Cultura

MORRE AOS 66 ANOS COMPOSITOR ARLINDO CRUZ DEBILITADO POR AVC HÁ 8 ANOS

Nascido em 14 de setembro de 1958, em Madureira, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Arlindo Domingos da Cruz Filho cresceu embalado pelo batuque das rodas de samba.
Tasso Franco ,  Salvador | 08/08/2025 às 19:57
Arlindo Cruz
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O cantor e compositor Arlindo Cruz morreu nesta sexta-feira (8/8), aos 66 anos, no Rio de Janeiro. Coincidentemente, a TV Brasil preparava para este mesmo dia uma edição especial do programa "Sem Censura" em homenagem ao sambista.

Apresentado por Cissa Guimarães, o episódio contou com a presença de Arlindinho, filho do cantor e talento da nova geração do samba. Também estiveram presentes a produtora cultural Babi Cruz, esposa de Arlindo, o escritor Marcos Salles, que acaba de lançar "O Sambista Perfeito", biografia do artista e a jornalista Fabiane Pereira como debatedora.

Durante o programa, Arlindinho emocionou ao interpretar alguns dos maiores sucessos do pai. Entre os clássicos, "Meu Lugar", "A Pureza da Flor" e "O Show Tem que Continuar", músicas que marcaram a trajetória do sambista.

   Com a saúde debilitada desde 2017, quando sofreu um grave Acidente Vascular Cerebral (AVC), Arlindo Cruz morreu aos 66 anos. 

Em comunicado publicado nas redes sociais, a família informou a morte e agradeceu as mensagens de amor, apoio e carinho que receberam nos últimos anos, e em especial agora na hora da partida. "Arlindo parte deixando um legado imenso para a cultura brasileira e um exemplo de força, humildade e paixão pela arte. Que sua música continue ecoando e inspirando as próximas gerações, como sempre foi seu desejo", diz a nota. Arlindo deixa a esposa, Bárbara, e os filhos Arlindinho e Flora. 

(AG BRASIL) Nascido em 14 de setembro de 1958, em Madureira, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Arlindo Domingos da Cruz Filho cresceu embalado pelo batuque das rodas de samba. Aos 7 anos de idade, ganhou seu primeiro cavaquinho. Ainda muito jovem, começou a trabalhar como músico, ao lado de grandes artistas, como Candeia. Mais tarde foi para a Escola Preparatória de Cadetes do Ar, mas sem jamais abandonar a música. 

Em participação no programa Sem Censura, da TV Brasil, ele contou da herança musical que recebeu dentro de casa, por influência do seu pai Arlindão Cruz, que tocava cavaquinho, e a mãe Aracy, que tocava bateria e cantava.

Quando deixou a Aeronáutica, Arlindo Cruz passou a frequentar as rodas de samba do Cacique de Ramos, ao lado de Jorge Aragão, Beth Carvalho, Almir Guineto, Zeca Pagodinho e Sombrinha, que viria a ser seu grande parceiro. Ali, recebeu o convite para participar do grupo Fundo de Quintal. Foi nesse tempo que o samba ganhou nova forma, com uma sonoridade moderna, mas sem perder a essência dos quintais e terreiros. Suas composições logo passaram a figurar nas vozes de Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Alcione e tantos outros. Foram, então, 12 anos de trabalho, deixando o grupo em 1993, para se lançar em carreira solo.

Autor de mais de 700 músicas, Arlindo Cruz escrevia com o coração e a alma. Suas letras entoavam o amor, a fé e a luta, traduzindo o cotidiano de milhares de brasileiros. Entre os maiores sucessos estão O Show Tem que Continuar, Meu Lugar e Bagaço de Laranja.

Arlindo também era uma voz marcante no carnaval do Rio de Janeiro e figura querida nas quadras de escolas de samba, como o Império Serrano. Em 2023, a escola homenageou Arlindo, que participou do desfile em um carro alegórico. Parceiro de Arlindo, o compositor Sombrinha contou em entrevista ao Armazém Cultural, programa da Rádio MEC, sobre o samba-enredo que escreveu em homenagem ao amigo. 

“Arlindo foi um dos compositores e artistas mais talentosos e respeitados do Brasil. Em essência, o Sambista Perfeito. Arlindo nos deixa um legado de talento, poesia e generosidade, que ficará para sempre na nossa memória. Minha solidariedade à família, aos amigos e a todos que foram tocados por sua arte”, disse o presidente.

*com informações de Solimar Luz e Bárbara Pereira