Direito

GEDDEL SEGUE NA PAPUDA: Entenda porque o ex-ministro foi preso

Com iinformações do MPF Operação Cui Bono - a parte da prisão
Da Redação , Salvador | 06/07/2017 às 16:17
Geddel, de cabeça raspada
Foto: Estadão
   O ex-ministro Geddel Vieira Lima continua preso na Penitenciária da Papupa por determinação do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília. Nesta quinta, Geddel participou de uma audiência de custódia perante o magistrado. Ele negou qualquer tentativa de obstrução de justiça, principal motivo que o levou a ser detido. A defesa tentou trocar a prisão preventiva por medidas cautelares alternativas, como a proibição de sair de casa.

   Para tentar o benefício, Gamil Föppel, advogado de Geddel, citou o exemplo de Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial do presidente Michel Temer, preso por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), e depois solto, mas com a obrigação de seguir algumas restrições, como usar tornozeleira eletrônica. O Ministério Público Federal (MPF) foi contra, ressalvando que, em momento posterior, o quadro pode mudar e o pedido poderá ser apreciado novamente. 


​​ POR QU GEDDEL FOI PRESO? 

Ex-ministro estaria tentando obstruir investigação que apura irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal

Em cumprimento a uma ordem judicial que atendeu a pedido da Polícia Federal e da força-tarefa Greenfield – que também é responsável pelas operações Sépsis e Cui Bono - , foi preso, nesta segunda-feira (3), o ex-ministro Geddel Vieira Lima. A prisão é de caráter preventivo e tem como fundamento elementos reunidos a partir de informações fornecidas em depoimentos recentes do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva - sendo os dois últimos em acordo de colaboração premiada. No pedido enviado à Justiça, os autores afirmaram que o político tem agido para atrapalhar as investigações. O objetivo de Geddel seria evitar que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o próprio Lúcio Funaro firmem acordo de colaboração com o Ministério Público Federal (MPF). Para isso, tem atuado no sentido de assegurar que ambos recebam vantagens indevidas, além de “monitorar” o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo.

Na petição apresentada à Justiça, foram citadas mensagens enviadas recentemente (entre os meses de maio e junho) por Geddel à esposa de Lúcio Funaro. Para provar tanto a existência desses contatos quanto a afirmação de que a iniciativa partiu do político, Funaro entregou à polícia cópias de diversas telas do aplicativo. Nas mensagens, o ex-ministro, identificado pelo codinome “carainho”, sonda a mulher do doleiro sobre a disposição dele em se tornar um colaborador do MPF. Para os investigadores, os novos elementos deixam claro que Geddel continua agindo para obstruir a apuração dos crimes e ainda reforçam o perfil de alguém que reitera na prática criminosa. Por isso eles pediram a prisão “como medida cautelar de proteção da ordem pública e da ordem econômica contra novos crimes em série que possam ser executados pelo investigado”.

Detidos - Com a prisão de Geddel, passam a ser cinco os presos preventivos no âmbito das investigações da Operação Sépsis Cui Bono. Já estão detidos os ex-presidentes da Câmara, Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, o doleiro Lúcio Funaro e André Luiz de Souza, todos apontados como integrantes da organização criminosa que agiu dentro da Caixa Econômica Federal (CEF). No caso de Cunha, Alves e Funaro, já existe uma ação penal em andamento. Os três são réus no processo que apurou o pagamento de propina em decorrência da liberação de recursos do FI-FGTS para a construção do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. Além deles, respondem à ação Alexandre Margoto e Fábio Cleto. 


Investigações - Geddel Vieira Lima é um dos investigados na Operação Cui Bono. Deflagrada em 13 de janeiro, a frente investigativa tem o propósito de apurar irregularidades cometidas na Vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, durante o período em que foi comandada pelo político baiano. A investigação teve origem na análise de conversas registradas em um aparelho de telefone celular apreendido na casa do então deputado Eduardo Cunha.

O teor das mensagens indicam que Cunha e Geddel atuavam para garantir a liberação de recursos por vários setores da CEF a empresas, que, após o recebimento, pagavam vantagens indevidas aos dois e a outros integrantes do esquema, entre eles Fábio Cleto. Cleto, que ocupou por indicação de Eduardo Cunha a vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias, foi quem forneceu as primeiras informações aos investigadores. Em meados do ano passado, ele fechou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR).

Em conversas datadas de 2012, por exemplo, os envolvidos revelam detalhes de como agiram para viabilizar a liberação de recursos para sete empresas e um partido político. Entre os beneficiados do esquema ilícito aparecem companhias controladas pela holding J&F, cujos acionistas firmaram recentemente acordo com o MPF. O aprofundamento dos indícios descobertos com a análise do conteúdo armazenado no aparelho telefônico apreendido permitiu aos investigadores constatarem intensa e efetiva participação de Geddel Vieira Lima no esquema criminoso. Além da prisão preventiva, a Justiça acatou os pedidos de quebra de sigilos fiscal, postal, bancário e telemático do ex-ministro.