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Caminhão com madeira roubada de fazenda da Veracel, em Eunápolis
Foto: RADAR 64
EUNÁPOLIS - O Extremo-Sul da Bahia lidera a produção de celulose no país. Em uma área 20 vezes maior que a da capital do estado, Salvador, os gigantes Fíbria, Veracel e Suzano empregam 15 mil pessoas e produzem 22% da pasta de madeira nacional.
Até o fim da década passada, essas três indústrias sofreram duas dezenas de ataques do MST, que destruíram propriedades e devastaram as lavouras de eucalipto.
Há cerca de três anos o MST se concentrou em uma região mais próxima da capital, mas deixou no sul do estado um legado de saques contínuos, que agora ameaçam a economia e o ambiente.
A Polícia Militar da Bahia estima que três mil pessoas passaram a viver do abate sistemático de árvores. A madeira abastece quatro mil fornos ilegais usados para confecção de carvão e manuseados por crianças.
As tentativas das autoridades de impedir o crime não vêm surtindo resultado. Há 10 dias policiais conseguiram apreender 40 caminhões carregados de troncos roubados da Fíbria e da Suzano, mas ninguém foi preso.
‘Eles têm informantes ao longo da estrada e fogem antes de chegarmos', diz o major da Polícia Militar, Ivanildo da Silva, responsável pela segurança da região.
As perdas são milionárias. A Suzano teve prejuízos de R$ 130 milhões desde 2007 e a Fíbria de R$ 13 milhões só no ano passado.
A cadeia da bandidagem é complexa. Na base, estão os pobres dos municípios de Mucuri, Nova Viçosa e Alcobaça, que obtêm renda de R$ 600,00 para produzir carvão ilegal para atravessadores que abastecem siderúrgicas de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Confiantes na impunidade, carvoeiros, aliciadores de mão de obra e chefes da máfia do carvão agem à luz do dia e procuram justificar seus crimes com o surrado discurso do problema social. ‘Tem muito eucalipto aqui e eu não tenho outra coisa para fazer. Roubo mesmo', diz Robson dos Santos Lima.
Toda vez que a polícia baiana apreende carvão ilegal a quadrilha reage. Em seu mais recente ato de retaliação, os criminosos atearam fogo em um ônibus que transportava 25 funcionários da Fíbria.
Ameaças e incêndios são rotina. As queimadas já atingiram 19 mil hectares de floresta de eucalipto. Além de lançarem no ar uma quantidade de monóxido de carbono equivalente a quatro vezes de emissões da frota baiana de veículos, os criminosos impedem que as empresas explorem a madeira de maneira sustentável na fabricação de celulose. (RADAR 64)