Cultura

ROMANCE A PSICÓLOGA, TF, 7: O PIQUENIQUE E LUA DE MEL DE ROQUE E OHANA

Roque pediu para beijar minhas mangas rosas que estavam com os talinhos duros, as pontas dos seios olhando para o céu, mas não deixei com vergonha
Tasso Franco , Salvador | 13/05/2025 às 09:08
Ohana sentiu a vibração de Roque
Foto: Seramov
 CAP 7 - O PIQUENIQUE E A LUA DE MEL DE ROQUE E OHANA

    Tive a felicidade de me casar na virada do século XX para o XXI. Foi uma benção. Nasci no século que foi transformador - meu avô se gabava da descoberta da penicilina e só depois de grande entendi o que isso significava –, da bomba atômica e do computador; e estou vivendo na era da inteligência artificial e robótica, mas os benefícios que essas inovações trazem a gente se beneficia pouco.

    Eu já vinha namorando com o Roque desde mocinha e lembro que minha paixão e amor aumentaram quando participamos de um piquenique na Serra dos Cardeais com outros rapazes e moças do nosso povoado.

   Eu sempre ia com pai e mãe nesses passeios, mas desta feita, eu tinha 17 para 18 anos, estava bem formosa, cheia de fogo, participei apernas com os jovens de ambos os sexos nesse encontro para a Barra do Vento, que é o ponto mais bonito do local, trilhando somente com minhas amigas e amigos da escola, da igreja e do povoado e ficamos mais soltas, mais atrevidas se é que posso falar essa palavra para vocês. Os rapazes também mais salientes.

   E se já estava paquerando e namorando Roque, de leve, as escondidas de nossos pais, creio que os dele também não sabiam de nada, neste dia, na subida da serra ele ficou sempre ao meu lado, a gente andando pela encosta de mãos dadas, de vez em quando me puxava para perto dele e me dava uns abraços mais fortes e uns beijos no rosto e eu também devolvia o carinho de forma mais aconchegante.

  Quando chegou na Barra do Vento a gente colocou no chão uma toalha branca que eu levara numa cestinha, embaixo de um cajueiro, as outras meninas e rapazes também armaram suas mesas na relva e foi aquela alegria. Nesse momento ele elogiou meus seios, que eram roliços parecendo mangas rosas e eu fiquei com o rosto ardendo, vermelho, e ele sorriu envergonhado.

   Depois de colocarmos as coisas na toalha saboreamos pastéis e empadas com sucos e refrigerantes. Teve um momento em que Roque se aproximou mais de mim e me deu um beijo na boca. Eu nunca tinha beijado ninguém na boca, não sabia como se comportar e achei os lábios dele macios, aveludados. Ele enfiou a língua na minha boca e enroscamos nossas línguas uma na outra e senti um gosto tão bom, nem saberia dizer que sabor, de caju, de mel, sei lá nem quis falar nada com vergonha de dizer uma besteira.

   Gostei demais e pedi que fizesse mais vezes e outras meninas do nosso grupo também estavam fazendo isso com seus namorados e a gente achou engraçado e uns fizeram piadas com os outros. Foi muito bacana. Todo mundo era inexperiente nessa arte embora umas fossem mais ousadas do que outras.

   Roque pediu para beijar minhas mangas rosas que estavam com os talinhos duros, as pontas dos seios olhando para o céu, mas não deixei com vergonha de que alguém visse e dei uma negativa discreta com a cabeça permitindo que alisasse com as mãos passando os dedos pelas pontinhas, o que me deu um prazer imenso. Creio que fiquei com a parte íntima molhada.

  Também foi nesse dia que que senti a vibração do Roque porque nos deitamos de lado na toalha de mesa após o lanche e ele encostou em mim com mais força. Juro a vocês que não houve penetração, mas, senti bastante duro e até peguei por cima da bermuda e vi que era firme, volumosa, e ele passou a mão nas minhas coxas e subiu a uma das mãos mais um pouco e eu senti uma tremedeira no corpo.

  Foi ele que disse no meu ouvido tocando na minha intimidade: - Você está molhadinha, no ponto certo e isso me dá um imenso tesão.

   Eu me afastei um pouco e dei risada respondendo: - Ainda não é o momento certo para isso.

   Roque então falou que me amava com todo desejo da vida e que eu tinha nascido para ele e vice versa. Confesso a vocês com todo enlevo que me casei virgem. Foi uma decisão que tomei a mim mesma, de só permitir uma penetração no casamento, na noite de núpcias.

  Mãe falava isso para mim, de que havia se casado virgem e que eu não imitasse esses tempos modernos em que se fica, se deita, ainda muito jovem sem conhecer nada da vida e muitas meninas engravidam antes da hora, ainda na menor idade e só criam problemas para os pais. Que eu tivesse cuidado e eu tive.

   Dizia assim: - Tome juízo não abra a porteira antes da hora.

