Direito

POLICIA apura confusão entre PMs e advogadas num posto de gasolina

Advogada conta uma coisa e a PM outra (Com informações do Correio)
Da Redação , Salvador | 13/06/2017 às 11:36
Advogada Eduarda Mercês sendo detida
Foto: DIV
  Um vídeo mostra o momento que a advogada Eduarda Mercês Gomes é abordada pela Polícia Militar em um posto de gasolina na Barra, no domingo (11). Ela acabou sendo detida depois de uma confusão no local, por volta das 21h30, na Rua Miguel Burnier. Segundo a Polícia Militar, a advogada foi detida por ofender racialmente um funcionário do posto e agredir um PM.

O vídeo mostra a mulher sendo abordada pelos policiais de maneira agressiva. No chão, ela é algemada. Um dos policiais ainda afasta um homem que tenta se aproximar. As pessoas que presenciam a cena, muitas filmando, vaiam a ação da PM. "Tira o pé da barriga dela", pede uma mulher. "Brutalidade", grita outro. Quando ela vai sendo retirada, alguém pergunta se não tem nenhum advogado no local para auxiliar. Ela então grita: "Eu sou advogada, p... Ele vai se lascar". 
  A confusão começou quando um rapaz tentou usar o banheiro da loja de conveniência, mas um funcionário informou que ele não poderia fazer isso por não ter consumido nada no local. "Ela se prontificou a pagar qualquer coisa para que ele usasse o banheiro, porém um dos empregados disse que não ia deixar ele usar o banheiro, porque já estava tendo confusão naquele lugar e que já tinha chamado a polícia", relatou ao CORREIO o advogado Roberto João Starteri Filho, que acompanhou o caso.

Ainda segundo Starteri, com a chegada da polícia, Eduarda se apresentou como advogada para tentar mediar a situação. "Os policiais a jogaram no chão, subiram em cima do corpo dela, e também a algemaram", relatou. Eduarda foi levada para a Central de Flagrantes, onde o caso foi registrado.

Injúria racial
Em nota, a assessoria da Polícia Militar conta outra versão para a história. Segundo a corporação, os policiais foram acionados para atender uma ocorrência de ameaça a um funcionário do posto de gasolina, porque os clientes queriam usar um banheiro que estava interditado. "Os clientes tentaram agredir o funcionário fisicamente e proferiram palavras de cunho racista", diz a nota da PM.

Ainda segundo o comunicado, no local, "a guarnição flagrou dois clientes bem exaltados e a mulher deu um tapa em um dos policiais militares e proferiu palavras de baixo calão contra ele. Ela foi contida com o uso de algemas para preservar sua própria integridade e, em seguida, levada à Central de Flagrantes".

O advogado Roberto João Starteri Filho negou que Eduarda tenha agredido alguém. "Ela me disse que não agrediu nenhum policial, e no depoimento ela disse que não agrediu policial e que não proferiu palavra de baixo calão", afirmou.

A advogada passou por exames no Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues após sair da Central de Flagrantes, e nesta segunda-feira (12) foi novamente ao hospital fazer exames. "Depois, ela foi levada para a delegacia de flagrantes, foi no IML fazer o exame de corpo de delito. E hoje foi fazer exames particulares, porque ela me disse que não conseguiu nem dormir de dor", contou Starteri.

De acordo com a assessoria da Polícia Civil, a advogada foi indiciada por injúria racial ao funcionário do posto de gasolina e por desacato a um policial da 11ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Barra).