Cultura

ABI APROVA PROTOCOLO ANTIFEMINICÍDIO PARA ORIENTAR OS JORNALISTAS


Em sessão híbrida, Diretoria Executiva aprova o guia por unanimidade e prepara lançamento para o mês do jornalista
Ascom ABI , Salvador | 14/03/2024 às 12:26
Sessão da ABI
Foto: DIV

Em meio a diversas ações para aprimorar a atividade profissional, a Diretoria Executiva da Associação Bahiana de Imprensa aprovou, nesta quarta-feira (13), um importante documento: o “Protocolo Antifeminicídio – Guia de boas práticas para a cobertura jornalística”. Na sessão realizada em formato híbrido, os dirigentes reforçaram a necessidade de aperfeiçoar o noticiário sobre o assassinato de mulheres cometido em razão do gênero – quando a vítima é morta por ser mulher.

O manual traz orientações para uma cobertura jornalística responsável e alerta sobre a importância de os profissionais de imprensa conhecerem as consequências legais das distintas formas de violências contra a mulher, além do claro entendimento do que é o crime de feminicídio. O Protocolo Antifeminicídio vai funcionar como um guia, se propondo a sugerir uma espécie de roteiro que possa ser adaptado à apuração e redação de notícias relativas a crimes contra a mulher.

Apenas em 2023, o Brasil registrou 1378 casos de feminicidio, o número mais alto desde a inclusão do crime no Código Penal brasileiro, em 2015. É o 5º país do mundo em morte violenta de mulheres. O Brasil mata 48 vezes mais mulheres que o Reino Unido, 24 vezes mais que a Dinamarca, 16 vezes mais que o Japão ou Escócia.

Para a Diretoria da ABI, em um cenário onde a informação é disseminada rapidamente, a responsabilidade do jornalista transcende a mera transmissão de notícias e abrange a compreensão profunda dos temas abordados. A iniciativa de construção desse protocolo veio do entendimento do papel que as mídias desempenham no registro dessas ocorrências, já que, muitas vezes, a forma que o assunto é noticiado influencia a opinião pública e causa discussões importantes na sociedade. 

Para Jaciara Santos, diretora de Comunicação da entidade, com a aprovação do protocolo, a ABI dá um passo importante na busca de um jornalismo mais responsável. “Majoritariamente, constituída por homens, a diretoria dá uma prova de maturidade e reforça o posicionamento de apoio à luta contra o feminicídio”, argumenta. “Não é uma questão de gênero. É uma bandeira a ser empunhada por toda a sociedade”, conclui a jornalista, uma das oito mulheres que integram a diretoria da instituição nonagenária.

Diretora de Defesa do Direito à Informação e Direitos Humanos, a jornalista Mara Santana vê com bons olhos a atitude tomada pela ABI. Em virtude do crescimento dos casos de feminicídio no Brasil e em especial, na Bahia, o protocolo representa o posicionamento e o compromisso da entidade. “O feminicídio é uma triste realidade que precisa ser enfrentada com seriedade e comprometimento. É imprescindível que os profissionais da comunicação compreendam sua complexidade e estejam aptos a abordá-lo de forma ética e responsável.”