Cultura

A HISTÓRIA DOS BAIRROS DE SERRINHA, CAP 20: RODOVIÁRIA, APENAS 38 ANOS

Bairro relativamente novo e que cresce com o Shopping e Forum, além do Jardim Maravilha que implantei
Tasso Franco , Salvador | 05/04/2023 às 13:19
Prefeito Josevaldo Lima, governador João Durval, Sérgio Carneiro, 1985
Foto: Arquivo
     
    O bairro da Rodoviária, em Serrinha, é um dos mais recentes da cidade. Tem apenas 38 anos de existência contando-se a partir da inauguração da Estação Rodoviária, em 31 de agosto de 1985, nos governos João Durval Carneiro (estadual) e Josevaldo Lima (municipal), quando ainda não se constituía num bairro.

   É exatamente a partir desta data, quando também se deu a inauguração do asfalto da Estrada do Sisal (BA-490) entre Serrinha- Conceição do Coité com extensão até Monte Santo, que essa área Leste da cidade ganhou um novo impulso e nas suas margens vão surigr, não só o bairro da Rodoviária, mas também os bairros Parque Santana, Estádio, Urbis I, Urbis II e a expansão dos bairros Cruzeiro, Novo Horizonte e Recreio (Alto do Recreio).

    Importante destacar que o governo João Durval não criou a Estrada do Sisal e sim asfaltou-a. A estrada já existia desde a década de 1930 na trilha da antiga estrada das boaiadas. 

   Vê-se, ainda assim, a importância dessa BA que se inicia na rótula de um dos acessos a Serrinha da BR-116 Norte e corta áreas da cidade na linha Norte-Sul diferente da inicial estrada federal - a Transnordestina - que tinha seu eixo no sentido Leste-Oeste e passava por dentro da cidade cortando a praça Luis Nogueira, seguindo pela Rua Direita (Antonio Rodrigues Nogueira), Manoel Novaes e bairro da Rodagem; e da atual BR-116 Norte que também tem o sentido Leste-Oeste, passa por fora da cidade e abriu um novo vetor de crescimento.

   O antigo trajeto da Estrada do Sisal saia do centro de Serrinha, passava pela barragem da Bomba, estrada do Recreio e Alto do Recreio e daí seguia para Coité. A nova BA-409 asfaltava no governo Durval mudou esse trajeto saindo da BR-116 Norte (na altura do Posto Caçuá) e vai desbravar uma área até então de fazendas e sítios mudando o perfil de Serrinha nesta região.

   O Terminal Rodoviário de Serrinha representava uma super-estrutura para a época, com capacidade para um fluxo de 5.000 passageiros/dia o que não conseguiu até os dias atuais. Importante, no entanto destacar que, em torno da Rodoviaria sobretudo em dois eixões urbanos - as avenidas Alvaro Augusto da Silva e Lauro Mota - foram surgindo loteamentos e, consequentemente, a formação do bairro que se deu a partir dos anos 2000.

   Por posto, como exemplo dessa expansão urbana, implantou-se o Shopping Serrinha - na Lauro Mota - e a sede da UNEB - na Álvaro Augusto da Silva. Surgem, nesse contexto ruas transversais e complementares do bairro. Solicitei ao presidente da Câmara de Vereadores, Alex Menezes, há 90 anos, a relação dos vereadores e das leis que criaram os bairros de Serrinha, mas ainda não fomos atendidos. 

    O JARDIM MARAVILHA

    Tenho uma relação muito forte com este bairro. No final da década de 1980, depois que passei uma temporada em Londres (meados de 1987/abril 1988) retornei a Serrinha para o São João (1988) e meu sobrinho Marcel Queiroz perguntou se eu gostaria de comprar um sítio ao lado do pertencente ao seu pai - José Fernandes Queiroz (Tetéu) e que era de Benedito Moura da Silva (Benedito do Jegue), usado mais para embarque de jegues para o Frigorífico de Itaobim.

    Interesei-me pela oferta e fui conhecer o local uma baixada a beira da BR-116 Norte e no outro lado quase colado a Rodoviária. Era, praticamente, um charco com um tanque enorme no meio do terreno de 10 tarefas, uma casa velha e baias de cavalos. Fechei negócio com Benedito e minha mãe (Zilda) puxou minhas orelhas dizendo que estava doido por comprar um alagadiço.

    Por minha cabeça passaram vários projetos no local - um Hotel Fazenda, um Posto de Gasolina para abrigar caminhoneiros com pousada, uma granja, um centro tecnológico. A questão primordial é que não tinha capital para esses empreendimentos. Ainda procurei o Desenbahia, mas desisti diante da burocracia.
   Desses projetos preliminares ainda construí dois galpões de uma granja importando poedeiras de SP, mas o negócio não foi à frente. Resolvi, então, construir em 1990 a Serra de Aço, uma loja para venda de ferros com projeto da engenheira Maria Gildete Lima, inaugurada em 1991, quando coloquei Luizinho (que trabalhara com meu pai) para gerenciar.

    Depois, em 1996, inaugurei outro prédio onde coloquei o Sabor da Serra - supermercado - projetos que duraram quase 20 anos. Fui ficando velho e não deu para segurar a onda de ir e voltar para Salvador e ao mesmo tempo ter negócios em Serrinha e cuidar do jornalismo e literatura.

    Resolvi, então, fechar os comércios e criar loteamento Jardim Maravilha com projeto de Zezinho Topógrafo. Foi uma luta de, ao menos 10 anos, no saneamento da área, o desbravamento com os serviços do tratorista José Brito, a implantação dos meios rios e das ruas com o posteamento, trabalho que contratei Marcelo (ex-Coelba) e saneamento com uma ligação do esgoto que descia do Caçuá, cortava a BR-116 e chegava ao terreno.  

   Comprei manilhões em Joel e fui implantando aos poucos até a descida da Lauro Mota. Finalmente, aterrei o tanque e iniciei a venda dos lotes a preços bem baratos porque as pessoas diziam que era um charco. Hoje, passados 20 anos dessa aventura o Jardim Maravilha tem mais de 50 casas e está em expansão. Construí, inclusive, na praça, uma igreja que doei a uma instituição evangélica.

   Na década de 2010, gestão Osni Cardoso, a Prefeitura rasgou a Lauro Mota para instalar o Shopping Serrinha e lá se foram mais de 20 lotes nessa ação que perdi, áreas que já tinha vendido. Foi um drama e transferi esses lotes para um terreno remanescente que tinha no fundo da atual Loja Havana.

   A CHEGADA DO SHOPPING E DO FORUM

   O bairro ganhou impulso com pelo menos a implantação de 5 equipamentos importantes: a UNEB, a Cooprim, o Shopping Serrinha, o Fórum Luis Viana Filho e o Centro Comercial Maria do Carmo. Hoje, o bairro segue em expansão com novos loteamentos e avança, a Leste, até o Lojão Assaí.

   Após a Rodoviária na direção de Coité onde havia o terreiro de candomblé da família Carvalho (Manoel Perna Torta, Félix Oncinha e outros) instalou-se um corredor de lojas e oficinas.