Cultura

COLETIVO CARRINHO DE MÃO LEVA ESPETÁCULOS A ACUPE DE SANTO AMARO

Com foco em acessibilidade, circulação ocupa a Casa de Cultura do Nego Fugido de 2 a 5 de novembro com ingressos distribuídos gratuitamente
Paula Berbert , Salvador | 23/10/2023 às 14:47
Judite quer chorar, mas não consegue!
Foto: Divulgação

Depois de movimentar a cidade de Camaçari em outubro, o Coletivo Carrinho de Mão, formado por Cintia Santos, Edu O., Lucas Valentim e William Gomes, segue em circulação com o projeto “Na estrada com Carrinho de Mão: circulação, formação e acessibilidade”, realizado em parceria com a Giro Planejamento Cultural. Eles rumam agora a Acupe, histórico distrito de Santo Amaro, no Recôncavo da Bahia. Entre os dias 2 e 5 de novembro, a Casa de Cultura do Nego Fugido abrigará atividades gratuitas que afirmam a presença de indivíduos com e sem deficiências nos palcos, nas plateias e nas atividades de formação em artes. Serão três espetáculos do repertório artístico do grupo – “Audionudescrição”, “Odete, traga meus mortos” e “Judite quer chorar, mas não consegue!” – associados a duas oficinas, contando com tradução em Libras e audiodescrição.

 

Acupe, que significa terra quente, é uma comunidade quilombola banhada pela Baía de Todos os Santos. Surgida no período pós-abolicionista, tem origem nos povos indígenas e africanos. Entre as importantes manifestações culturais ali nascidas, está a do Nego Fugido, em que moradores do distrito encenam aparições aos domingos de julho para reviver a luta pelo fim da escravidão – e é este o nome que batiza o espaço cultural que será visitado pelo Carrinho de Mão.

 

Lá, a agenda começa com as oficinas. Cintia Santos e Edu O. se unem na “Oficina de produção acessível: princípios para uma abordagem anticapacitista na produção cultural”, que será no feriado do dia 2 (quinta-feira), das 14h às 18h. Já a “Oficina de criação em dança”, com Lucas Valentim e William Gomes, focada na investigação de composições a partir de princípios da audiodescrição, acontecerá em dois dias, 3 e 4 de novembro (sexta-feira e sábado), das 9h às 12h. Ambas são voltadas a qualquer pessoa – com e sem deficiência – a partir dos 16 anos. As inscrições serão feitas no local, 30 minutos antes do início das atividades.

 

De sexta-feira a domingo, uma diferente peça estará em cena a cada data: “Audionudescrição”, no dia 3, às 19h; “Odete, traga meus mortos”, no dia 4, também às 19h; e “Judite quer chorar, mas não consegue!”, no dia 5, às 17h. Os ingressos serão distribuídos no local.

 

O projeto “Na estrada com Carrinho de Mão: circulação, formação e acessibilidade” foi contemplado pelo Edital Setorial de Dança 2019 e tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural do Estado da Bahia e Secretaria de Cultura da Bahia. Depois de Camaçari e Acupe de Santo Amaro, o terceiro e último destino será Lauro de Freitas.

 

 

Na estrada com Carrinho de Mão:

circulação, formação e acessibilidade

Edição Acupe de Santo Amaro

 

Oficinas: com tradução em Libras

Onde: Casa de Cultura do Nego Fugido

Quanto: Ingressos distribuídos gratuitamente (inscrições no local, 30 minutos antes do início de cada atividade)

Público-alvo: Pessoas a partir dos 16 anos

 

= Oficina de produção acessível: princípios para uma abordagem anticapacitista na produção cultural

Experiência teórico-prática na construção de um pensamento anticapacitista na produção cultural, levando em conta uma breve abordagem histórica da deficiência, conceituação do capacitismo e noções básicas para implementação de medidas de acessibilidade nos projetos culturais com Libras e tecnologias assistivas, a exemplo da audiodescrição e legendagem.

Com: Cintia Santos e Edu O.

Quando: 2 de novembro (quinta-feira), 14h às 18h

Número de vagas: 10

 

= Oficina de criação em dança

Investigação de composições em dança a partir de princípios da audiodescrição (tecnologia de acessibilidade para pessoas com deficiência visual, cognitiva e cegas), tais como descrição de imagens e descrição tátil.

Com: Lucas Valentim e William Gomes

Quando: 3 e 4 de novembro (sexta-feira e sábado), 9h às 12h

Número de vagas: 20

 

Espetáculos: com tradução em Libras e audiodescrição

Onde: Casa de Cultura do Nego Fugido 

Quanto: Ingressos distribuídos gratuitamente (ingressos distribuídos no local, em cada dia de apresentação)

Classificação indicativa: Livre

 

= Audionudescrição

Concepção: William Gomes

Intérpretes-criadores: Cintia Santos, Edu O., Lucas Valentim e William Gomes

Sinopse: Uma sinopse se desenvolve aqui, palavra por palavra, tempo a tempo. Uma frase se passou, e outras tantas estão chegando. A gente vai se revelando e se traduzindo em corpos e encontros nesse pré-texto poético, tátil e audiodescritivo que dança e compõe inspirado nas tecnologias assistivas. Dançaremos com imaginações < > imagens < > descrições < > sinais < > sons < > palavras < > encontros.

Quando: 3 de novembro (sexta-feira), 19h

 

= Odete, traga meus mortos

Intérpretes-criadores: Edu O., Cintia Santos e Lucas Valentim

Sinopse: Espetáculo apresenta narrativas de memórias de infância, histórias contadas pelos mais velhos e a morte como um movimento de estar vivo. Ao chegarmos a algum lugar, chegamos com marcas do passado, de experiências vividas, antepassados, histórias de família, dos lugares passados. Nos pés ficam os calos e o pó da terra por onde caminhamos. No corpo, ficam registradas as imagens, os odores, os sons, as histórias que encontramos em cada esquina, em cada rua, casa, monumento, pessoa. Ao retornarmos (porque sempre se retorna), aquele lugar visitado, introduzido, apropriado, nos segue e acompanha em outras freguesias.

Quando: 4 de novembro (sábado), 19h

 

= Judite quer chorar, mas não consegue!

Criador-intérprete: Edu O.

Intérprete de Libras-performer: Cintia Santos

Sinopse: Tudo no mundo se transforma! Não seria diferente com espetáculo “Judite quer chorar, mas não consegue!”, que tem os recursos de acessibilidade como audiodescrição e Libras inseridos na própria cena. “Judite...” retorna aos palcos depois de um hiato de sete anos, agora, como uma contação de história dançada. Concebido a partir de elementos autobiográficos, narra a história de uma lagarta que, amedrontada diante das transformações naturais da vida, hesita (e evita) em seguir o percurso de tornar-se borboleta, até sonhar com as pipas e vislumbrar uma possibilidade de futuro colorido. “Judite...” singra as zonas de silêncio onde residem as emoções humanas, fazendo-nos refletir, enquanto indivíduos, sobre o impacto da inexorável solidão.

Quando: 5 de novembro (domingo), 17h

 

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