Os Estados Unidos declararam nesta segunda-feira que a Venezuela é uma ameaça à segurança nacional e ordenaram sanções contra sete funcionários, o pior incidente diplomático com o país rico em petróleo desde que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, assumiu em 2013.
O presidente norte-americano, Barack Obama, emitiu e assinou a ordem executiva, que autoridades do alto escalão disseram não visar o setor energético ou a economia da Venezuela como um todo.
A medida aumenta a tensão entre Washington e o país membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) no momento em que as relações dos EUA com Cuba, outro inimigo de longa data na América Latina, encaminham-se para a normalização.
Declarar que um país é uma ameaça à segurança nacional é o primeiro passo para se iniciar um regime de sanções. O mesmo processo foi aplicado a países como Irã e Síria, disseram autoridades norte-americanos.
A Casa Branca declarou que a ordem executiva foca pessoas cujas ações minaram processos ou instituições democráticos, cometeram atos de violência ou abuso dos direitos humanos, tiveram envolvimento na proibição ou penalização da liberdade de expressão ou são funcionários do governo envolvidos em corrupção pública.
"Autoridades venezuelanas de ontem e de hoje que violam os direitos humanos de cidadãos venezuelanos ou cometem atos de corrupção pública não serão bem-vindas aqui, e agora temos as ferramentas para bloquear seus bens e seu acesso ao sistema financeiro dos Estados Unidos”, disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, em comunicado.
"Estamos profundamente preocupados com os esforços do governo venezuelano para escalar a intimidação a seus opositores políticos. Os problemas da Venezuela não podem ser resolvidos criminalizando a discórdia", acrescentou.
A ministra das Relações Exteriores venezuelana, Delcy Rodríguez, disse a repórteres que Caracas irá reagir à manobra dos EUA em breve.
Os sete indivíduos nomeados na ordem executiva, que inclui autoridades de alto escalão da segurança interna e da inteligência, terão suas propriedades e bens nos EUA bloqueados ou congelados e não poderão entrar no país. Cidadãos norte-americanos tampouco terão permissão de fazer negócios com eles.
A Casa Branca ainda conclamou a Venezuela a libertar todos os presos políticos, entre eles "dezenas de estudantes", e alertou o país para que não culpe Washington pelos seus problemas.
Os funcionários dos EUA enfatizaram que as eleições legislativas deste ano na Venezuela devem ser realizadas sem intimidação aos rivais do governo.
Na semana passada, Washington declarou que iria responder pelos canais diplomáticos à exigência venezuelana de um corte no número de funcionários da embaixada dos EUA em Caracas depois de o governo solicitar um plano dentro de 15 dias para reduzir o efetivo de 100 para 17 pessoas.