   Também era só o que ela falava comigo. A gente não conversava sobre sexo e creio que as mães das minhas amigas, também, salvo quando tivemos menstruação, quando aconteceram as mudanças no meu corpo de criança para moça, cabelos crescendo na intimidade e deixei de brincar de bonecas e passei a me interessar em namoros, em festinhas e outros desejos de mocinhas.

   Roque também era muito respeitoso. Não era desses rapazes afobados e que não se aguentam e querem logo penetrar. Namoramos uns três anos seguidos antes do casamento e praticamos algumas técnicas que a gente gozava. Não vou contar aqui porque todo mundo sabe como são essas artes.

   Ele me dizia que nada disso influenciava na vida dele, em tentar apressar o passo, ter logo uma família. Quando nos casamos Sêo Davi, o pai dele já havia falecido e ele tomava conta da marcenaria. Era, o que o povo daqui diz: - um rapaz trabalhador.

   E foi assim, já casados, Alicinha já grandinha com 4 anos de idade, que comecei a ajudar nos negócios, na parte contábil e financeira, uma vez que Roque cuida da produção e não tem tempo nem cabeça para lidar com números, com haveres e deveres e estamos junto até hoje nesse ritmo.

    Sei que vocês estão curiosos em saber como foi nosso casamento, nossa noite de núpcias. Diria que foi tudo maravilhoso. Wilson fotógrafo produziu um álbum belíssimo, eu sai linda nas fotos com um vestido branco longo que encobria todo meu corpo e só via as pontas do meu sapato alto, ostentava um véu de noiva comprido com duas garotinhas segurando nas pontas e carregava comigo um buquê redondo romântico estilo braçada com flores vermelhas e rosas.

   Minha maquiagem estava bem modesta, neutra, perfeita, para destacar meu rosto que era de pura emoção, minha alegria era transbordante; e Roque usava um terno azul marinho, camisa social branca e gravata amarela, lindo demais. Nossos pais e parentes estavam portando suas melhores roupas, sapatos sociais de couro, tudo como manda o figurino de acordo com nossos recursos financeiros.

   A capela de São João Baptista foi decorada com flores silvestres colhidas na serra, um amigo de Roque que toca órgão executou a música da Ave Maria e adentrei na casa de Deus transbordante de amor, de felicidade, sorrindo muito, me entregando de corpo e alma a Roque.

   Quando foi concretizados os enlaces religioso e civil houve uma recepção no salão da capela quando foram servidos pasteis, empadas, docinhos, cerveja e refrigerante. Nós recebemos os cumprimentos dos familiares e amigos e nos deslocamos para Caldas do Jorro para curtirmos nossa lua de mel que foi igualmente maravilhosa. 

   Peço desculpas de não contar o que se passou naquela noite, na intimidade, nós dois a sós, no quarto do hotel Arvoredo, uma sensação de leveza, de puro amor e sentíamos que, de fato, como disse o padre na sua oração, que nossos corpos se uniram num só, amor indissolúvel, como estamos até hoje, com nossa Alicinha agora completando 15 anos de existência e calçando seu primeiro salto alto.
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    Essa é a nossa vida. Temos uma longa história de amor e sofrimento por vivermos num povoado sem perspectivas, sem avanços, sem a geração de empregos e nosso povo cresce, se multiplica, muitos vão embora daqui deixando seus familiares e, francamente, por sermos uma comunidade tão ordeira, tão pacífica, nós nunca imaginávamos que uma tragédia do porte que se deu na escola Dom Miguel, um aluno menor de idade matando outros colegas de infância a tiros e um pai que é o dono da arma segue solto e impunimente.

  Isso mostra como vivemos desamparados, sem proteção do estado, como as próprias pessoas daqui dizem apenas “com a proteção de Deus” e esses crimes que já vimos na televisão sobretudo nos Estados Unidos, que é um povo armado, todo mundo lá tem um fuzil, uma pistola, uma metralhadora, mas, nós, aqui, fora os bandidos que traficam drogas na fronteira com Sergipe e de vez em quando um deles amanhece na estrada crivado de balas, nós os moradores do povoado, no máximo, alguns têm espingardas de matar codornas.

   Imaginar que a Serra dos Cardeais fosse parar na televisão como um local que aconteceu uma tragédia dessa natureza manchando nossa imagem é de deixar nossas cabeças rodando ainda mais eu e Roque que temos uma filha adolescente que estava na sala, que viu a correria, que viu as mortes, e estamos nos apegando na fé em Deus, na união das nossas famílias para que possamos seguir em frente.

   Aqui tem muitas pessoas velhas, pessoas idosas que não têm mais para onde ir, salvo para serem enterradas no cemitério paroquial. Para os jovens há essa alternativa de ir para São Paulo, o que a gente não quer de jeito nenhum para nossa filha. 

