Cerca de 200 pessoas realizam protesto contra o fim da opressão ao negro.
Em nota, shopping diz que interrompeu 'atividade para garantir segurança'.
G1/SP , SP |
18/01/2014 às 14:07
Shopping JK fechou as portas à manifestantes
Foto: G1
O Shopping JK Iguatemi, em São Paulo, fechou as portas na tarde deste sábado (18) para evitar a entrada de manifestantes que participavam do “Rolé Contra o Racismo no JK Iguatemi”. O shopping bloqueou as entradas de pedestres por volta das 14h, pouco antes da chegada dos 200 manifestantes. No sábado anterior, o mesmo shopping impediu um "rolezinho" com apoio de uma liminar.
O ato deste sábado, em repúdio ao que ocorreu na semana passada, foi convocado
pela União de Negros de Educação Popular para Negros e a Classe Trabalhadora (Uneafro) no Facebook. Desta vez, até as 15h, o centro de compras, voltado ao mercado de luxo e localizado no Itaim Bibi, em São Paulo, não exibiu nenhuma liminar sobre o veto ao ato.
Em nota, o shopping informou que, para "garantir a segurança de seus clientes, lojistas e colaboradores, e de acordo com procedimento padrão utilizado em situações semelhantes, o empreendimento interrompeu temporariamente suas atividades neste sábado".
A nota diz ainda que o shopping "respeita manifestações democráticas e pacíficas, mas o espaço físico e a operação de um shopping não são planejados para receber qualquer tipo de manifestação".
Elizeu Soares Lopes, advogado de movimentos negros, sugeriu fazer fila na frente do shopping, sem bandeiras, para entrar no estabelecimento de "maneira ordeira". Depois, os manifestantes decidiram enviar uma comissão ao 96º Distrito Policial para registrar boletim de ocorrência por "racismo, constrangimento ilegal e imputação de prática criminosa".
Primeiramente, os manifestantes se reuniram no Parque do Povo, próximo ao shopping, e, por volta das 13h40, os manifestantes saíram em caminhada em direção ao JK Iguatemi e fecharam a Avenida Henrique Chamma. Uma faixa estendida por manifestantes diz, em inglês, que o "No país da Copa do Mundo, shoppings racistas proíbem a entrada de pessoas pretas e pobres".
Segundo o militante da Uneafro, Lucas de Assis, de 19 anos , o objetivo do protesto é chamar a "atenção do mundo para o que está faltando no Brasil" e pelo fim da "opressão contra o pobre e o preto".
“O protesto não é contra a ninguém: é a favor dos pobres, a favor dos funkeiros, e a favor da liberdade”, disse Assis.
De acordo com João de Oliveira, diretor da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), a proibição dos jovens de periferia na porta dos shoppings é exemplo do "racismo institucionalizado no Brasil". No sábado anterior, o JK Iguatemi conseguiu liminar para evitar um "rolezinho".
"É o racismo do judiciário que não é novidade para nós. Isso é histórico". Para Oliveira, a realização dos "rolezinhos", principalmente na Zona Leste, já era prevista.
"Cortaram os bailes funks, proibiram os pancadões e empurraram a periferia para a barbárie. Na Zona Leste tem que opção de lazer? Tem só shopping, Parque do Carmo e o Sesc", completou.
Na página de convocação do evento no Facebook, onde 4.665 pessoas confirmaram presença, há um texto que fala sobre o racismo em São Paulo e sobre as liminares que impediram a entrada de jovens nos shoppings.
“Esse racismo se traveste cotidianamente a medida da necessidade do opressor. Nesse momento vivemos em São Paulo e em outros grandes centros mais uma das faces do racismo estrutural brasileiro: A reação dos Shoppings, da Polícia e agora da Justiça em relação a presença de “jovens funkeiros” nestes estabelecimentos”, diz o texto.