Cultura

AQUI O ÚNICO DOCUMENTO EXIGIDO É A BARRIGA! Por WALMIR ROSÁRIO

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.
Walmir Rosário , Itabuna | 19/12/2024 às 10:04
A Maternidade da Mãe Pobre
Foto: DIV
   Fernando Gomes Oliveira, prefeito de Itabuna por cinco mandatos e deputado federal por outros três, contados aí, o deputado constituinte, sempre foi considerado um dos maiores líderes políticos de Itabuna. Volta e meia elaborava algumas frases de efeito de fazer inveja a qualquer marqueteiro, embora tenha amargado ter dito outras, a exemplo de uma dita na pandemia.

   A mais famosa foi a “Morra quem morrer”, trecho de uma explicação sua sobre a abertura do comércio durante a pandemia, que somente foi aproveitada pela mídia e oposição esse pedacinho polêmico.
Outras frases de Fernando Gomes também ganharam o mundo e hoje se encontram esquecidas, principalmente as de efeitos positivo no marketing político.
 
  Muito do que Fernando Gomes falava era de difícil compreensão, já que havia um descompasso na sua maneira de pensar e de se expressar, cujo nome não sei explicar. Deixo isso para os prendados em ciências médicas. Fernando Gomes, que para muitos não era letrado, completou os estudos até o ensino médio (científico) e estudou Direito por uns três meses, por acreditar que melhor seria ganhar dinheiro e administrar seus bens e os públicos.

  Como prefeito conhecia todos os detalhes da administração municipal e era ele, e só ele, quem decidia o que fazer e o que pagar. Nas datas em que entravam os repasses estadual e federal (ICMS e FPM), se
reunia com o secretário de Finanças para elaborar a relação dos pagamentos a serem feitos. Conhecia tudo nos mínimos detalhes.

   Mesmo os oposicionistas que conheciam essa realidade, espalhavam que Fernando Gomes não era uma pessoa letrada, que não possuía habilidade com a matemática, principalmente a financeira. Ledo
Engano. Num debate sobre a administração pública deixava os debatedores sem ação, de bocas abertas, pelas respostas que dava, bem como pelas perguntas que faziam.

   Saúde e educação eram duas preocupações em seus governos e muito fez nessas áreas por Itabuna. E nos seus mandatos de deputado federal muito aprendeu como buscar os recursos para implantar seus projetos. Também se aliava a um determinado grupo político, como fez com se ferrenho adversário, ACM, para construir o Hospital de Base de Itabuna, batizado de Deputado Federal Luiz Eduardo Magalhães.

  Assim que encerrou seu primeiro mandato na prefeitura de Itabuna, era deputado eleito com uma avalanche de votos. Em Brasília aprendeu como buscar recursos, mesmo sem ocupar ou ter um liderado na prefeitura. Montou a Fundação Fernando Gomes, que mesmo sem apresentar um bem qualquer passou a arrecadar recursos.

   E entre as primeiras ações da Fundação Fernando Gomes foi a criação da “Maternidade da Mãe Pobre”, com a proposta de desburocratizar o atendimento, facilitando o internamento das grávidas. Assim que
assumiu o segundo mandato na Prefeitura de Itabuna anunciou seu projeto número um, destinado ao atendimento da população mais humilde.

  No dia da apresentação apresentou a Maternidade Ester Gomes (em homenagem a sua mãe), que prestaria atendimento médico-hospitalar gratuito à população de baixa renda e ainda doaria o enxoval dos recém-nascidos. E explicou que a maternidade seria uma referência nas áreas de ginecologia e obstetrícia da Bahia.

   E na apresentação, o prefeito Fernando Gomes passou a destacar o planejamento da Maternidade Ester Gomes, dotada de 56 leitos e deveria realizar mais de 300 internações mensais. E ressaltou que
após receber alta, a parturiente seria levada em casa por um serviço de ambulância próprio sem nenhum custo.

  E antes que apareçam um repórter ou cabo eleitoral atrasado na coletiva de imprensa e queira mostrar serviço fazendo perguntas repisadas, a exemplo de como fazer e os documentos que precisaria para internar uma parturiente, Fernando Gomes foi logo avisando: “Olha, na maternidade é bem diferente do INPS, sem qualquer burocracia”. E arrematou em alto e bom som. 

  – Já disse e repito. Na Maternidade da Mãe Pobre não terá papelório: Aqui o único documento é a barriga!
E essa foi a grande sacada do marketing da Maternidade Ester Gomes, que passou a receber, inclusive algumas parturientes oriundas da high society itabunense.