Negligenciada durante anos, a araruta quase chegou à extinção no Brasil, principalmente por causa da massificação do polvilho de mandioca, e das farinhas de trigo ou milho, na culinária dos lares e restaurantes e nos produtos industrializados. Porém, em 2008, o agricultor de Conceição do Almeida, Pedro Coni, impressionado com os benefícios da araruta, procurou a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e a Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical para que o apoiassem no cultivo e produção da planta.
Com o apoio e assistência técnica dos técnicos da EBDA, empresa vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), e entusiasmado com as potencialidades da araruta, Coni passou a estimular outros agricultores da região e a diversificar os produtos feitos com araruta. O agricultor familiar Raimundo da Cruz, atualmente o maior produtor de araruta na região, está gostando muito de cultivar a araruta. Comecei com 23 pés, hoje tenho mais de 30.000 pés, conta com orgulho Cruz.
Os agricultores confiaram no trabalho da EBDA e estão produzindo. Agora, é discutir a organização para a sua comercialização, destaca a técnica agrícola da EBDA em São Felipe, Jalmira Barbosa da Silva, que presta assistência técnica a aproximadamente 40 famílias produtoras de araruta da região.
A fécula, também conhecida como amido ou polvilho, é o principal produto gerado pelo processamento do rizoma da araruta - espécie de caule de cor clara, em forma de fuso, coberto por escamas e que varia de 10 a 30 centímetros. Parente do gengibre, da banana, e da cúrcuma, a variedade comum da araruta é a mais difundida e produz fécula de melhor qualidade.
A partir da fécula da araruta, que é de textura fina e delicada, podem ser produzidos bolos, mingaus, sequilhos, doces finos e muitos outros alimentos que dissolvem na boca. Leve e de fácil digestão, cada 10 gramas de fécula fornece 340 calorias e em sua composição é encontrada, por exemplo, a vitamina B1, proteínas, ferro, cálcio, fósforo.
Também parente da helicônia, cana-da-índia e outras plantas, a araruta pode ser usada como planta ornamental. O agricultor Pedro Coni, que atualmente é presidente da Associação dos Produtores Orgânicos do Recôncavo Baiano (Aporba), destaca a diversidade de produtos não-alimentícios que podem ser produzidos com a araruta. Pode-se fazer cosméticos, vasos para plantas, papéis, artesanato com a fibra, e muitas outras coisas, afirma Coni.
A planta