Um lugar que é ponto da boemia baiana especialmente nos finais de semana
O Boteco do França é um velho conhecido da boemia baiana.
Quem passa pelo Rio Vermelho em direção a Amaralina apreciando as águas do mar que lambem o casario da Borges dos Reis - diz-se que foi nessas imediações que Diogo Alvares teria sobrevivido a um naufrágio, em 1509, e foi descoberto pelos tupinambás desacordado entre pedras, daí ser confundido como uma moréia e depois ser chamado de Caramuru ao disparar um tiro de arcabuz num bando de pássaros, um deles caindo nas proximidades do, hoje, Boteco do França - segue adiante sem dar-se conta do boteco.
O lugar é discreto, uma casinha com um beco que vai dar na João Gomes e onde ficam as mesas ao ar livre, por sinal, muito disputadas nas noites dos finais de semana, e dentro tem dois outros ambientes - um deles climatizado - cada qual com 10 a 12 meses.
Impossível não gostar do Boteco do França cujos sócios, dois ex-garçons que atuaram muitos anos juntos - Zé Raimundo e França - se apartaram, mas, são quase vizinhos, Zé seguindo à frente do Boteco e França, com a Confraria do França, próximo ao Colégio Medalha Milagrosa.
Digo que é impossível não gostar do França, o boteco, porque o garçom Zé Luis é uma simpatia de pessoa, com atendimento primoroso, educadissimo, e a comida de boa qualidade com uma variedade de pratos enorme para todos os gostos, uma decente carta de vinhos e as bebidinhas básicas que todo baiano gosta - a cerveja, a caipirinha e o uisque.
Vem de longas datas a tradição da casa de por nomes de artistas e personalidades baianas nos seus pratos, daí que você pode pedir de entrada um petisco chamado Aninha Franco, produtora de teatro, escritora, agitadora cultural do Pelourinho; ou um Luiz Miranda Especial com variedades de produtos bem no estilo Miranda e seu 7 Conto.
Mas essas não são as únicas pedidas. Há uma variedade em quibes, camarões, batatas, petiscos. Diria, porque já provei alguns deles, que são de ótima qualidade e fartos.
Uma das caracteristicas do Boteco do França é exatamente a generosidade dos pratos servidos aos clientes. Poucos reclamam e se assim o fazem é porque ficam distraidos com o mar.
Houve uma época, na maré de março, que as águas do mar banhavam a avenida Borges dos Reis e derrubavam rebocos da Igreja de Santana. Mas, com essa mudança de clima que estão acontecendo no mundo, agora não está mais assim. Nem assusta.
Diria que se Caramuru por aqui chegasse agora, tomaria um susto com a calmaria e olhe que no Rio Vermelho o mar é aberto e na época da Aldeia dos Franceses poucos se arriscaram a pescar por aí.
- Então, brother Zé Luis, o que vamos saborear de principal nesta quinta de Santa Rita? - perguntei.
- Algo leve e adorável como o nosso arrroz de carneiro ou se preferires o arroz de pato - respondeu.
Fiquei a pensar e acompanhando numa telinha do salão refrigerado os acontecimentos últimos desse Brèzil que parece não ter jeito. Se tivesse ações da Vale já estaria comendo ferro.
Decidi pedir o arroz de pato ao nobre Zé Luis, pois, diante da ausência de la señora Bião, mi companheira, que estava a cuidar dos negócios da familia eu não teria apetite suficiente para um camarão a Sérgio Tanus ou mesmo um bacalhau a alho e óleo Jaques Wagner.
Decidi que o melhor seria mesmo o o arroz de pato Jesus Gomes Filho.
Que delicia. Só não foi melhor porque estando em dieta etílica o fiz acompanhar de um suco de laranja. Que crime!
O Boteco do França tem tradição e é um ótimo lugar almoçar, de preferência nas quintas, e para papear e petiscar - e azarar tambbién - nos finais de semana.
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Boteco do França
Rua Borges dos Reis 24 A
Rio Vermelho, Salvador
Fone 55 71 3334-2734 983504600
jfialmeida@hotmail.com
Estacionamento no largo
Não tem manobrista
Arroz de pato R$43,00
Suco de laranja R$4.80
Cobra 10%
Três ambientes
Não abre segundas-feiras
Classificação 3 DONS