Cultura

TUPINAMBÁ CATARINA VOLTOU EM CORTEJO PARA PANTHEON DA LAPINHA

Os tupinambás puros como Catarina não era miscigenados com os europeus - caso de Catarina
Tasso Franco ,  Salvador | 04/07/2024 às 10:07
Catarina Paraguaçu era nativa da ilha de Itaparica e nunca foi cabocla
Foto: BJÁ
   As comemorações ao 2 de Julho festa civico-militar que celebra a independência da Bahia do jugo português de Madeira de Melo, a cada ano vem ganhando figuras representativas do heroismo pátrio, algumas que sequer lutaram - este ano apareceu um padre na linha de frente do cortejo e um casal de indígenas - e também comete, todos os anos, um erro histórico conceitual de associar a personalidade de Carauna Paraguaçu a uma cabocla; e pior ainda, o caboclo ser a representação de Diogo Álvares, o Caramuru, que era português.

   Catarina Paraguaçu era tupinambá e não cabocla. Um caboclo ou cabocla é a miscigenação de um europeu comumente atribuido a um português e um (a) tupinambá - e na armada de Thomé de Souza haviam, também, italianos, espanhóis e holandeses. 

   Catarina era tupinambá pura, nativa da ilha de Itaparica, descendente dos povos originais que ocuoparam o Brasil a partir do Estreito de Bering há 10.000. 

   Tupinambá não é cabocla (o) e sim tupinambá povo da língua tupi e que se uniu a Diogo Álvares, a partir de 1534 quando retornou da Saint Malo, na França, com quem teve filhas. 

   As filhas de Catarina - Genebra Álvares e Apolônia Álvares - estas sim eram caboclas e se uniram a portugueses. De Genebra - segundo estudos de Francisco Eduardo Dória - descedem a Casa da Torre, os ´
Avilas, os Pires de Albuquerque e os Aragões; e de Apolônia casada com João de Freits Mascarenhas, o buatacá, a Casa de Ponte. 

   A elite baiana é descendente desses dois ramos familiares e Catarina jamais poderia pensar nisso porque morreui em 23 de janeiro de 1587.

   Há uma relação afetuosa de Catarina com o 2 de julho e imagem da cabocla que não tem o menor sentido. Primeiro que ela não era cabocla, segundo que alguns caboclos lutaram em Pirajá, única batalha da Guerra da Independência, em novembro de 1822, integrando o Exército Patriótico de Labatut.

   A história de Catarina tem uma ligação muito forte com o navegador frances Jaques Cartier que negociava madeira com Diogo Álvares e a levou (não se sabe se a pedido de Diogo) para a França, na localidade de Saint Malo, onde ela viveu entre 1528 e 1534, retornando à Bahia sob influência católica e fundou a capela de Nossa Senhora da Graça.

   Catarina não teve sonho com visão de uma santa para fundar a capela da Graça - como diz a lenda da igreja católica. Como ela morou 6 anos na casa de Jaques Cartier e esta familia francesa era muito católica a batizou na basílica de São Vicente com o nome de Catherine du Brézil em homenagem ao nome da esposa de Cartier que se chamava Catherine des Granches, frequentou essa igreja quase todos os dias quando morou em Saint Malo e se transformou uma fiel, numa católica.

   Quando voltou a Bahia solicitou a Diogo Álvares que fundasse a capela. Diogo morreu antes de Catarina, no dia 5 de outubro de 1557, e seus restos mortais foram sepultados na basílica da Sé, a primacial, que foi derrubada em 1933. E Catarina está sepultada no mosteirinho beneditino da igreja da Graça. Tem essa denominação porque antes de falecer ela doou a sesmaria - Barra e Graça - a Ordem Beneditina. (TF)