O resultado do mês de setembro da Pesquisa de Confiança do Empresariado Baiano revelou que os sindicatos e associações representantes da economia baiana estão apreensivos com os novos desfechos da crise econômica mundial. Após apresentar resultados estáveis nos últimos meses, o Indicador de Confiança do Empresariado Baiano (ICEB) recuou 44,7% em relação ao mês imediatamente anterior. O índice, calculado pela Superintendência de Estudos Econômicos da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento (Seplan), registrou 68,2 pontos, menor valor desde março de 2010, quando se iniciou a pesquisa. O indicador segue na zona de Otimismo Moderado.
Entre os setores pesquisados, a Agropecuária apresentou crescimento no seu indicador, enquanto os setores Indústria e Serviços e comércio registraram queda. Contudo, nenhum setor cresceu ou caiu o suficiente para deslocar-se das suas respectivas zonas de confiança. O setor Agropecuária cresceu 36,1 pontos percentuais (p.p.) e atingiu 175 pontos, ao passo que o setor Serviços e comércio caiu 88,3 p.p. e registrou 91,7 pontos, ambos mantiveram-se na zona de Otimismo Moderado. O setor Indústria caiu 8,1 p.p., somando -17,4 pontos, zona de Pessimismo Moderado.
"Os empresários do comércio e da indústria reduziram suas expectativas em conseqüência do aumento da inadimplência e redução do nível de crédito no mês de setembro, embora a tendência seja de elevação das vendas para o quarto trimestre", explica Alex Gama, economista da SEI. "A redução na taxa de juros e a expectativa de maior volume no comércio podem melhorar o indicador do ICEB nos próximos meses", diz o economista.
O questionário da Pesquisa de Confiança do Empresariado Baiano divide-se em duas partes: a primeira é referente às variáveis econômicas (PIB, câmbio, inflação e juros) e a segunda, ao desempenho das empresas (vendas, crédito, situação financeira, emprego, capacidade produtiva, abertura de unidades). No mês de setembro, as variáveis econômicas caíram 41 p.p e marcaram 141,3 pontos, enquanto as variáveis empresariais subiram 3,7 p.p. e atingiram 48,1 pontos.
Todos os setores indicaram redução das expectativas para as variáveis macroeconômicas, o que representa uma reação negativa dos empresários baianos às notícias sobre a crise econômica mundial. O setor Agropecuária caiu 41,7 p.p. e atingiu 125 pontos, o setor Indústria caiu 43,8 p.p. e atingiu 156,3 pontos, e o setor Serviços e comércio caiu 33 p.p. e atingiu 137,5 pontos. Apesar da queda, todos os setores continuam dentro da zona de Otimismo Moderado.
Para as variáveis de desempenho das empresas, o setor Agropecuária foi o destaque, crescendo 75 p.p. e marcando 200 pontos, zona de Otimismo Moderado. O setor Indústria, que historicamente apresenta resultados ruins, se manteve estável, crescendo apenas 9,7 p.p. e marcando -104,2 pontos, zona de Pessimismo Moderado. O setor Serviços e comércio, setor de maior peso na economia baiana, caiu 115,9 p.p. atingindo 68,8 pontos e se situando dentro da zona de Otimismo Moderado.
Principais resultados - Em relação às expectativas para a inflação para os próximos 12 meses, observa-se que mais de 60% dos entrevistados esperam que os preços se afastem da estabilidade. O indicador para essa variável, para o conjunto de setores, atingiu -43,5 pontos, zona de Pessimismo Moderado. Para a taxa de juros, a expectativa dos agentes segue a tendência dos últimos meses e se mantém moderadamente positiva. Foi constatado que 60% dos entrevistados acreditam que a taxa Selic varie de 2% a -2% nos próximos 12 meses. O indicador geral marca 43,5 pontos e revela Otimismo Moderado.
Quanto às expectativas em relação ao crescimento econômico, os resultados apresentados foram bem positivos. O PIB estadual atingiu 326,1 pontos e manteve-se na zona de Otimismo. A maioria dos respondentes (60%) acredita que o PIB baiano crescerá mais que 3% nos próximos 12 meses. Já o PIB nacional marcou 239,1 pontos, zona de Otimismo Moderado. Novamente a maior parte dos respondentes (56%) espera que o PIB brasileiro cresça mais que 3% nos próximos 12 meses.
No que concerne a variável vendas, a expectativa dos empresários para os próximos 12 meses se situa na zona de Otimismo Moderado. O indicador, para o conjunto dos setores, marcou 130,4 pontos. Constatou-se que 48% dos entrevistados esperam que as vendas não se alterem substancialmente. Ao observar os resultados para o emprego, para o conjunto de setores, a variável marca 108,7 pontos, zona de Otimismo Moderado.
Em relação à situação financeira das empresas, novamente os resultados foram positivos. O indicador geral marca 65,2 pontos, zona de Otimismo Moderado. Entretanto, ao observar os indicadores individualmente, o setor Indústria mostra-se dentro da zona de Pessimismo Moderado. Para as expectativas das exportações para os próximos 12 meses, nota-se que o indicador marcou -50 pontos, zona de Pessimismo Moderado. Esse resultado é coerente com o desaquecimento que a economia mundial está sofrendo nos últimos meses.