   Virar uma retirante, um “pau de arara”, penar na mão de pessoas gananciosas e maldosas e eu digo com toda sinceridade, até contrariando Roque, contrariando no sentido de que vou convencê-lo a aceitar a ideia que ela colocou na cabeça de ser psicóloga. Já pesquisamos que há um curso superior numa faculdade em Aracaju e vamos apertar os cintos, mantê-la numa pensão estudando por lá e tudo haverá de dar certo.

   Agora, o que temos de fazer é ampará-la emocionalmente, colocá-la para complementar o ensino fundamental na Terra do Sol porque o único colégio que tínhamos no povoado foi fechado com a tragédia. Os “sábios” do governo dizem que só volta a reabrir no próximo ano e isso é uma loucura porque no meu modesto entendimento, o que aconteceu, aconteceu, não vão devolver as vidas dos meninos mortos, as famílias deles não vão se mudar daqui porque não têm para onde ir.

   Não estão preparadas para enfrentar o mercado de trabalho tão complexo como nos dias de hoje, em que só se fala em computação, em robótica, e quem é pedreiro aqui vai continuar pedreiro, quem é marceneiro como Roque, a mesma coisa, como a senhora Rosa que já tem quase 50 anos de idade e ainda costura em máquina de pedal não vai enfrentar um mundo desses lá fora.

   Então, nós queremos o nosso colégio aberto, a Prefeitura diz que vai levar os meninos e meninas daqui de ônibus, todos os dias, para a Terra do Sol e depois das aulas volta com eles para nossas casas. E isso é outra coisa que nos deixa preocupados, eu e o Roque, e as outras famílias, também, porque são adolescentes de 14 a 17 anos, que ainda não têm juízo formado e teremos que encarar esse novo desafio.
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   E foi nessa circunstância que Alicinha concluiu a 8ª série do fundamental e se preparou para o Exame Nacional de Admissão a uma faculdade Psicologia, em Aracaju, e conseguiu, ser aprovada. Eu diria a vocês que estou muito orgulhosa desse feito, pois, são poucos meninos e meninas que conseguem isso em nosso povoado.

   Normalmente só concluem o segundo grau, quando conseguem, pois, muitos ficam só no primeiro, com a alfabetização e vão embora para São Paulo, quando rapazes. Ultimamente, quando o Polo Petroquímico de Camaçari ia bem e precisava instalar sua infraestrutura muitos rapazes foram ser piões por lá e nunca mais voltaram, foram morar nas glebas daquela cidade, as favelas de lá.

  Outros fizeram cursos técnicos e chegaram a se empregar nas indústrias químicas graças aos seus esforços pessoais.

  Então quando nossa filha se matriculou na Faculdade de Psicologia foi algo assim sobrenatural porque, como já citei anteriormente, o Roque e muita gente mais velha acha que de curso superior, desses cursos de doutores, os melhores são medicina e bacharel em direito porque dão dinheiro e eles falam isso com base no que veem por nossa região, daqui até Paulo Afonso, no Jeremoabo, em Nossa Senhora do Conselho, no Pombaleiro, os ricos são os médicos, os advogados e os políticos.

   E dizem também que ser engenheiro dá riqueza, mas deve ser lá em São Paulo, em Santa Catarina, no Paraná, nesses lugares mais adiantados.

  Aqui um engenheiro morreria de fome porque não tem obra grande nem pequena, salvo nossas casas e as lojas, o prédio maior é da capela de São João Baptista e dizem que a planta já veio riscada da Itália porque havia uma relação da paróquia do Sol Nascente com um lugar italiano chamado Bérgo ou Bérgamo e quando chegaram os papéis o mestre de obra mais conhecido nosso Sêo Ramiro astuciou, cubou, mediu a planta com a cabeças, os traços, as linhas, produziu os ‘pés de galinha’ em ferro e disse que ela faria a obra sem precisar trazer ninguém de fora e assim foi feito e nunca caiu.

  Melhor dizendo nunca trincou uma viga, nunca entrou água, nunca derrubou uma telha quando venta forte na serra e tá lá pra quem quiser ver o templo e ele recebeu elogios até do cardeal da Bahia, na época era o santo padre chamado Dom Avelar, um homem tão bondoso que se ainda não for santo com Santa Dulce dos Pobres está para ser.

   Todos os nossos eventos fazemos nessa magnifica capela, casamentos, batizados, festa de São João nosso padroeiro, semana santa, natal, e voltando ao que estava falando da nossa Alicinha ela ficou numa alegria enorme quando ingressou na faculdade e beijou o pai na despedida para ir cursar a escola em Aracaju que Roque foi as lágrimas.

    Roque se derramou em prantos, coisa que eu nunca tinha visto não que ele seja durão ou insensível, mas é da própria natureza dele ficar assim calado, matutando, como muitos daqui fazem e são, serenos, parecendo jegues amuados, e disse a ela que iria lhe apoiar em tudo, que trabalharia dia e noite para mantê-la em Aracaju e assim o faz, graças a Deus, com força, com denoto, com amor pela nossa filha.

Próximo capítulo: Roque apoia a filha em ser psicóloga e elogia a internet.