas do Comércio Varejista foi responsável pela quarta maior influência negativa na formação da taxa do varejo. Entretanto, percebe-se que nos últimos dois meses houve amenização do ritmo de queda. Esse comportamento é atribuído ao fato do segmento comercializam bens de primeira necessidade, indicando, assim que os cortes nos itens que compõem a cesta dos consumidores já atingiram o seu limite.
O comércio varejista ampliado, que inclui o varejo e mais as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção, registrou, em outubro, decréscimo mais intenso nas vendas (12,6%), em relação a igual mês do ano anterior. Nos últimos 12 meses, a retração no volume de negócios foi de 6,8%.
O segmento de Veículos, motos, partes e peças registrou variação negativa de 19,7%, em relação a igual mês do ano anterior. O desempenho da atividade, em relação ao mesmo mês do ano anterior, continua refletindo o crédito mais seletivo por parte das financeiras, o menor ritmo da atividade econômica, além do comprometimento da renda familiar, diante da desaceleração do crescimento real da massa de salários. Em relação ao segmento Material de Construção,também se observa intensificação no ritmo de queda nas vendas no mês de outubro (16,3%), quando comparado ao mesmo mês do ano de 2014, sendo reflexo das expectativas negativas sobre o quadro macroeconômico.